Por Maya Bohnhoff.
Um amigo
ateu (a que vou chamar “Maynard”) colocou uma série de perguntas sobre Deus que
achei suficientemente interessantes para lhe dar uma resposta.
Questão nº
1: Deus é uma entidade (a) material ou (b) não-material? (ou seja, Deus é feito
do mesmo tipo de material como protões, electrões, etc., com propriedades como
massa, carga, rotação, etc. tal como qualquer outra coisa existente no
universo, ou é feito de algo não-material?)
Ciclicamente,
alguém que afirma ser porta-voz de Deus tenta explicar isto à humanidade. Talvez
isso seja um bom ponto de partida - a hipótese de um Ser original, uma Primeira
Causa. Vejamos o que dizem os Profetas de Deus e os defensores deste conceito:
Todo o universo visível vem do meu
Ser invisível. Todos os seres descansam em mim, mas Eu não tenho o Meu descanso
neles, e na verdade eles não descansam em Mim. Considera o meu mistério sagrado:
Eu sou a fonte de todos os seres, Eu apoio todos, mas Eu não descanso neles. (Krishna,
Bhagavad Gita 9: 4)
Como
escritora, eu "percebo" o que ele quer dizer. Eu posso dizer que estou
"dentro" dos livros que escrevo. Eu criei as personagens e a história
a partir da minha imaginação e dos meus pensamentos mais profundos, e as
personagens continuam a viver e a crescer na minha mente. Mas eu não estou literalmente
dentro livro. Não estou abrangida ou condicionada pela história nas suas
páginas, nem tenho que respeitar as regras que estabeleci para o meu universo
ficcional. No entanto, existe uma grande quantidade de "mim" nele. O
livro reflecte as minhas emoções sobre certas coisas e pessoas; revela os meus
processos de pensamento e, em alguns casos, mostram vislumbres de minha vida.
Assim, tal com
Krishna, eu posso dizer "Todo o meu universo literário visível vem do meu
ser invisível. Todas as personagens têm o seu descanso (e origem) em mim, mas
eu não descanso nelas. Na verdade, eles não descansam em mim. Eu sou a sua
fonte, e apoio-os a todos ao escrever sobre eles, mas eu não estou dentro eles."
Por outras palavras, eu não sou definida por eles ou limitada por eles. Eu não
começo nem termino neles, mas transcendo-os. A sua realidade reflecte a minha
realidade e o meu intelecto.
Bahá'u'lláh
(o fundador da Fé Bahá'í) afirma que Deus está num plano de existência acima da
nossa compreensão, tal assim nós estamos acima da compreensão, digamos, de uma
personagem fictícia. Deus não está limitado, estritamente falando, pelas leis
do universo físico que Ele criou, tal como eu não estou condicionada pelas leis
que criei para um mundo de fantasia num dos meus romances.
E sobre
isto, Bahá'u'lláh também diz algo mais interessante, que ecoa antigas vozes
profética:
"Quem se conheceu a si próprio,
conheceu Deus." (SEB, XC)
Nós, seres
humanos somos, de alguma forma essencial, criados à imagem de Deus. Krishna diz
que o atman (alma) é "o espírito
de Deus no homem" e que atman torna
o ser humano precioso aos olhos de Deus e leva-nos a procurá-Lo. Bahá'u'lláh
escreveu sobre a capacidade da alma humana para reflectir os "nomes e
atributos de Deus".
Quando
Bahá'u'lláh diz:
"Eu amei a tua criação, e por isso te criei"
Eu sei em
certa medida, o que Ele quer dizer. Eu conheço o amor indescritível e profundo
que precede os meus próprios actos de criação. Eu sei que as personagens que
crio e os mundos que lhes dou para habitar são a expressão desse amor.
Isso não
significa que somos pequenos deuses. Um dos maiores problemas no mundo de hoje é
que muitas pessoas acreditam verdadeiramente nisso. Penso que é mais correcto reconhecermos
a singularidade de nossa própria faculdade racional, e com isso teremos uma
pista sobre o tipo de inteligência que os seres humanos reflectem no universo.
Então aqui
está uma reviravolta: as escrituras das religiões mundiais dizem-nos que o
espírito humano é um reflexo de Deus, que por Sua vez está na origem do
Universo. Parece apropriado, portanto, que este espírito nos predisponha a questionar:
"Por que estamos aqui?" e "Como chegámos aqui?" (que não
são a mesma questão) e esperar seriamente encontrar uma resposta. Podemos
empregar essa faculdade racional para chegar à ideia de que existe logicamente
um Deus transcendente, não-material.
Como assim?
Se postulamos que Deus é, como nós, feito de material cósmico (átomos, etc),
então vamos acabar com uma regressão infinita. Ou seja, se Deus faz parte deste
universo físico e está sujeito às suas leis, em seguida, a conversa nunca mais
acaba. Temos de perguntar o que causou Deus. Na verdade, qualquer que seja a Origem
das leis que regem o funcionamento deste universo, ela não pode, em si, estar
sujeita às leis universais. Deve ser algo fundamentalmente diferente.
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Texto original: Who is this GodPerson, Anyway? (www.bahaiteachings.org)
Artigo seguinte: Onde está Deus?
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Maya
Bohnhoff é Baha'i e autora de sucesso do New York Times nas áreas de ficção
científica, fantasia e história alternativa. É também compositora/cantora
(juntamente com seu marido Jeff). É um dos membros fundadores do Book View
Café, onde escreve um blog bi-mensal, e ela tem um blog semanal na
www.commongroundgroup.net.
1 comentário:
Muito shou!!!
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