sábado, 16 de julho de 2016

Globalização e Nova Ordem Mundial

Por David Langness.

O desejo de paz pela humanidade apenas se pode realizar com a criação de um governo mundial. Com todo o meu coração, acredito que o actual sistema mundial de nações soberanas apenas pode levar à barbaridade, à guerra e à desumanidade. (Albert Eisntein)

Deus permita que os povos do mundo sejam graciosamente ajudados a preservar a luz dos seus conselhos amorosos no globo da sabedoria. Nutrimos a esperança que todos sejam adornados com o traje da verdadeira sabedoria, a base do governo do mundo. (Baha’u’llah, Tablets of Baha’u’llah, p. 166)

Estamos no limiar de uma era cujas convulsões proclamam simultaneamente os estertores de morte da velha ordem e as dores de parto da nova ordem. (Shoghi Effendi, The World Order of Baha’u’llah, p. 169)
A Fé Bahá’í foca-se essencialmente no conceito de unidade mundial. Bahá’u’lláh revelou esse princípio fundamental em meados do século XIX, muito antes de o mundo ter tido qualquer visão do planeta como uma única entidade. Hoje, porém, as forças cada vez mais globais da economia e das migrações fizeram da unidade mundial um conceito polarizador:
A nova ordem mundial que está em construção deve focar-se na criação da democracia, paz e prosperidade mundiais, para todos. (Nelson Mandela)

O caminho dos Rockefellers e dos seus aliados é criar um governo mundial combinando o supercapitalismo e o comunismo sob o mesmo tecto, tudo sob o seu controlo. Estou a dizer que isto é uma conspiração? Sim, estou. Acredito que existe uma conspiração, de âmbito mundial, planeada há muitas gerações, com objectivos incrivelmente malignos. (Larry P. MacDonald , antigo membro da Câmara dos Representantes dos EUA)
Pode-se perceber pelo tom da última citação que a expressão “nova ordem mundial” se tornou sinónimo de conspiração mundial para algumas pessoas. Quando encontramos expressões como “nova ordem mundial” ou “governo mundial” num livro ou numa página da internet, por vezes refere-se a uma visão de conspiração do “fim dos tempos”, de um estado totalitário mundial controlado por uma elite secreta, perversa e poderosa que pode dominar o mundo a qualquer momento – e, se calhar, “eles” até já estão no poder. Há pessoas que acreditam nestas teorias da conspiração; e até tentam “demonstrar” as suas ideias de “nova ordem mundial” relacionando-as com as forças reais da globalização que estão agora em acção no mundo.

Na perspectiva Bahá’í, a expressão “nova ordem mundial” tem um significado totalmente diferente. Em vez de significar tirania e autoritarismo, significa, num contexto Bahá’í, liberdade – estar livre da fome, da pobreza, da guerra e da opressão. Nos ensinamentos Bahá’ís, um nova ordem mundial refere-se à próxima fase inevitável e evolutiva na governação do mundo – uma verdadeira democracia mundial.
O equilíbrio do mundo for perturbado pela influência vibrante desta grandiosa, desta nova Ordem Mundial. (Baha’u’llah, Gleanings from the Writings of Baha’u’llah, p. 136)

Aproxima-se o dia em que teremos recolhido o mundo e tudo o que nele existe, e colocaremos uma nova ordem no seu lugar. (Idem, p 313)

Esta Nova Ordem Mundial, cuja promessa está consagrada na Revelação de Bahá'u'lláh, cujos princípios fundamentais foram enunciados nas escrituras do Centro da Sua Aliança, implica nada menos do que a unificação completa de toda a raça humana. (Shoghi Effendi, The World Order of Baha’u’llah, p. 161)
Há poucas pessoas que ainda negam a marcha imparável das forças da globalização. Caracterizada pelo movimento, a globalização movimenta ideias, produtos, fundos, conhecimento e pessoas por todo o planeta de uma forma mais rápida e eficiente do que nunca. As nações tornaram-se completamente interdependentes. As economias interligaram-se. O comércio aumentou muito. As fronteiras e as identidades nacionais tornaram-se cada vez menos importantes. A nossa sociedade internacional recém-globalizada criou uma teia complexa de forças e factores que unem conceitos, culturas, mercados, crenças, práticas e pessoas, aproximando-as cada vez mais umas das outras. A unificação completa de toda a raça humana, como se pode ver agora, aproxima-se rapidamente.

Mas nem todas as forças da globalização são todas positivas. Muitos dizem que elas tendem a privilegiar os interesses corporativos em detrimento dos interesses das classes trabalhadoras, pobres e indígenas; que promovem a perda de postos de trabalho, permitindo que as empresas se desloquem para países de baixo custo; que prejudicam o meio ambiente global, dando às empresas multinacionais uma autonomia ilimitada para poluir em países sem leis ambientais; e que aumentam o movimento de migrantes e refugiados do Oriente e do Sul globais para o Norte e Ocidente globais. Por estas e outras razões, a globalização assusta muitas pessoas, e começou a criar uma reacção etnocentrista e xenófoba em grande parte do mundo desenvolvido. A saída da Grã-Bretanha da União Europeia é apenas um exemplo dessa reacção que vai, sem dúvida, agravar e aumentar os problemas, ou dar ao mundo uma lição sobre os perigos de resistir à unificação.


Os Bahá’ís acreditam que só existe uma única coisa que pode controlar, aproveitar e direccionar as forças incontroláveis da globalização: uma nova ordem mundial. Esse sistema de unidade espiritual e governação global, democrática nas suas origens e de âmbito mundial, constitui a "missão suprema" e derradeira da Fé Bahá'í:
A Revelação de Bahá'u'lláh, cuja missão suprema não é senão a realização desta unidade orgânica e espiritual de todo o corpo das nações, deve, se queremos ser fiéis às suas implicações, ser considerada como sinalizando através do seu advento a idade adulta de toda a raça humana. Ela deve ser vista não apenas como mais uma revitalização espiritual nos destinos em constante mudança da humanidade, não apenas como mais uma etapa numa sequência de Revelações progressivas, nem mesmo como o culminar de uma série de ciclos proféticos recorrentes, mas sim como marcando a última e mais elevada fase na fantástica evolução da vida colectiva do homem neste planeta. O aparecimento de uma comunidade mundial, a consciência da cidadania mundial, a fundação de uma civilização e cultura mundial... deve, pela sua própria natureza, ser considerada, no que toca a esta vida planetária, como o mais longínquo limite na organização da sociedade humana, embora o homem, enquanto indivíduo, deva, como resultado dessa consumação, continuar indefinidamente a progredir e desenvolver-se. (Idem, p.163)

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Texto original: Globalization: Welcome to the New World Order (www.bahaiteachings.org)

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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.

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