Para conhecer a verdade devemos envolver-nos na prática da comunicação com outros; isso significa falar com, e ouvir, pessoas que são significativamente diferente de nós. Se falamos apenas connosco ou os que são semelhantes a nós, ou se existem pessoas que simplesmente excluímos dos nossos diálogos, ou com os quais não nos imaginamos a falar, então estamos a privar-nos de uma oportunidade para aprender alguma coisa que ainda não descobrimos.
Ter a nossa própria língua materna e, no entanto, ser capaz de compreender e conversar noutras línguas e culturas religiosas é sentir o fascínio e a necessidade de se tornar aquilo que podemos chamar “cidadãos do mundo”. A expressão pode ser mal-entendida ou mal utilizada – como se ser membro da aldeia global exigisse que abandonássemos completamente a nossa aldeia natal. As nossas raízes identitárias são sempre locais; e em grande medida assim continuam. O que estamos aqui a falar é da necessidade, e excitante oportunidade, para nos tornarmos cidadãos de outras aldeias. Levamos o que herdámos da nossa própria aldeia, e à luz daquilo que aprendemos enquanto visitamos outras aldeias, apreciamos tanto o valor como as limitações daquilo que a nossa própria aldeia nos deu. Neste sentido, todos nós somos hoje chamados a um certo grau de cidadania mundial. Duas das maiores ameaças que a comunidade das nações e culturas enfrenta hoje são o nacionalismo e fanatismo, que crescem entre aqueles que nunca abandonaram a sua aldeia e pensam que são superiores a todos os outros.
Este chamamento não é escutado por todas as pessoas e comunidades religiosas. É frequentemente entendido como uma ameaça por aquelas teologias que não a aprovam. Porque a face do estranho ainda é demasiado ameaçadora, muitas comunidades religiosas ainda respondem à nova situação mundial com uma espécie de isolacionismo cultural que desvia as tradições religiosas e as coloca ao serviço do nacionalismo etnocêntrico.
Paul F. Knitter, Introducing Theologies of Religions, p. 12
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