quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Os Bahá'ís na Turquia

O texto seguinte é a tradução de um artigo de İzgi Güngör, publicado na semana passada no Turkish Daily News, um jornal turco de língua inglesa; pelo estilo do inglês, depreendo que se trata de uma tradução (provavelmente do turco). Publico-o aqui, não só porque se trata de um jornal publicado num país de maioria muçulmana, mas também porque denuncia situações de discriminação religiosa que nos têm passado despercebidas. O texto original em inglês pode ser lido aqui e aqui. Os sombreados e as imagens são da minha responsabilidade.
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COMUNIDADE BAHA'I NA TURQUIA DESEJA SER RECONHECIDA E OUVIDA

Com cerca de 10.000 membros na Turquia, a Comunidade Baha’i aspira ao reconhecimento oficial pelo Estado e deseja a eliminação dos preconceitos e descrições públicas incorrectas da sua Fé na Turquia.

"Podemos ser pequenos em número, mas somos uma entidade e, definitivamente, temos uma identidade", afirma o Prof. Cüneyt Can, director do Gabinete de Assuntos Externos da Comunidade Baha’i da Turquia. Muitos Baha’is acusam a Turquia de prosseguir uma política discriminatória contra a Comunidade Baha’i ao não listar a sua fé nos bilhetes de identidade. A filiação religiosa é registada nos cartões de identidade turcos, mas os Baha'is não podem declarar a sua religião nos bilhetes de identidade porque esta não se encontra entre as opções. Os direitos existentes entre 1960 e 1990, foram retirados quando o Ministério do Interior emitiu instruções introduzindo um novo sistema de normalização de códigos que não incluía a Fé Baha'i. "Os direitos, que nos foram anteriormente concedidos, foram retirados. Não há progresso, mas retrocesso", afirma Can.

CRÍTICAS DA UE E DOS EUA

As críticas à Turquia em relatórios distintos da União Europeia e dos Estados Unidos, incluíram pedidos para que fossem dados direitos aos Baha'is. "Documentos administrativos, tais como bilhetes de identidade incluem um espaço onde se deve preencher, ou deixar em branco, a religião. Isto pode levar a práticas discriminatórias. Alem disso, existem preocupações sobre as religiões que não são reconhecidas", declara o relatório de progresso anual da UE, enquanto o relatório do Departamento de Estado dos EUA criticava a Turquia por não reconhecer a Comunidade Baha'i, afirmando que a Turquia continua a restringir a escolha da religião. "Continuamos a aguardar a alteração das leis e do sistema de codificação que permita identificar a nossa religião nos cartões de identidade" afirmou Susan Merter, a coordenadora de Relações Públicas do Gabinete Baha'i de Assuntos Externos. Ela pertence à terceira geração de Baha'is que beneficiou da antiga lei que lhes permitia registarem-se. Neste momento, ela não pode renovar o seu cartão de identidade e ter a sua religião identificada neste.

Merter afirma que não hesita em dizer que é baha'i. "Não hesito; é a minha identidade. O que defendo é correcto e é bom. Aprendemos a Fé Baha'i como uma forma de vida. Aprendemos a ser hospitaleiros, virtuosos e acolhemos as diferenças. Trabalhamos pela paz e ela unidade da humanidade, o que é algo de que não nos podemos envergonhar. Então porque devo ocultar a minha identidade religiosa?" pergunta.

Os baha'is da Turquia não enfrentam problemas apenas com os cartões de identidade. Vivem com os problemas e desvantagens que deriva de serem desconhecidos enquanto minoria religiosa na Turquia. Alguns sentem-se livres para revelar a sua identidade religiosa, mas outros são mais comedidos, temendo a estigmatização e a discriminação social. O problema provém maioritariamente da falta de informação sobre a fé e da incorrecta descrição pública da religião, segundo dizem. Querem ser estudados e compreendidos correctamente e não querem ser associados com outros movimentos religiosos fundamentalistas como as ordens religiosas – ou tarikats.

