sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

2012: um ano especial para os Bahá'ís Americanos

Artigo de Shastri Purushotma, publicado no Huffington Post.

Com as eleições e transições em numerosos países, os Jogos Olímpicos de Verão, o centenário nacional flor de cerejeira, uma cimeira global sobre alterações climáticas, um potencial alinhamento galáctico Maia e muito mais no horizonte, 2012 promete ser um ano para recordar. Além disso, para a comunidade Bahá’í - e particularmente para os Bahá'ís norte-americanos - 2012 será um ano especial, pois celebram um centenário único que é altamente relevante para um tempo de mudança e transição.

Durante a maior parte das suas décadas formativas, as figuras centrais da comunidade Bahá'í enfrentaram prisão persistente na Pérsia e no Império Otomano. Houve, no entanto, um breve período em que 'Abdu'l-Bahá, o filho mais velho de Bahá'u'lláh e dirigente da comunidade entre 1892 e 1921, foi libertado após décadas na prisão e as circunstâncias permitiram-lhe viajar para a Europa e América do Norte. A Sua viagem através dos Estados Unidos e Canadá, de Abril a Dezembro de 1912 será celebrada no próximo ano pelos Bahá'ís norte-americanos com vários nacionais e locais em todo o país. Nestes eventos, será apresentada uma perspectiva sobre o mundo em 2012, olhando para as dramáticas mudanças ao longo do século passado; também serão examinadas questões como igualdade e justiça social, guerra e paz, ciência e religião, que 'Abdu'l-Bahá debateu extensivamente em 1912 e que são hoje tão vitais.

'Abdu'l-Bahá falando numa igreja, em Chicago

O ano de 1912 - tal como 2012 promete ser - foi um ano poderoso que influenciou a história do mundo nas décadas seguintes. Na Europa, as grandes potências estavam fortemente envolvidas no desenvolvimento dos seus arsenais de armas, que usariam dois anos depois. Nos Estados Unidos, houve uma eleição presidencial que foi vencida por Woodrow Wilson, que iria levar o país a um nível sem precedentes de envolvimento global e que influenciou grandemente os assuntos mundiais no século seguinte. 1912 foi também o ano em que o Titanic, inicialmente visto como um símbolo do poder invencível do progresso, chocou contra num icebergue e acabou por se tornar uma lembrança da mortalidade humana.


Os Bahá’ís americanos tinham recolhido dinheiro para que 'Abdu'l-Bahá viajasse no Titanic. Ele pediu para que esses fundos fossem entregues aos pobres e preferiu viajar para Nova Iorque num navio mais modesto, em Abril de 1912. Nessa cidade, iniciou um extenso ciclo de palestras para debater as questões críticas do mundo moderno, para onde a América e a humanidade se encaminhavam. Em muitas ocasiões, alertou para uma guerra iminente na Europa e delineou os mecanismos para a paz e o desarmamento mundiais. Nas sinagogas, advertiu para a possibilidade de um holocausto na Europa. E num país altamente segregado - décadas antes do movimento dos direitos civis - falou na reunião nacional da NAACP (National Association for the Advancement of Colored People), na Universidade de Howard University e noutros locais sobre a importância fundamental de harmonia racial para a América. Falou sobre questões económicas, que são hoje temas de debate acalorado: a necessidade para a eliminação dos extremos de riqueza e pobreza, e a importância das formas justas de harmonia entre trabalho e capital.

Os Bahá'ís estarão particularmente inspirados em 2012 ao olhar para o exemplo da viagem de 'Abdu'l-Bahá ao tratar do seu dia-a-dia. Podem ler e refrescar as suas memórias sobre as Suas palestras públicas. Sempre que possível, vão tentar visitar os mesmos locais onde Ele falou. Aconteça o que acontecer durante o ano, eles vão ser alertados para a lente única que a sua fé proporciona para ver, mesmo no caos aparente, que a raça humana está a passar gradualmente para uma nova fase de evolução social que é de âmbito planetário.

Não é preciso ser Bahá'í para participar nas celebrações deste centenário. Afinal, muito do tempo de 'Abdu'l-Bahá em 1912 foi gasto com os amigos da comunidade Bahá’í, incluindo conhecidas personalidades americanas como Alexander Graham Bell, Teddy Roosevelt, Peary Admiral e outros. Talvez os seus avós ou bisavós tenham estado na audiência quando 'Abdu'l-Bahá falou - e nesse caso os Bahá’ís ficariam muito felizes por saber disso. Durante um ano de espectaculares flores de cerejeira, icebergs derretendo e muito mais, esperamos que você possa encontrar alguma da visão presciente de 'Abdu'l-Bahá, cuja visita merece ser conhecida. Pergunte aos Baha'is da área da sua residência o que estão a fazer para comemorar este centenário e como você pode saber mais.


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Traduzido e adaptado de: 2012: A Special Year for American Baha'is (Huffington Post)

2 comentários:

João Moutinho disse...

Onde é que 'Abdu'l-Bahá referiu o Holocausto em Suas palestras?
Não consegui identificar até hoje essas passagens.

Marco Oliveira disse...

Eu também não conheço referências de 'Abdu'l-Bahá ao holocausto. Mas confesso que não conheço em pormenor as palestras d'Ele nos EUA (registadas no livro Promulgation of Universal Peace)