Este é um dos principais temas de uma declaração apresentada pela Comunidade Internacional Bahá'í (BIC) para a recém-concluída Comissão da ONU sobre Desenvolvimento Social.
"O impulso para rectificar as desigualdades sociais é, sem dúvida, nobre, mas as dicotomias nós/eles apenas perpetuam e reforçam as divisões existentes", afirma a declaração, intitulada A capacitação como um mecanismo de transformação social.
"Uma cuidadosa atenção deve ser dada ao modo como a capacitação pode ser encarada enquanto empreendimento universal partilhado, e não algo em que os que" têm" conferem ao "não têm". Uma maneira de evitar esses extremos, é conceber a humanidade como um único organismo social, sugere a declaração.
"Implícito neste conceito estão características como a interdependência entre as partes e o todo, a indispensabilidade de colaboração, reciprocidade e ajuda mútua, a necessidade de diferenciar, mas também harmonizar os papéis, a necessidade de arranjos institucionais para facilitar em vez de oprimir, e a existência de um objectivo colectivo superior aos objectivos individuais de qualquer elemento constituinte. "
A declaração encontra-se entre as contribuições da BIC para Comissão deste ano, que se realizou em Fevereiro, e teve como tema prioritário a "capacitação de pessoas" no combate à pobreza, a integração social e o emprego pleno e decente.
A BIC patrocinou um painel de discussão sobre o tema. Entre os participantes estava a presidente da Comissão, Sewa Lamsal Adhikari, que afirmou que a capacitação é cada vez mais vista pela ONU como uma questão vital no tema da transformação social.
"A capacitação das pessoas está na raiz do desenvolvimento social", disse a Sra. Adhikari. "Está-se a tornar um dos principais factores que sustentam os esforços para atingirmos três objectivos centrais da Cimeira Mundial para o Desenvolvimento Social: Erradicação da pobreza, emprego pleno, produtivo e decente para todos, e integração social"
"Como tal, a capacitação é um meio para atingir os fins do desenvolvimento social". A Sra. Adhikari é Encarregada de Negócios da Missão Permanente do Nepal para as Nações Unidas.
Ming Hwee Chong, representante da Comunidade Internacional Bahá'í nas Nações Unidas, sugeriu que não foi por acaso que o tema tenha sido levado para o centro do palco dos debates sobre desenvolvimento social.
"É uma evolução natural das conversas sobre desenvolvimento", disse Chong, que moderou o painel. "É reflexo do que está acontecer em todo o mundo; é parte de uma expansão da consciência de quem somos, daquilo que é o nosso potencial, individualmente e colectivamente, como a raça humana."
Outros oradores do evento - intitulado "Capacitação: De quem? Com que meios? Para que fins?" - foram Rosa Kornfeld Matte (directora do Serviço Nacional do Idoso, no Chile) Corinne Woods, (diretora da Campanha do Milénio), e Yao Ngoran (Departamento da ONU de Assuntos Económicos e Sociais).
Um segundo painel de discussão promovido pela BIC em 8 de Fevereiro, intitulado "Capacitação em Acção", apresentou reflexões de profissionais de desenvolvimento de base.
Hou Sopheap, director executivo da Organização Cambojana de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação (CORDE), afirmou que a sua organização assume o "aprender fazendo" como abordagem que visa desenvolvimento de competências entre jovens, para que possam servir melhor as suas comunidades
A CORDE é uma organização de inspiração Bahá’í que oferece programas complementares de educação para mais de 3000 jovens no noroeste do Camboja. A CORDE encoraja os seus alunos a envolverem-se em actos de serviço nas comunidades de origem, além de trabalhos manuais. "Assim, tudo tem uma componente de estudo e de acção", acrescentou.
Judith Teresa Eligio-Martinez, coordenadora do programa da agência de inspiração Bahá’í, Associação Bayan nas Honduras, também declarou que o serviço está no centro do seu programa, que actualmente atinge cerca de 6000 alunos em idade do ensino secundário em 12 dos 18 departamentos das Honduras.
"Está assente na crença da capacidade do indivíduo para tomar decisões por si próprio, e para ajudar a desenvolver as capacidades dos três actores principais (do desenvolvimento da comunidade): o indivíduo, a comunidade e as instituições", afirmou Eligio-Martinez.
Desenvolvido na Colômbia por uma organização de inspiração Bahá’í, a FUNDAEC, o programa dá formação e coordena tutores baseados nas comunidades que, posteriormente, oferecem um ensino secundário adequado às áreas rurais.
"Nós consideramos o programa uma maneira criativa de obter educação, mas no seu centro está a ideia de serviço à humanidade e tornar o mundo um lugar melhor para viver, ao nível local, tanto quanto possível", disse Eligio-Martinez. "E assim, sentimos que estamos a contribuir para a capacitação."
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FONTE: BIC statement explores a new concept of empowerment (BWNS)
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