"(...) A França é o único país no mundo em que a inteligentsia mais ligada ao destino histórico da experiência socialista não se resignou a assumir positivamente o luto por uma utopia que é filha da sua mítica revolução. Em todos os outros países europeus, a utopia igualitária pode ser uma "ideia da razão", no sentido de Kant. Em França é uma religião. É mesmo a sua única paixão. O que significa, por mais paradoxal que pareça, que este povo que muitos têm como conservador é, simbolicamente, uma sociedade revolucionária. E quando não pode repetir o impulso igualitário que a celebrizou no mundo, atravessa o espelho da sua impotência encenando revoluções virtuais.
(...)
Em 1789 a França desafiou e influenciou o mundo que havia. Em 2006, a França em crise de identidade (e com ela uma Europa retirada do palco do mundo) só pode sonhar sonhos sem história dentro. Não podendo desafiar objectivamente ninguém, desafia-se a si mesma. Como se desafiasse o mundo, numa intifada puramente lúdica."
Eduardo Lourenço, hoje no Público, a propósito da situação socio-económica em França.
2 comentários:
"La belle France".
A Revolução Americana não foi anterior à Francesa? Até que ponto não serão quase gémeas?
A França vive muito de datas marcantes como é Maio de 68 ou outras anteriores.
Mesmo a República não foi contínua e ainda tivémos um Luís XVIII a que se seguiu um Imperador - que nem poder ser coroado pelo próprio Papa por tão augusta ser a sua pessoa.
Vive também a nostalgia de quem já foi uma grande potência e não consegue suportar o seu papel secundário ou terciário nos destino das nações. Ia dizer coisas de latinos...
É uma nação com as suas próprias contradições da qual faz parte o triste regime de Vichy, que não era uma simples imposição exterior.
Para todos os efeitos a Carta dos Direitos do Homem é marcante no nosso destino comum.
E não nos esqueçamos que o nosso primeiro Rei tinha muito de francês.
Sumido do meu blog?
espero que nao volte mais vezes. bjs e parabéns o teu blog ta lindo.
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