domingo, 4 de dezembro de 2005

Gostei de ler...

"É tempo de percebermos que o discurso da «diferença» e do «multiculturalismo» não é mais do que um palavreado paternalista infinitamente demagógico que retira às pessoas esse direito fundamental, que é o da igualdade. É tempo de abandonarmos o discurso protector das «minorias étnicas» e entendermos que um cientista, um artista, um filósofo negro devem ser ouvidos sobre as suas áreas de interesse e especialização e não só sobre o facto de... serem negros. Há pelo menos uma geração inteira de portugueses negros que são tratados como estrangeiros. Se sobreviverem à marginalidade e quiserem ir para a universidade, não têm bolsas nem apoios de ninguém: para Portugal são estrangeiros, para os países dos seus pais são emigrantes sem retorno."

Inês Pedrosa, Expresso (Revista Única), 03-Dezembro-2005

6 comentários:

Maria Lagos disse...

Sem duvida! A Inês Pedrosa toca na ferida e bem! Será que acontece assim a todos os países colonizadores? Infelizmente acho que sim, mas é tempo de mudar e perceber que cor de pele não faz diferença - unidade na diversidade -, necessária e urgente, porque todos somos irmãos.

Marco Oliveira disse...

Numa análise mais ampla, podemos perceber que quem é pobre tem sempre mais dificuldades em chegar à Universidade e em concluir um curso.
Conheço algumas pessoas provenientes de famílias pobres que conseguiram concluir um curso universitário e encontrar um emprego razoável. Mas comparando as oportunidades que eles tiveram e que eu tive, percebo imediatamente que eles tiveram que superar mais e maiores obstáculos do que eu tive.
Entre essas pessoas que subiram na vida, conheço apenas três casos de filhos de emigrantes.
É para este caso que a Inês Pedrosa chama a atenção.

Anónimo disse...

É interessante a posição da senhora mas sabe demasiado a demagogia. Esta esquerda (tenho dificuldade em precisar melhor) que durante anos e anos defendeu como verdade absoluta o que agora começa a descartar fala como se não tivesse nada a ver com o tal paternalismo irresponsável que está institucionalizado. Gostava de acreditar que aprenderam com o erro mas, sinceramente, não consigo.

Anonymous #2

Marco Oliveira disse...

Obrigado Businesswoman! :-)

Anonymous #2
Ai, ai esses preconceitos políticos! :-)
Eu tenho dificuldade em ficar pé atrás com alguém só porque é de esquerda ou de direita. Espero não ser conotado com a esquerda ou direita só porque cito algum político.
É evidente que tenho presente que a Inês Pedrosa é porta-voz da candidatura presidencial do Manuel Alegre, e que este visitou recentemente algumas associações de emigrantes africanos. É possível que essa visita tenha inspirado a Inês Pedrosa. Mas a verdade, é que ela chamou a atenção para espécie de “racismo-soft” que se vive em Portugal e que de alguma forma eu já pude constatar em primeira mão.

Anónimo disse...

Marco

Bom, eu disse que tinha dificuldade em precisar melhor... É um discussão muito comprida essa da esquerda e da direita, como sabes. Referi-me à Inês Perdrosa como de esquerda porque é assim mesmo que ela se define.
O que me irrita nessas pessoas é a auto-indulgência com que encaram as convicções que defederam até há pouco tempo atrás, e aplicaram enquanto estiveram no poder, e que agora descartam como se não tivessem nada a ver com isso. Irrita-me seriamente. Porque é sinal que não aprenderam nada e estão prontos a cair noutro disparate. Claro que a análise da Inês Pedrosa está correcta. A única maneira de acabar com racismos, sexismos, e outras coisas que tais é a lei tratar todos da mesmíssima maneira, sejam pobres ou ricos, pretos ou brancos, inteligentes ou menos inteligentes. Passar da ideia à prática é que é mais difícil (veja-se a palavra "apoio" a espreitar...).
(Bom, isto parece apenas discussão política mas tem uma base religiosa por detrás...acho eu).

Anonymous #2

João Moutinho disse...

Eu estou quase de acordo com o Anónimo 2, mesmo tentando fugir a qualquer conotação política.
Todos nós somos bombardeados com imagens que conotam os gangs violentos como sendo constituídos maioritariamente por negros mas depois vemos os jornalistas veículadores dessa informação a quererem passar a imagem que andam à procura de pontes de entendimento.
É necessário fazer respeitar as leis do País e dar oportunidades iguais a todos, a começar na Escola.