sexta-feira, 22 de setembro de 2006
Governantes e governados
Os governos vivem muito da preguiça dos governados e da sua falta de iniciativa. (...) No fim de contas, meu amigo, é a fábula do lobo e do cão: o cão que queria convencer o lobo a ficar ali, porque tinha comida certa e quando chovia o dono recolhia-o, etc. O lobo ouviu aquilo tudo e depois perguntou ao cão: "E essa falta de pêlo no pescoço o que é?" O cão explicou e o lobo ficou muito assustado: "Não, não quero, vou de novo para a liberdade."
Agostinho da Silva, Vida Conversável, pag. 68-69
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2 comentários:
Recentemente fui atacado em dois locais distintos por citar Carl Gustav Jung, aquele que é, indubitavelmente, um dois 5 maiores psico-cientistas da história da humanidade.
Não obstante, não resisto e aqui vai o que ele diria sobre o assunto:
"Para libertar a ficcção do Estado soberano - irsto é, os caprichos dos chefes que os manipulam - de qualquer restrição salutar, todos os movimentos sócio-políticos que tendem nesta direção invariavelmente procuram minar as bases da religião. Para que o inivíduo se transforme em função de Estado é preciso eliminar quaisquer outras dependências e condicionamentos a dados irracionais. A religião significa dependência e submissão aos dados irracionais. Estes não estão diretamente relacionados com às condições físicas e sociais mas sobretudo à atitude psíquica do indivíduo.
"No entanto, uma atitude ante as condições externas da existência só é possível se existir um ponto de vista alheio a elas. As religiões oferecem esta base ou, ao menos, tentam oferecer e, com isso, propiciam ao indivíduo a possibilidade de julgar e tomar decisões com liberdade"
(Presente e Futuro, p. 9).
Segundo o autor, o Estado e os seus líderes exercem um controle sobre o indivíduo que só pode ser libertado pela capacidade espiritual de cada um que, por sua vez, pode ser catalizada pelo fenómento religioso.
"Os governos vivem muito da preguiça dos governados e da sua falta de iniciativa."
Esta frase aplica-se bem ao nosso país, no qual a social civil e o exercer da cidadania têm ainda pouca expressão. Há quem diga que isto se deve ao facto de termos uma democracia jovem ou por termos vivido sobre a asa de uma figura protectora demasiado tempo. Pode ser que um dia tenhamos a dinâmica e iniciativa das sociedades americana, inglesa, nórdicas, etc. Ultimamente tenho visto alguns sinais interessantes todavia, em Portugal as vozes rapidamente ficam roucas enquanto os cérebros e os braços mal aquecem.
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