Nunca perca uma oportunidade para ver algo bonito, pois a beleza é a caligrafia de Deus. (Ralph Waldo Emerson)Pense no seguinte durante um momento: qual foi a coisa mais bela que alguma vez viu? Foi uma flor a desabrochar, um pôr-do-sol, uma paisagem esplendorosa nas montanhas, uma floresta tropical vigorosa, um oceano de pleno de vida, o rosto sorridente de uma criança?
... Cada homem foi, e continuará a ser, capaz por si próprio para apreciar a Beleza de Deus, o Glorioso. ... Pois a fé de qualquer homem apenas pode ser condicionada ele próprio (Bahá'u'lláh, SEB, LXXV)
O amor da Palavra de Deus é o íman da glória e beleza celestiais. ('Abdu'l-Baha, Star of the West, Volume 5, p. 164)
E agora, considere o seguinte: quão mais belo do que aquelas criações naturais deve ser o seu Criador?
Plotino, 204-270 EC |
Plotino, autor de Eneiadas, fundador do neoplatonismo e talvez o mais influente de todos os filósofos, tanto no Cristianismo e no Islão, escreveu que a autêntica felicidade consiste nos verdadeiros seres humanos se identificarem com o melhor do universo; "Uma fuga das formas e coisas deste mundo", disse ele. Para ele, o melhor no universo estava exemplificado no que ele designou o Uno, aquela força supremamente bela e totalmente transcendente que está para lá de todas as limitações do ser e do não-ser. O nosso objectivo como seres humanos, afirmou Plotino, é alcançar a união mística com o Uno - imergindo-nos na libertação, na iluminação e alegria extasiante da mais grandiosa beleza.
Esta é a formulação básica da prova clássica - e agora muito moderna - sobre a existência de Deus, que os filósofos designam o argumento da beleza:
- Tudo o que é fisicamente belo pode conceptualmente ser ainda mais belo
- portanto, toda a beleza física fica aquém da perfeição;
- portanto beleza perfeita só existe na sua forma eterna;
- portanto, a ideia intemporal de beleza vem de um reino não-material, independente e superior ao mundo imperfeito dos sentidos;
- portanto beleza perfeita descreve Deus.
Os filósofos modernos perguntam "Quem fez essas coisas mutáveis belas, se não aquele que é belo e imutável?" Richard Swinburne, o filósofo britânico contemporâneo de religião, fez um resumo interessante do argumento da beleza:
... Se existe um Deus há mais motivos para esperar um mundo basicamente belo do que basicamente feio. À priori, porém, não há nenhum motivo particular para esperar o basicamente belo, em vez do mundo basicamente feio. Em consequência, se o mundo é belo, esse facto será uma evidência da existência de Deus.Estes argumentos filosóficos sobre a existência de um Ser Supremo têm duas componentes - a racional e a estética. Os ensinamentos Bahá'ís combinam os dois, convidando-nos a reconhecer não só a soberania de Deus, mas também a Sua grandeza:
Quão maravilhosa é a unidade do Deus Vivo, o Sempiterno - uma unidade que está enaltecida acima de todas as limitações, que transcende a compreensão de todas as coisas criadas! Ele, desde a eternidade, habitou na sua morada inacessível de santidade e glória, e continuará eternamente entronizado sobre os cumes da Sua soberania e grandeza independentes. Quão sublime é a Sua Essência incorruptível, quão completamente independente do conhecimento de todas as coisas criadas, e quão imensamente enaltecida permanecerá acima do louvor de todos os habitantes dos céus e da terra!Assim, da próxima vez que você vir algo belo no mundo natural, pense nisso como um espelho da beleza de Deus, e veja-o como um caminho para o transcendente, como um mero reflexo de uma beleza maior e mais duradoura no reino espiritual.
Da fonte enaltecida e da essência da Sua graça e generosidade, Ele confiou a cada coisa criada um sinal do Seu conhecimento, de modo que nenhuma das Suas criaturas pudesse ser privada de expressar a sua parte desse conhecimento, cada uma de acordo com a sua capacidade e condição. Este sinal é o espelho da Sua beleza no mundo da criação. (Bahá'u'lláh, SEB, sec. CXXIV)
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Texto original: Does God Exist? The Argument from Beauty (www.bahaiteachings.org)
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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.
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