terça-feira, 12 de abril de 2011

Santuário do Báb novamente resplandecente

O Santuário do Báb com a sua cúpula restaurada


Após mais de dois anos de obras de restauro, a cúpula dourada do Santuário Bahá'í de Haifa foi revelada para encanto de visitantes, peregrinos e moradores da cidade. Ao início da manhã de hoje, foram retiradas as últimas coberturas que ainda restavam sobre a cúpula do Santuário, revelando as quase 12.000 novas telhas douradas, que coroam o edifício impecavelmente restaurado no Monte Carmelo.

O Santuário do Báb e os seus jardins são famosos no mundo inteiro pela sua beleza e tranquilidade. Em 2008, foi designado - juntamente com o Santuário de Bahá'u'lláh perto de Acre - como local de "valor universal excepcional" na lista de Património Mundial da UNESCO. Só no ano passado recebeu a visita de aproximadamente 760.000 turistas e 7.500 peregrinos Bahá’ís.

"Hoje, a «Rainha do Carmelo», oculta do olhar do público durante a maior parte do projeto, revelou-se e resplandece novamente...", anunciou a Casa Universal de Justiça, depois de visitar o Santuário e oferecer orações em agradecimento.

O Presidente do Município de Haifa, Yona Yahav, juntamente com várias autoridades civis e convidados, estiveram presentes numa recepção comemorativa, realizada na histórica colónia alemã dos Templários, com a sua vista espectacular para o Santuário e seus jardins.

"Sou o primeiro Presidente do Município de Haifa, que realmente nasceu aqui", disse Yahav. "Em 1954, fui testemunha da construção da superestrutura do Santuário. Ver estas renovações é muito comovente. São extremamente importantes." E acrescentou: "O Santuário afeta todo o ambiente de Haifa. É o núcleo e o símbolo desta cidade tolerante e multi-cultural". "Isto é realmente algo único nesta cidade, em Israel e no mundo", concluiu Yahav.

DOIS ANOS ANTES DO PREVISTO

Numa mensagem enviada para os Bahá'ís de todo o mundo, a Casa Universal de Justiça, recordou que a restauração "deste majestoso edifício foi precedida por três anos de preparativos, o que implicou vastos estudos para avaliar a sua condição, para analisar o impacto ambiental, e para identificar as técnicas e materiais para a renovação que o manteriam fiel ao desenho original, bem como resistir aos rigores do tempo."

Mais de 50 anos de exposição ao clima de Haifa e às condições ambientais tinham causado o seu impacto na pedra e na cúpula da superestrutura, quando o trabalho começou em 2008.

Saeid Samadi, arquiteto e gestor do projeto, afirmou que os peritos estimavam que esta restauração levaria normalmente cinco a seis anos. "Originalmente estimámos Abril de 2013 para a sua conclusão. Graças à dedicação total e união de todos os envolvidos, este projeto foi concluído em menos de três anos."


"A equipa apreciou verdadeiramente a importância do lugar e nunca esqueceu onde estavam a trabalhar", declarou Samadi. "Estávamos inspirados pelo princípio bahá'í de que tudo deve ser criado para o mais elevado estado de perfeição".

O projeto exigiu a restauração e conservação do interior e exterior da estrutura original (datada de 1909), bem como medidas para reforçar o Santuário contra as forças sísmicas. Um reajustamento totalmente novo - combinando a tecnologia do betão, aço e fibra de carbono para o revestimento - era necessário para todo o edifício.

"Foram gastas cerca de 80.000 horas-homem para melhorar significativamente a resistência do Santuário contra terramotos", diz Samadi. "Mas tudo está oculto da vista e não afeta a beleza e a grandiosidade da arquitetura original."

RESTAURAÇÃO DA PEDRA E DA CÚPULA

Os trabalhos de restauro do Santuário foram significativamente ajudados por um projeto anterior realizado no edifício próximo dos Arquivos Internacionais Bahá’ís, diz o Sr. Samadi. "Estudámos o Santuário e investigámos materiais e técnicas, enquanto ainda trabalhávamos nos Arquivos. Essa experiência gerou um grande impulso. Conhecíamos os especialistas; aperfeiçoámos as técnicas e os conhecimentos. Com o Santuário, não concluíamos um trabalho antes de iniciar outro. Estávamos a trabalhar na estrutura, fazíamos o restauro da pedra, fazíamos muitas coisas ao mesmo tempo."

Foram gastas mais de 50.000 horas-homem em trabalho de alvenaria pela equipa do gabinete de restauração e por voluntários - incluindo muitos jovens – vindos da Austrália, Canadá, China, Equador, Alemanha, Índia, Quénia, Mongólia, Holanda, Nova Zelândia, África do Sul, Reino Unido, Estados Unidos da América e Vanuatu, todos formados por especialistas em conservação. Cada centímetro quadrado do exterior do edifício foi examinado e restaurado.


"Para a superestrutura original foi escolhido mármore de Carrara, mas não foi fácil arranjá-lo após a Segunda Guerra Mundial", diz Samadi. "A única pedra que estava disponível era mármore Chiampo. Quando estávamos a investigar para ver como ele tinha sido restaurado na Europa, descobrimos que - devido à sua natureza - não tinha sido utilizado em nenhum outro lugar para revestimento exterior, apenas para o chão. Portanto não havia qualquer conhecimento prévio sobre como fazer isso."

Também tiveram que ser desenvolvidas novas técnicas para substituir as telhas de ouro do Santuário. Durante dois anos, foram feitos esforços para ver se as telhas antigas e desgastadas poderiam ser restauradas. "Verificámos a condição de cada telha individualmente mas, como resultado da sua exposição aos elementos, muitas estavam partidas e não podiam ser recuperadas; as outras não podiam recuperar a sua beleza original", afirma Samadi.

UMA EMPRESA PORTUGUESA

Após vários anos de investigação, foi contratada uma empresa portuguesa - a Porcel - para produzir as novas telhas que têm mais de 120 formas e tamanhos diferentes. Foi utilizada tecnologia de ponta para fabricar cada telha de porcelana pura, coberta com camadas de vidro e ouro, e concluídas com um revestimento de longa duração.

“A empresa nunca tinha feito nada assim", diz Samadi. "Eles são conhecidos pelas suas peças de porcelana com qualidade de museu. Mas o resultado é perfeito. As telhas não são apenas bonitas; são também cinco a seis vezes mais resistentes à erosão do que os originais."

Um pedreiro-especialista e assentador de telhas da Nova Zelândia - Bruce Hancock - supervisionou o trabalho realizado pela equipa do gabinete de restauração. "Nós tivemos que aprender à medida que avançávamos", disse Hancock. "Normalmente, colocamos telhas que são quadradas. Estas telhas são de todas as formas e tamanhos. Cada linha é curva. Inicialmente, eu estava preocupado sobre como iríamos fazer a curva, mas estas peças foram concebidas e definidas de tal maneira que fazem isso por si próprias. Pareciam ter uma vida própria. Foi incrível!"

A cúpula do Santuário do Bab "brilha agora na plenitude de seu esplendor", observou a Casa Universal de Justiça na sua mensagem.

2 comentários:

Bete disse...

Querido Marcos, fiquei sabendo de uma carta da Casa Universal de Justiça sobre o término da reforma no Santuário do Báb. Você tería estes trechos da carta para publicar? Os brasileiros agradecem!

Marco Oliveira disse...

Oi Bete,

Eu só tenho essa carta em inglês.
Posso enviar a tradução assim que a receber.