"Ainda que de forma limitada, alguns de nós têm sido hostilizados e investigados por instituições governamentais. Tentam recolher estatísticas e informações confidenciais sobre nós entre os nossos vizinhos. Depois ficam com uma imagem incorrecta da nossa religião. Não fazemos nada de secreto. As nossas portas estão abertas para todos. Podem participar nas nossas reuniões e aprender as coisas em primeira-mão", afirma Can. Murat Bayer, 35 anos, é um actor de teatro que se converteu do Islão para a Fé Bahá'í em 1993. É o único Baha'i na sua família. O seu primeiro contacto com a fé Baha’i deu-se através de um amigo durante os seus anos como universitário. Primeiramente pensou tratar-se de uma organização tipo ordem religiosa; posteriormente ficou impressionado com os princípios da fé e a sinceridade e hospitalidade dos Baha’is. Agora sente-se livre para revelar a sua identidade religiosa. O mundo da arte, afirma, é mais aberto às diferenças. Durante os seus anos na universidade costumava debater o assunto com os seus amigos e professores que reagiam positivamente e até se sentiam interessados em aprender mais sobre a religião.

"Senti-me muito confortável durante a conferência Habitat II realizadas pelas Nações Unidas em Istambul em 1996. Nessa época eu era um novo Baha'i. A Comunidade Baha'i tem um estatuto consultivo nas Nações Unidas; por esse motivo somos automaticamente convidados para as reuniões. Foi a primeira vez que presenciei algo tão livre e natural", afirma. " A Turquia tenta insistentemente ignorar a existência dos Baha'is mas esta é reconhecida por um importante organismo internacional. Baha'u'llah, o fundador da Fé Baha’i, viveu neste território e disse muitas coisas especiais sobre a Turquia. E é verdadeiramente difícil compreender porque é que a Turquia ignora esta realidade", prossegue Bayer.

Bayer conheceu a sua mulher, Denyze Bayer, em Haifa, Israel, onde trabalhou como voluntário no Centro Mundial Baha’i. Denize, uma brasileira que se converteu do Catolicismo, é professora do ensino pré-escolar numa embaixada em Ankara. Sente-se confortável ao afirmar entre os seus amigos que é Baha’i . Não enfrentou problemas graves na sua vida diária por ser baha'i, salvo alguns olhares suspeitos devido à sua religião. "Quando digo que sou Baha'i, primeiro as pessoas acham estranho e depois ficam curiosas sobre o assunto, pois é algo novo e desconhecido para elas. Mas à medida que conhecem melhor o nosso modo de vida, ficam impressionados. Até querem enviar os seus filhos para as aulas baha’is daqui", afirma.

İhsan Karakelle, de 86 anos, é um sociólogo e funcionário público reformado que trabalhou para o segundo Presidente da Turquia, İsmet İnönü. O seu pai era Baha'i. Teve que ocultar a sua identidade baha'i até 1980, altura em que se reformou e só então passou a revelar abertamente a sua religião. Recorda-se da pressão política colocada sobre a comunidade em 1959 pelo Governo, num esforço para combater os movimentos fundamentalistas islâmicos. "Queriam eliminar esses movimentos, mas atingiam-nos", declara. A sua filiação baha’i não aparece indicada no cartão de identidade, mas afirma que foi uma falta sua. Dilan Can estuda na Universidade de Ankara. O seu pai era Baha’i e ela converteu-se do Islão quando tinha 15 anos, pensa que ser baha’i nesta sociedade é interessante mas por vezes também é desvantajoso. O preconceito tem um papel significativo no relacionamento que outras pessoas têm consigo, e há sempre uma dúvida na mente das pessoas em relação a eles. Até houve quem lhe perguntasse se era satânica! Alguns dos seus amigos Baha’is hesitam em revelar a sua identidade religiosa e ela também começou a ser mais cuidadosa. " Geralmente não digo que sou baha'i; só se me perguntarem. Varia conforme as situações ", conclui.


