quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Reconhecer o Espírito da Época

Por Kathy Roman.

Estamos na época festiva; árvores de Natal cheias de belos enfeites, ruas iluminadas com luzes cintilantes e a cidade decorada com cores vibrantes.

Estou imbuída do espírito natalício, em que diferentes religiões celebram esta época especial do ano. Como Bahá’í, acredito que todas as religiões provêm da mesma fonte divina, pelo que não vejo necessidade de escolher apenas uma tradição para vivenciar.

Ser Bahá’í significa simplesmente amar o mundo inteiro; amar a humanidade e procurar servi-la; trabalhar pela paz universal e pela fraternidade universal. (‘Abdu’l-Bahá, citado por J.E. Esselmont em Baha’u’llah and the New Era, p. 83)

Como nasci numa família cristã, ainda me encanto com as maravilhosas tradições dos meus antepassados. O meu filho sai para cantar canções de Natal com os amigos do seu grupo de teatro. Eu toco músicas de Natal e vejo os típicos filmes de Natal. O meu marido corta a árvore de Natal perfeita da nossa propriedade e celebramos o nascimento do menino Jesus com os nossos familiares.

O meu tio, um Bahá’í de origem judaica, ainda mantém vivas as tradições familiares do Hanukkah no seu coração. Os amigos Bahá’ís afro-americanos continuam a celebrar o Kwanzaa e, no Ano Novo, os amigos Bahá’ís persas celebram tradições da sua herança cultural que remontam a centenas de anos.

Os queridos amigos nativos americanos da Fé Bahá’í comemoram o Solstício de Inverno. Desde tempos remotos que, em todo o mundo, as pessoas reconhecem este importante evento astronómico e celebram o sucessivo "regresso" do Sol de diversas formas. As antigas tradições do solstício influenciaram até as festas que hoje celebramos, como o Natal e o Hanukkah. No solstício, um amigo nativo americano reúne um grande grupo de fiéis numa tenda na montanha para orações e meditações.

Há uma beleza rica em todas as celebrações e um motivo para reconhecermos a nossa unidade comum. A questão é que, como Bahá’í, sou livre para celebrar os dias sagrados de todas as religiões, mas não obrigada a fazê-lo, se assim o desejar. Reconheço a sua validade e valorizo os seus contributos. Os ensinamentos Bahá’ís aceitam e reconhecem inequivocamente os fundadores de todas as grandes religiões do mundo:

Quanto à posição do Cristianismo, diga-se sem qualquer hesitação, ou equívoco, que a sua origem divina é reconhecida incondicionalmente, que a Filiação e Divindade de Jesus Cristo são destemidamente declaradas, que a inspiração divina do Evangelho é plenamente reconhecida, que a realidade do mistério da Imaculabilidade da Virgem Maria é confessada, e o primado de Pedro, o Príncipe dos Apóstolos, é mantido e defendido. 

O Fundador da Fé Cristã é chamado por Bahá'u'lláh como o "Espírito de Deus", é proclamado como Aquele que "apareceu do sopro do Espírito Santo" e é mesmo exaltado como a "Essência do Espírito". A Sua mãe é descrita como "aquele semblante velado e imortal, aquele belíssimo", e a posição do seu Filho é elogiada como "uma posição que foi exaltada acima da imaginação de todos os que habitam a Terra", enquanto Pedro é reconhecido como aquele de quem Deus fez fluir "os mistérios da sabedoria e da eloquência" (Shoghi Effendi, O Dia Prometido Chegou, pp. 109-110).

Assim, independentemente dos feriados que celebramos, o que é que estamos realmente a celebrar nesta altura do ano? Que espírito é comum a todas as crenças e religiões? Todos adoramos o mesmo Deus amoroso e esforçamo-nos por servir os nossos semelhantes. Esta é uma época em que podemos unir-nos para apreciar cada celebração alegre num espírito de amor e união absolutos.

Ó povos e tribos em contenda na terra! Voltai as vossas faces para a unidade e deixai que o esplendor da sua luz brilhe sobre vós. Reuni-vos e, por amor de Deus, decidi-vos a erradicar tudo o que seja causa de contenda entre vós. Depois, o brilho do grande Luminar do mundo envolverá toda a terra e os seus habitantes tronar-se-ão uma única cidade e ocupantes de um único trono. (Bahá'u'lláh, Gleanings, CXI)

Independentemente das nossas tradições de fim de ano, este é um momento maravilhoso para reconhecer os costumes e celebrações dos seus vizinhos e para se unir ao verdadeiro espírito da época, pelo qual todas as religiões anseiam:

Paz na Terra

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Texto original: Recognizing the Spirit of the Season (www.bahaiteachings.org)

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Kathy Roman é educadora reformada, aspirante a escritora, esposa e mãe de dois filhos que vive em Elk Grove, California (EUA), onde serve como responsável de Informação Pública Bahá’í.

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