Por Makeena Rivers.
Adoro o sol, a forma como muda de forma à medida que se move pelo céu, a forma como aquece o humor da minha comunidade e ilumina o mundo inteiro.
As referências ao sol estão presentes na nossa literatura, poesia, canções e histórias. A maioria de nós gosta do sol. Não só sustenta o nosso bem-estar físico, mas também é portador de um significado espiritual. Tal como acontece com muitas outras religiões, o sol representa um símbolo e uma metáfora importante nas Escrituras Bahá’ís.
Numa metáfora Bahá’í, o sol simboliza o Criador, e os profetas - como Krishna, Moisés, Jesus Cristo, Maomé, Zoroastro, Buda, o Báb e Bahá’u’lláh - actuam como espelhos, como reflectores puros e perfeitamente polidos dos raios solares. Este excerto descreve esta metáfora no contexto da revelação progressiva, um dos principais ensinamentos Fé Bahá’í:
O Sol da Divindade e da Realidade revelou-se em vários espelhos. Embora estes espelhos sejam muitos, o Sol é um só. As dádivas de Deus são uma só; a realidade da religião divina é uma só. Considerem como uma mesma e única luz se reflectiu nos diferentes espelhos ou manifestantes da mesma. Há algumas almas que são amantes do Sol; percebem o esplendor do Sol em cada espelho. Não estão acorrentadas ou apegadas aos espelhos; estão apegadas ao próprio Sol e adoram-no, não importa de que ponto ele brilhe. Mas aqueles que adoram o espelho e estão apegados a ele, ficam privados de testemunhar a luz do Sol quando esta brilha noutro espelho. (‘Abdu’l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 115)
O conceito de revelação progressiva afirma que Deus nunca deixará a humanidade sem orientação espiritual – e, com o passar do tempo e a humanidade a mudar com ele, precisamos de orientação actualizada. Podemos desenvolver níveis cada vez mais elevados de compreensão à medida que Deus nos revela novos ensinamentos.
Através de uma sequência de diferentes profetas - afirmam os ensinamentos Bahá’ís - Deus envia-nos a mensagem espiritual necessária para cada época da história humana. Cada um destes profetas e mensageiros provém da mesma fonte e não rivalizam entre si. É isto que os Bahá’ís querem dizer quando afirmam acreditar na unidade da religião. Ao estudar os textos sagrados de religiões diferentes, torna-se claro que os propósitos subjacentes destes diversos textos são coerentes e harmoniosos entre si. Bahá’u’lláh, o profeta e fundador da Fé Bahá’í, escreveu:
Os Profetas e Mensageiros de Deus foram enviados com o único propósito de guiar a humanidade para o Caminho íntegro da Verdade... A luz que estas almas irradiam é responsável pelo progresso do mundo e pelo desenvolvimento dos seus povos. (Gleanings, LXXXI)
Os Bahá’ís acreditam que o Espírito Santo guia estes mensageiros e profetas para que reflictam a luz de Deus para a humanidade. Através do Espírito Santo, podemos desenvolver potencialidades humanas únicas: podemos usar a ciência para descobrir e criar, e podemos desenvolver virtudes espirituais que se sobrepõem à nossa natureza animal:
O Espírito Santo é a Luz do Sol da Verdade, que traz, com o seu poder infinito, vida e iluminação a toda a humanidade, e inunda todas as almas com a Radiância Divina e transmitindo as bênçãos da Misericórdia de Deus ao mundo inteiro. A Terra, sem o calor e a luz dos raios solares, não poderia receber qualquer benefício do sol.
... É o Espírito Santo que, através da mediação dos Profetas de Deus, ensina virtudes espirituais ao homem e o capacita para alcançar a Vida Eterna.
Todas estas bênçãos são trazidas ao homem pelo Espírito Santo; assim sendo, podemos compreender que o Espírito Santo é o Intermediário entre o Criador e a criatura. A luz e o calor do sol fazem com que a terra seja fértil e crie vida em todas as coisas que crescem; e o Espírito Santo vivifica as almas dos homens. (‘Abdu’l-Bahá, Paris Talks, p.58-59)
Nesta citação, o sol representa simbolicamente a fonte divina do Espírito Santo. Se nos imaginarmos como espelhos capazes de reflectir a luz solar, torna-se claro que, embora nunca nos possamos tornar Deus, ou o próprio sol, podemos sempre esforçar-nos por reflectir melhor a sua luz.
Quando penso no sol como Deus, penso em como, mesmo no dia mais nublado, ou à noite, o sol está presente algures. Toda a vida depende do seu esplendor. Mesmo quando parece que o sol se foi, nunca nos abandona verdadeiramente. As Escrituras Bahá'ís dizem:
Tal como a luz do sol brilha sobre o mundo inteiro, também a Misericórdia do Deus infinito é derramada sobre todas as criaturas. Assim como o sol amadurece os frutos da terra e dá vida e calor a todos os seres vivos, o Sol da Verdade brilha sobre todas as almas, enchendo-as com o fogo do amor e da compreensão Divinos. (‘Abdu’l-Bahá, Paris Talks, p.25)
Penso nisto quando os tempos se tornam difíceis e a vida parece difícil de suportar. Por vezes, podemos sentir-nos sozinhos, como se vivêssemos num mundo caótico e sem Deus. Mas talvez nestes tempos mais sombrios o sol se tenha obscurecido. Talvez simplesmente não reconheçamos a sua luz por detrás de uma nuvem de tempestade formada pelas nossas próprias ansiedades, ou escondida atrás de uma barreira mental que nós próprios construímos. Se imaginarmos Deus como o sol, mesmo quando nos sentimos sós, só nos resta esperar pacientemente pelo amanhecer.
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Texto original: The Spiritual Symbolism of the Sun (www.bahaiteachings.org)
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Makeena Rivers é uma recém-graduada pela Columbia School of Social Work (Nova Iorque) onde se focou em assuntos de raça, reclusão, educação e classe. Anteriormente tinha estudado psicologia e sociologia na Emory University.
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