Outro problema levantado pela Comunidade Baha’i relaciona-se com os cursos de religião. O curriculum das escolas nacionais é baseado na religião Islâmica e as diferentes doutrinas ensinadas na escola e em casa confundem as mentes das crianças. “Mesmo que exista apenas uma criança Baha’i na sala de aula, então a religião Baha’i deve ser ensinada”, defende Merter. Por seu lado, Can quer que os seus filhos tenham educação religiosa na escola, mas não que realizem as práticas islâmicas – como as orações – na escola. "Também deviam aprender sobre as outras religiões. Já é obrigatório nas escolas. Mas nós temos as nossas próprias orações e os meus filhos recebem educação religiosa baha’i em casa". E acrescenta: "Ensinamos uma coisa em casa e eles aprendem outra na Escola; as crianças ficam profundamente confundidas. O governo prefere focar-se na educação religiosa islâmica nas escolas porque a maioria da população é muçulmana; mas podiam, pelo menos, incluir exemplos de outras religiões, quando ensinam o que é bom e o que é mau".

QUEM SÃO OS BAHA’IS?

Fundada no Irão no Séc. XIX por Bahá'u'lláh, a Fé Bahá’ís tem cerca de 10.000 membros na Turquia. Baseada em princípios democráticos e contemporâneos, esta religião tem cerca de seis milhões de seguidores em todo o mundo, e propõe a paz mundial e a unidade como resposta aos problemas da idade moderna. Na cidade turca de Edirne situa-se a Casa de Bahá'u'lláh, onde o líder baha’i viveu entre 1863 e 1868. A casa foi declarada local protegido e recebeu a atenção de figuras políticas internacionais. Os Baha’is acreditam em Deus e nos profetas; acreditam que as religiões são semelhantes a um ciclo de vida. Os seres humanos e a humanidade são orgânicos, e as religiões também; quando terminam a sua existência, surgem novos profetas para a humanidade evoluir. Os Baha’is acreditam que a humanidade tem atravessado uma evolução social desde a família ao estado-nação; de acordo com o Kitab-i-Aqdas (O Livro Mais Sagrado), a próxima fase será a unificação e integração global da sociedade. Os Baha’is realizam reuniões regulares, encontrando-se em cada 19 dias. As pessoas não se podem tornar baha’is antes dos 15 anos, idade considerada como sendo de maturidade espiritual. Estão proibidos de se envolverem em política, mas votam nas eleições na Turquia. Os Bahá’ís não têm superstições, nem bebem álcool. Não usam roupas com simbolismo particular, não possuem rituais religiosos, ou locais especiais de oração para grupos. A Comunidade Baha’is possui um estatuto consultivo nas Nações Unidas.

ACTIVIDADE MISSIONÁRIA

O Departamento de Assuntos Religiosos na Turquia declinou fazer qualquer comentário oficial ao Turkish Daily News sobre a forma como classifica a Comunidade Baha'i na Turquia, mas no seu website considera a Fé Baha’i como uma actividade missionária. Numa das suas publicações periódicas on-line intitulada “Diyanet Aylık” encontra-se um artigo sobre “Actividades Missionárias”, o Departamento inclui a Fé Baha’i entre outros movimentos missionários que pretendem espalhar as suas crenças entre pessoas pertencentes a outras religiões, incluindo o Islão. Ahmet Hikmet Eroğlu, um académico religioso e historiador da religião na Universidade de Ankara, concorda com esta abordagem do Departamento de Assuntos Religiosos. Segundo ele, a Fé Baha’i não é uma religião, mas um movimento ecléctico baseado em religiões mais antigas. “A fé Baha’i não é como outras religiões, tais como o Cristianismo Judaísmo ou o Islão que têm profundas raízes na história”, afirma. "É um movimento novo e ecléctico. O Departamento de Assuntos Religiosos pode vê-lo como uma actividade missionária enquanto não estiver definido com exactidão, e for aceite no mundo como uma religião; sabemos que fazem esforços para promover a sua fé". Por seu lado, Cüneyt Can nega estas alegações , dizendo que a fé existe há mais de 100 anos e que não têm qualquer relação com actividades missionárias. "Este tipo de insinuações e o facto de nos associarem com trabalhos missionários é preocupante", declara. "Nós não empregamos pessoas que trabalhem para converter outros à Fé Baha'i. Não temos qualquer estrutura institucional organizada que trabalhe com esse propósito. Não temos dinheiro ou poder. Não fazemos lobby, nem nos envolvemos na política. O que nos torna fortes são os princípios em que acreditamos. Acreditamos, aplicamos os princípios nas nossas vidas, partilhamos isto com os outros e divulgamos isso. É assim que a nossa religião se espalha"

10 comentários:

Anónimo disse...

