Por
Christine Muller.
Todos nós
somos afectados pelo sofrimento das pessoas em qualquer lugar; então, como
podemos manter a esperança viva?
O sofrimento
ultrapassa todas as fronteiras: vemos isso na Síria e noutras regiões devastadas
pela guerra; nos numerosos refugiados que abandonaram as suas terras natais por
causa da guerra, da perseguição, da degradação ambiental e da pobreza; nos
quase mil milhões de pessoas que passam fome todos os dias; nos
trabalhadores fabris e agrícolas explorados em muitos lugares do mundo; nas crianças
pobres que não têm alimentação, cuidados de saúde e educação adequados; entre
as muitas pessoas que sofrem com a violência armada e com um sistema criminal e
prisional injusto; entre os povos indígenas que lutam pela sobrevivência
cultural e pela protecção das suas águas e terras; entre as muitas pessoas
cujas mentes são oprimidas por informação enganosa e pela manipulação; entre
todas as pessoas que são discriminadas devido à sua raça, religião ou opiniões
políticas; entre muitas pessoas que sofrem de perseguição devido ao fanatismo
religioso, como os Bahá’ís no Irão; e entre as muitas mulheres que ainda são oprimidas
em muitos locais do mundo.
Também estamos
profundamente conscientes da contínua extinção de espécies vegetais e animais
devido à destruição de habitats, exploração, poluição e alterações climáticas.
Preocupamo-nos com as gerações futuras devido aos atrasos nas acções para
manter o aquecimento global dentro de certos limites. Preservar um planeta
habitável para as gerações futuras parece tornar-se um objectivo cada vez mais ilusório.
No entanto,
não devemos perder a esperança.
Os Bahá’ís
acreditam que Deus nos enviou uma nova revelação, na pessoa de Bahá’u’lláh, que
fala destes problemas actuais - e que todos podem ser enfrentados de forma
eficiente, implementando os ensinamentos Bahá'ís, a nível individual e colectivo.
Mas Bahá’u’lláh alertou-nos que a humanidade passará por um período de grave sofrimento
antes de estar pronta para ouvir a nova mensagem de Deus. As escrituras Bahá’ís
explicam:
O propósito de Deus não é outro senão
dar início - de maneiras que só Ele consegue, e cujo pleno significado só Ele
pode sondar - à Grandiosa Idade de Ouro de uma humanidade há muito dividida e atormentada.
O seu estado actual, e até mesmo o seu futuro imediato, é sombrio,
angustiantemente sombrio. O seu futuro distante, porém, é radiante,
gloriosamente radiante - tão radiante que nenhum olhar o pode visualizar.
"Os ventos do desespero",
escreve Bahá'u'lláh, ao avaliar os destinos imediatos da humanidade, "estão,
infelizmente, a soprar de todas as direcções, e a luta que divide e atormenta a
raça humana aumenta diariamente. Os sinais das convulsões e caos iminentes
podem agora ser discernidos, pois a ordem predominante parece estar
lamentavelmente defeituosa." (Shoghi Effendi, The Promised Day is Come, p.116)
Bahá’u’lláh
também nos advertiu sobre os exageros da civilização material e de ultrapassarmos
os nossos limites:
Quem adere à justiça, não pode, em
nenhuma circunstância, transgredir os limites da moderação... A civilização,
tão frequentemente alardeada pelos sábios representantes das artes e das
ciências, se lhe for permitido transpor os limites da moderação, provocará um
grande mal aos homens... Se levada ao excesso, a civilização mostrar-se-á como uma
prolífica fonte de mal, tal como tinha sido de benevolência quando mantida
dentro dos limites da moderação. (Gleanings from the Writings of Baha’u’llah, sec. CLXIV)
Enquanto
vemos os problemas da humanidade crescerem para dimensões enlouquecedoras,
também podemos ver o espírito da nova revelação Bahá’í começar a florescer, permeando
os pensamentos e sentimentos da humanidade.
A escravidão
foi abolida nos Estados Unidos no ano em que Bahá’u’lláh proclamou a Sua
missão. O mundo tem feito progressos consistentes na igualdade racial e de género.
O ensinamento originalmente revolucionário de Bahá'u'lláh de que "a Terra
é um só país e a humanidade os seus cidadãos" tocou as almas de muitas
pessoas em todo o mundo. A cooperação internacional evoluiu e atingiu um nível
significativo com o Acordo Climático de Paris de 2015. Os Objectivos de
Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas abordam todos estes problemas e
parecem estar marcados com o espírito que Bahá’u’lláh trouxe ao mundo.
Assim,
podemos esperar que o processo de maturação e a unificação da humanidade seja precedido de grande agitação. No entanto, Deus prometeu-nos através de todas as religiões
que haverá um tempo em que as pessoas viverão em paz, quando "transformarem
as suas espadas em arados". As escrituras Bahá'ís explicam isso muito bem:
O mundo, na verdade, está a avançar
em direcção ao seu destino. A interdependência dos povos e nações da Terra, não
obstante o que os líderes das forças divisórias do mundo possam dizer ou fazer,
já é um facto consumado. A sua unidade na esfera económica é agora compreendida
e reconhecida. O bem-estar de uma parte significa o bem-estar do todo, e o
sofrimento de uma parte angustia o todo. A Revelação de Bahá’u’lláh, segundo as
Suas próprias palavras, deu "um novo impulso e definiu uma nova direcção"
para este vasto processo que agora opera no mundo. Os incêndios ateados por
esta grande provação são as consequências do fracasso dos homens em
reconhecê-lo. Eles estão, além disso, a acelerar a sua consumação. A
adversidade, prolongada, global, tormentosa, aliada ao caos e à destruição
universal, deve necessariamente abalar as nações, agitar a consciência do
mundo, desenganar as massas, precipitar uma mudança radical no próprio conceito
de sociedade e juntar os membros ensanguentados e dispersos da humanidade num
corpo único, organicamente unido e indivisível. (Shoghi Effendi, The PromisedDay is Come, pag. 122-123)
Então o que é
que todos nós podemos fazer? Os Bahá’ís trabalham em duas áreas para realizar a
unidade do mundo. Em primeiro lugar, participam numa comunidade mundial assente
nos princípios espirituais e nos ensinamentos sociais de Bahá’u’lláh - com o objectivo
de construir uma sociedade global espiritual, justa e um ambientalmente
sustentável, onde cada ser humano seja respeitado e cuidado, e onde cada
indivíduo se esforça para servir o bem comum. Em segundo lugar, sempre que
podem, os Bahá’ís colaboram com pessoas de outras religiões e sem religião para
aliviar o sofrimento humano e encontrar soluções para os problemas sociais.
Todos são bem-vindos para se unirem nestes esforços.
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Texto original: Finding Hope for a Disordered World (www.bahaiteachings.org)
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Christine
Muller estudou música e é uma apaixonada pelo meio-ambiente e pela Fé Bahá’í. Actualmente
é professora no Wilmette Institute no curso sobre alterações climáticas.
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