Por Sheila Flood.
Será que
faria diferença nos esforços de paz se existissem mais mulheres a participar na
governação do nosso mundo, em todos os níveis?
No passado,
o mundo viu mulheres a chefiar governos, e de acordo com as Nações Unidas,
temos hoje 18, num total de quase 200 países no mundo. Ainda não parece ter
feito uma grande diferença na política global, mas talvez o número de mulheres
em posições de liderança internacional ainda seja demasiado pequeno para ver novas
tendências emergir nesse mar de masculinidade.
Então, como
podemos escapar da gravidade dos sistemas que herdámos e construir modelos de
governação mais equilibrados, que reflictam o futuro equilibrado e pacífico que
realmente pretendemos?
A história
mostra que os mais poderosos e os mais agressivos entre nós costumam governar.
Mas esse domínio começou gradualmente a mudar para uma era mais pacífica que
enfatiza os direitos humanos e as soluções diplomáticas; trata-se de uma
tendência que foi analisada por pensadores como Steven Pinker e Mary-WynneAshford. Ambos acompanharam o nosso progresso regular em direcção a menos
violência e menos guerras, apesar das impressões generalizadas em sentido
oposto.
É
interessante notar que esta mudança a longo prazo foi prevista como muito frutuosa no futuro pelos ensinamentos Bahá’ís:
O mundo no passado foi governado pela
força e o homem tem dominado a mulher devido às suas qualidades de maior força
e agressividade, tanto do corpo como da mente. Mas o equilíbrio já está a mudar;
a força está a perder o seu domínio, e o estado de alerta mental, a intuição e
as qualidades espirituais de amor e serviço, em que a mulher é forte, estão a ganhar
ascendência. Consequentemente, a nova era será uma época menos masculina e mais
permeada com os ideais femininos, ou, para falar mais precisamente, será uma
época em que os elementos masculinos e femininos da civilização estarão mais
equilibrados. ('Abdu'l-Bahá, de uma entrevista a um jornal em 1912, Star of the
West, Volume 2, p. 4)
É claro que associar
as mulheres com a paz suscitará muitas vezes a resposta de que as mulheres não
são inerentemente mais pacíficas do que os homens. É bem verdade que não
devemos fazer juízos antecipados com base no género, raça ou etnia. Mas colectivamente,
em todos estes casos, há um
Lembro-me de
ser encorajada, quando era jovem na década de 1970, a "entrar no mundo dos
homens" e a "competir em pé de igualdade". Esta terminologia era
inquestionável nessa época, mesmo entre as feministas. Desde então, já percorremos um longo
caminho. O próximo passo parece óbvio: apreciar e respeitar igualmente as
diferenças de género. Os ensinamentos Bahá’ís dizem que quando as mulheres possuírem
orgulhosamente as qualidades tradicionalmente consideradas femininas e os
homens desejarem essas qualidades, estaremos no caminho para uma idade de ouro:
A emancipação das mulheres, a
realização da plena igualdade entre os sexos, é um dos pré-requisitos mais
importantes, embora menos reconhecidos, para a paz. A negação dessa igualdade é
uma injustiça contra metade da população mundial e promove nos homens
atitudes e hábitos prejudiciais que são levados da família para o local de
trabalho, para a vida política e, finalmente, para as relações internacionais.
Não há motivos morais, práticos ou biológicos, sobre os quais essa negação
possa ser justificada. Somente quando as mulheres forem recebidas como
parceiras plenas em todos os campos dos empreendimentos humanos, será criado o
clima moral e psicológico no qual a paz internacional pode emergir. (A Casa Universal de Justiça, A Promessa da Paz Mundial, p. 3)
É
encorajador saber que ensinamentos Bahá’ís como estes já foram considerados
radicais, em todos os locais do mundo. Desde o seu surgimento em 1844 no Irão,
a igualdade dos sexos tem sido um dos ensinamentos fundamentais da Fé Bahá'í.
Sempre considerei esta visão a longo prazo como inspiradora e como um bom
antídoto para qualquer mal-estar político passageiro.
No Dia
Internacional da Mulher em 1993 - há quase 25 anos atrás - a declaração publicada
pelas Nações Unidas expressou uma verdade que continua a ser importante:
A luta pelos direitos das mulheres e a
tarefa de criar uma nova Organização das Nações Unidas capaz de promover a paz
e os valores que a alimentam e sustentam são uma e a mesma coisa. Hoje - mais
do que nunca - a causa das mulheres é a causa de toda a humanidade.
Apesar do progresso
constante mas desigual, esse momento decisivo para escolher colectivamente a
paz mundial ainda nos tem escapado. Exigirá um enorme esforço e uma ampla
mudança filosófica para construir conscientemente sistemas de governação
comprometidos com a colaboração mútua, com a não-violência, e com a
consolidação do espírito humano. Intuitivamente, é lógico que um maior
envolvimento das mulheres aceleraria esta evolução cultural, e que será necessário
um número suficiente para conseguirmos o equilíbrio. Mais cedo ou mais tarde,
chegaremos lá.
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Texto original: What if Women Ranthe World? (www.bahaiteachings.org)
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Sheila Flood
vive com o marido na British Columbia (Canadá) onde participa activamente em
actividades Bahá’ís. É também colaboradora do blog Spiritually Speaking.
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