Entao, mas a turquia nao era um pais quase fanatico pelo secularismo?

Marco Oliveira disse...

Iuri,

Na Turquia há um combate político entre forças seculares e islâmicas.
Esperemos que não passe de um combate político.

Culturalmente a Turquia é um país islâmico. Por muito secular que seja o Estado, há traços culturais na sociedade turca a que os baha'is não podem fugir.

E são alguns desses traços culturais que são um problema para as minorias religiosas na Turquia.

Anónimo disse...

Quando leio estas notícias não consigo de deixar de imaginar os bahá'is a serem vistos, "espreitados", olhados de soslaio, como umas criaturas excêntricas, perigosas, estranhas, como quaisquer "ET's", vindos de outros planetas, portadores de "peçonha" e outras tantas doenças contagiosas, que devem ser enjauladas ou, no mínimo, acorrentadas, a bem da protecção das populações.
Isto ultrapassa todos os limites da razoabilidade. O que fazer perante tão elevados níveis de ignorância (ou mera tacanhez e mediocridade? Mas não pode ser, os que rejeitam são aos milhares, e de todos os quadrantes: intelectuais, políticos, filósofos, etc...!!!)? Tolerar? Conformar? Ignorar?
Desculpem, não chego lá!...

Anónimo disse...

Mas "entãoéassim..." os bahá'ís são mesmo "ET's", de uma outra realidade, estranhos e até perigosos...
Calma calma gente basta lermos novamente este parágrafo:
"Nós não empregamos pessoas que trabalhem para converter outros à Fé Baha'i. Não temos qualquer estrutura institucional organizada que trabalhe com esse propósito. Não temos dinheiro ou poder. Não fazemos lobby, nem nos envolvemos na política. O que nos torna fortes são os princípios em que acreditamos…”
Isto não é deste mundo... pois não???!!! ;-)

Marco Oliveira disse...

entãoéassim e Daniella,

Como é óbvio na base destes comportamentos há uma enorme ignorância e preconceito.

E isto apenas pode ser combatido com a educação. A religião deve existir nos curricula escolares e deve ser ensinada de forma objectiva e racional.

A ausência da religião nos curricula ou o ensino desta baseado apenas numa doutrina é apenas uma forma de criar ignorância e preconceito.

Lembro mais uma coisa: a Turquia como país muçulmano é um dos menos agressivos em relação aos baha'is. Agora imagine-se os outros países que são mais agressivos.

Anónimo disse...

Dizer que: " a Comunidade Baha’is possui um estatuto consultivo nas Nações Unidas" é pouco!

A lei do kitab está sendo aplicada de forma gradativa no mundo inteiro.Eu acho que esse ódio que o mundo sente pelos Baha'is está no fato de ocultarem essas informações para a maioria da pessoas.

Por exemplo: o processso ecunêmico das religiões está avançando a cada dia mais para a religião global, mas todos eles foram descritos nas profecias bahai's. Eu acho que vcs (não sou baha'i e sim cristão evangélico, ou seja o povo proscrito das profecias baha'is) deveriam divulgar isso para o mundo todo e ai as pessoas poderiam escolher se aceitam os ensinamentos de Baha'u'llah ou não! O livro de S.Effendi é muito claro sobre os objetivos da unificação global. Basta olhar para a terra que vemos claramente que estão no vale da unicidade (7 vales) mas as pessoas sabem disso? Elas estão seguindo uma evolução em que alguns não estão de acordo. Abram o jogo somente poucas pessoas (como eu) não vão concordar com a Nova Ordem Mundial de Baha'u'lah.
Pensem nisso...

Marco Oliveira disse...

Carlos,
Que história é essa do "o povo proscrito das profecias baha'is"? Nunca ouvi falar de tal coisa!

O que tu te referes é um processo de unificação global. Todos temos consciência de viver numa aldeia global. Mas isso é um processo que tem várias causas.

Anónimo disse...

