sábado, 11 de fevereiro de 2017

Descobrir a Esperança num Mundo em desordem



Todos nós somos afectados pelo sofrimento das pessoas em qualquer lugar; então, como podemos manter a esperança viva?

O sofrimento ultrapassa todas as fronteiras: vemos isso na Síria e noutras regiões devastadas pela guerra; nos numerosos refugiados que abandonaram as suas terras natais por causa da guerra, da perseguição, da degradação ambiental e da pobreza; nos quase mil milhões de pessoas que passam fome todos os dias; nos trabalhadores fabris e agrícolas explorados em muitos lugares do mundo; nas crianças pobres que não têm alimentação, cuidados de saúde e educação adequados; entre as muitas pessoas que sofrem com a violência armada e com um sistema criminal e prisional injusto; entre os povos indígenas que lutam pela sobrevivência cultural e pela protecção das suas águas e terras; entre as muitas pessoas cujas mentes são oprimidas por informação enganosa e pela manipulação; entre todas as pessoas que são discriminadas devido à sua raça, religião ou opiniões políticas; entre muitas pessoas que sofrem de perseguição devido ao fanatismo religioso, como os Bahá’ís no Irão; e entre as muitas mulheres que ainda são oprimidas em muitos locais do mundo.

Também estamos profundamente conscientes da contínua extinção de espécies vegetais e animais devido à destruição de habitats, exploração, poluição e alterações climáticas. Preocupamo-nos com as gerações futuras devido aos atrasos nas acções para manter o aquecimento global dentro de certos limites. Preservar um planeta habitável para as gerações futuras parece tornar-se um objectivo cada vez mais ilusório.

No entanto, não devemos perder a esperança.

Os Bahá’ís acreditam que Deus nos enviou uma nova revelação, na pessoa de Bahá’u’lláh, que fala destes problemas actuais - e que todos podem ser enfrentados de forma eficiente, implementando os ensinamentos Bahá'ís, a nível individual e colectivo. Mas Bahá’u’lláh alertou-nos que a humanidade passará por um período de grave sofrimento antes de estar pronta para ouvir a nova mensagem de Deus. As escrituras Bahá’ís explicam:

O propósito de Deus não é outro senão dar início - de maneiras que só Ele consegue, e cujo pleno significado só Ele pode sondar - à Grandiosa Idade de Ouro de uma humanidade há muito dividida e atormentada. O seu estado actual, e até mesmo o seu futuro imediato, é sombrio, angustiantemente sombrio. O seu futuro distante, porém, é radiante, gloriosamente radiante - tão radiante que nenhum olhar o pode visualizar.

"Os ventos do desespero", escreve Bahá'u'lláh, ao avaliar os destinos imediatos da humanidade, "estão, infelizmente, a soprar de todas as direcções, e a luta que divide e atormenta a raça humana aumenta diariamente. Os sinais das convulsões e caos iminentes podem agora ser discernidos, pois a ordem predominante parece estar lamentavelmente defeituosa." (Shoghi Effendi, The Promised Day is Come, p.116)

Bahá’u’lláh também nos advertiu sobre os exageros da civilização material e de ultrapassarmos os nossos limites:

Quem adere à justiça, não pode, em nenhuma circunstância, transgredir os limites da moderação... A civilização, tão frequentemente alardeada pelos sábios representantes das artes e das ciências, se lhe for permitido transpor os limites da moderação, provocará um grande mal aos homens... Se levada ao excesso, a civilização mostrar-se-á como uma prolífica fonte de mal, tal como tinha sido de benevolência quando mantida dentro dos limites da moderação. (Gleanings from the Writings of Baha’u’llah, sec. CLXIV)

Enquanto vemos os problemas da humanidade crescerem para dimensões enlouquecedoras, também podemos ver o espírito da nova revelação Bahá’í começar a florescer, permeando os pensamentos e sentimentos da humanidade.

A escravidão foi abolida nos Estados Unidos no ano em que Bahá’u’lláh proclamou a Sua missão. O mundo tem feito progressos consistentes na igualdade racial e de género. O ensinamento originalmente revolucionário de Bahá'u'lláh de que "a Terra é um só país e a humanidade os seus cidadãos" tocou as almas de muitas pessoas em todo o mundo. A cooperação internacional evoluiu e atingiu um nível significativo com o Acordo Climático de Paris de 2015. Os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas abordam todos estes problemas e parecem estar marcados com o espírito que Bahá’u’lláh trouxe ao mundo.

Assim, podemos esperar que o processo de maturação e a unificação da humanidade seja precedido de grande agitação. No entanto, Deus prometeu-nos através de todas as religiões que haverá um tempo em que as pessoas viverão em paz, quando "transformarem as suas espadas em arados". As escrituras Bahá'ís explicam isso muito bem:

O mundo, na verdade, está a avançar em direcção ao seu destino. A interdependência dos povos e nações da Terra, não obstante o que os líderes das forças divisórias do mundo possam dizer ou fazer, já é um facto consumado. A sua unidade na esfera económica é agora compreendida e reconhecida. O bem-estar de uma parte significa o bem-estar do todo, e o sofrimento de uma parte angustia o todo. A Revelação de Bahá’u’lláh, segundo as Suas próprias palavras, deu "um novo impulso e definiu uma nova direcção" para este vasto processo que agora opera no mundo. Os incêndios ateados por esta grande provação são as consequências do fracasso dos homens em reconhecê-lo. Eles estão, além disso, a acelerar a sua consumação. A adversidade, prolongada, global, tormentosa, aliada ao caos e à destruição universal, deve necessariamente abalar as nações, agitar a consciência do mundo, desenganar as massas, precipitar uma mudança radical no próprio conceito de sociedade e juntar os membros ensanguentados e dispersos da humanidade num corpo único, organicamente unido e indivisível. (Shoghi Effendi, The PromisedDay is Come, pag. 122-123)

Então o que é que todos nós podemos fazer? Os Bahá’ís trabalham em duas áreas para realizar a unidade do mundo. Em primeiro lugar, participam numa comunidade mundial assente nos princípios espirituais e nos ensinamentos sociais de Bahá’u’lláh - com o objectivo de construir uma sociedade global espiritual, justa e um ambientalmente sustentável, onde cada ser humano seja respeitado e cuidado, e onde cada indivíduo se esforça para servir o bem comum. Em segundo lugar, sempre que podem, os Bahá’ís colaboram com pessoas de outras religiões e sem religião para aliviar o sofrimento humano e encontrar soluções para os problemas sociais. Todos são bem-vindos para se unirem nestes esforços.

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Christine Muller estudou música e é uma apaixonada pelo meio-ambiente e pela Fé Bahá’í. Actualmente é professora no Wilmette Institute no curso sobre alterações climáticas.

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