quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Jantar com o Diabo!

Num artigo publicado hoje na FrontPageMagazine, Faith McDonnell, a directora do Religious Liberty Programs no Institute on Religion & Democracy em Washington, chama a atenção para a inacreditável contradição (ou mesmo hipocrisia!) subjacente a um convite feito por um grupo de igrejas para um jantar com o presidente Ahmadinejad num hotel de luxo em Nova Iorque.

É sabido que o Governo Iraniano persegue Bahá’ís, Cristãos, Judeus e Muçulmanos. É também do conhecimento geral que o parlamento iraniano se prepara para aprovar um novo código penal que torna a apostasia um crime punível com a pena de morte. E é também óbvio que as autoridades políticas e religiosas iranianas vão usar esta lei contra baha’is sempre que se queiram ver livres deles.

Faith McDonnell questiona: o que leva grupos religiosos como o American Friends Service Committee, o Mennonite Central Committee, o Quaker United Nations Office, o Religions for Peace, e o World Council of Churches podem partilhar a mesa com um dirigente mundial conhecido por ser o inspirador destes ataques à liberdade religiosa?

E acrescenta:
Talvez valesse a pena suster a respiração e jantar com o diabo se isso significasse uma oportunidade para falar abertamente sobre a repressão e a perseguição no Irão, para ser uma voz para aqueles que sofrem, e para exigir que o Islão ofereça a reciprocidade pela liberdade religiosa e decência de tratamento que os Muçulmanos receberam de Cristãos, Judeus, e do Baha'is. Com o Irão no limiar de um novo nível de repressão, e as minorias religiosas iranianas a enfrentarem um novo isolamento por causa do proposto código penal, é necessário um líder cristão americano falar com a coragem e a frontalidade durante um jantar.
Existem iranianos muçulmanos - como a Prémio Nobel da Paz, Shirin Ebadi - que arriscam a sua reputação (e a vida!) para falar em defesa dos Baha’is e de outras minorias religiosas perseguidas no Irão. Muito me surpreenderia se algum destes comensais do Sr. Ahmadinejad tivesse a coragem de lhe dizer - olhos nos olhos - que os ataques à liberdade de consciência e de religião no Irão são completamente inaceitáveis. Na verdade, esta gente cobre-se de vergonha, envergonham os seus companheiros de fé e minam os esforços dos defensores dos Direitos Humanos – em particular aqueles que tanto se dedicam defesa da liberdade religiosa!

3 comentários:

Anónimo disse...

Pois é!
A mesa partilha-se com amigos ou com pessoas importantes. E este sujeito devia ser deixado a jantar sozinho e a falar para as paredes.

Se lhe oferecem uma jantarada, ele vai pensar que até é bem aceite no Ocidente.

Anónimo disse...

Embora não seja a questão central, começo por questionar a referência à realização desse jantar num hotel de luxo. Que péssimo hábito este de pensar que as palavras e acções têm de estar em consonância! Será legítimo pensar que ninguém comerá sopa de migas (à moda de N. Iorque), seguida de ovos cozidos, com uma pitadinha de pimenta, e mousse de chocolate de pacote como sobremesa? Enfim, ainda se engasgavam com tanta fartura...
Também não conheço estes grupos religiosos. São todos cristãos? Porquê ser necessário um "líder cristão americano para falar com coragem e frontalidade"? Tem que reunir essas três características (ser líder - de quê? -, cristão e americano)?
Lamentavelmente sabemos que os bahá'is já sofrem sem que os dirigentes iranianos precisem de um novo código penal. O existente já lhes permite perseguir, prender, torturar, fazer desaparecer e matar, portanto só vem reforçar o que já implementam há muito.

Marco Oliveira disse...

GH,
A mesa partilha-se com amigos ou com pessoas importantes. -- Já tinha ouvido dizer isso!
:-)

entãoéassim...
Um dirigente destes devia ser deixado a falar para as paredes quando visita um país ocidental. Quem o convida para jantar, não está a dar mostras de ser tolerante; pelo contrário, está apenas a dar sinais de cobardia política e subserviência.