Oi, Marcos:

Nossa! Vc não conhece? Por favor leia essa profecia extraída da seleção dos escritos de Bahá’u’lláh

LXVII. Apareceu nesta Revelação o que jamais aparecera antes. Quanto aos infiéis que testemunharam o que foi manifestado, murmuram e dizem: "Realmente, esse é um feiticeiro que planejou uma mentira contra Deus." São eles, em verdade, um povo proscrito.

O povo proscrito são aqueles que como eu que não vão aceitar essa revelação como verdadeira. As profecias cristãs e bahais são opostas. Nós não estamos aguardando revelação nenhuma e sim o arrebatamento. Entendeu? Veja essa profecia deixada por Jesus:

Dois estarão no campo; um será tomado, o outro será deixado. (Lucas 17 : 36). É isso que entendemos por revelação, ou seja Quando as profecias Baha’is se cumprirem uma parte dos cristãos vão desaparecer da terra.

Ou em outras palavras; nós somos contra o processo de Unificação global, mas nem por isso vamos brigar, matar, ofender ou até mesmo evitar que o processo ocorra, alias quanto mais rápido isso acontecer melhor é pra gente.É isso que eu quis dizer, se as pessoas souberem sobre a Nova Ordem Mundial proposta por Baha’u’llah elas poderão escolher se aceitam ou não.

Espero ter esclarecido a sua dúvida.

Foi muito bom falar sobre assunto com vc.

Até a próxima :=)

Anónimo disse...

(em mais facil procurar em ingles, se quiserem tambem posso procurar em portugues )

Jesus disse: "I have much more to say to you, more than you can now bear. But when he, the Spirit of truth, come, he will guide you into all truth."

"Beware of false prophets, who come to you in sheep's clothing, but inwardly they are ravenous wolves. You will know them by their fruits.
o men gather grapes of thorns, or figs of thistles? 17 Even so every good tree bringeth forth good fruit; but a corrupt tree bringeth forth evil fruit. 18 A good tree cannot bring forth evil fruit, neither can a corrupt tree bring forth good fruit. 19 Every tree that bringeth not forth good fruit is hewn down, and cast into the fire. 20 Wherefore by their fruits ye shall know them."

Se não fosse esperados novos e verdadeiros profetas depois da revelaçao de cristo, então porque é que a biblia nos ensina a destiguir os verdadeiros dos falsos? se não fossem esperados novos profetas, então bastaria dizer que não haveria profetas novos e que todos seriam falsos, o que não é o caso.

SAM disse...

Só agora é que dei uma circulada pelo blog e vi este post.

Seja como for, gostaria de dizer que concordo com o Iuri na argumentação dele e o texto do Carlos chamou-me a atenção.

É impressionante o conhecimento que você tem demonstrado sobre a Fé Bahá'í. As várias leituras e interpretações são prova clara disso.

No entanto, se me permite, deixe-me apenas fazer um pequeno reparo. Quando Bahá'u'lláh fala em "proscritos", Ele refere-Se ao clero islâmico que lhe havia deixado o desafio de fazer um milagre para comprovar a veracidade de Suas alegações de ser a nova Manifestação Divina. Ao dar a resposta que aparece logo a seguir ao parágrafo que você cita, os conselho clerigal nega em especificar o seu pedido, quiçá com medo da concretização do milagre e afasta-se, de momento, dEle, para poder depois regressar com novas acusações contra Ele e os bahá'ís.

Ou seja, quando Bahá'u'lláh diz "Quanto aos infiéis que testemunharam o que foi manifestado, murmuram e dizem: 'Realmente, esse é um feiticeiro que planejou uma mentira contra Deus'. São eles, em verdade, um povo proscrito", refere-Se aos sacerdotes que podendo testemunhar e tendo, nalguns casos, inclusive testemunhado presencialmente as capacidades e virtudes divinais manifestadas nEle, continuaram a chamá-lo de "feiticeiro que planejou uma mentira contra Deus": a estes pseudo-cegos que pondo-o em prova negaram o que os seus próprios olhos viram e/ou poderiam ter visto chama-se de "proscritos".

Mas atenção, "proscrito" significa exilado. Então a pergunta é: quem é mesmo a pessoa em desterro? Bahá'u'lláh que estava em Bagdá, por exigências do clero, ou o próprio clero que nem sabia onde estava?