Por TomTai-Seale.
Os Bahá'ís
acreditam que o Budismo constitui uma parte vital do plano divino, representando
um forte vínculo no processo da revelação progressiva ao longo dos tempos. Mas
como é que uma religião com escassas referências a Deus pode ser parte do mesmo
sistema global que as religiões teístas? Para responder a estas questões,
precisamos investigar a história e as escrituras Budistas.
Siddhartha
Gautama, o Buda, nasceu por volta de 500 aC, em Kapilavastu, no Nepal. Sobre o
início da vida de Buda, um investigador budista escreve:
A tradicional história da vida
transmitida e conhecida entre todos os budistas é bastante completa. Podemos
estar bastante seguros de que contém informações históricas muito precisas.
Temos a certeza que contém elaborações e adições posteriores. O que muitas vezes
não sabemos é qual é qual. (L.S. Cousins, A Handbook of Living Religions)
Foto Mosteiro de Nigrodharama
Ruínas do mosteiro de Nigrodharama perto do local de nascimento de Sidartha e onde Ele esteve durante a sua iluminação |
Algumas das
histórias contadas sobre o Buda lembram mitos - mas é sempre mais fácil
detectar os mitos de outra religião do que os mitos da nossa própria religião.
A grandeza dos mitos, no entanto, revela a grandeza do Buda nos corações dos
Seus seguidores. O Buda, sem dúvida, foi um grande ser - o Fundador de uma das
grandes religiões mundiais - reverenciado e respeitado em todo o mundo.
Tal como as
histórias que se contam sobre o Buda, a autenticidade das escrituras Budistas
também tem aspectos problemáticos. Os ensinamentos Budistas apenas foram
escritos no século I aC - um período de pelo menos 300 anos desde o tempo em
que o próprio Buda viveu. Os textos Budistas mais antigos foram recuperados no
Sri Lanka e foram escritos num idioma conhecido como pali - embora a palavra
apenas signifique "texto". O Buda não falava pali; falava Magadhi.
Pali é uma linguagem sintética, uma amálgama de vários dialectos, incluindo o
que o Buda falava. Hoje em dia não é falado, excepto por devotos e estudiosos
Budistas, tal como o latim para os estudiosos ocidentais.
Originalmente,
os ensinamentos de Buda foram divididos em nove categorias (as seguintes
explicações variam): sutra (prosa), geya (prosa e verso), vyakarana (respostas às perguntas), gatha jataka (histórias de
nascimentos passados), udana (frases
inspiradas) itivrttaka (palavras
memoráveis), vedalla (catecismo) e adbhutadharma (qualidades maravilhosas),
mas depois da morte do Buda, uma categorização mais simples entrou em vigor e
as escrituras foram divididas em nikayas
("volumes" em pali) ou agamas
("colecções de escrituras" em sânscrito).
Escrituras Budistas em sânscrito |
O primeiro
volume destas colecções de escrituras chama-se vinaya (tanto em pali como em sânscrito) e contém instruções sobre
disciplina monástica. O segundo chama-se sutta
em pali e sutra em sânscrito. Contêm
registros dos discursos ou ensinamentos públicos do Buda (dhamma em pali e dharma
em sânscrito). Posteriormente, surgiu um terceiro volume chamado abhidhamma em pali e o abhidharma em sânscrito. Estes discursos
sobre dharma reflectiam diferentes
entendimentos dos ensinamentos do Buda. É provável que no início tenham sido produzidas
muitas versões distintas, mas apenas duas versões completas sobreviveram: uma -
da escola Sarvāstivāda - tornou-se
dominante no norte da Índia e na Ásia central; e outro - da escola cingalesa -
espalhou-se para o sul e seguidamente para o sudeste asiático. Juntos, estes
três grandes volumes de escrituras são chamados de Tipitaka em pali (tripatika
em Sanskrit), que literalmente significa, "três cestos".
Podemos
perceber um pouco da imensidão do problema da autenticidade das escrituras
Budistas ao saber que apenas os discursos contêm muitas milhares de páginas,
muitas vezes maiores do que a Bíblia, ocupando o espaço equivalente de pelo
menos 50 volumes em edições modernas. É inconcebível que uma tão grande
quantidade de material possa ter sido transmitida oralmente sem modificação,
alteração ou erro durante centenas de anos antes de ser escrito.
Os Bahá’ís
acreditam que Buda foi um Manifestante de Deus, como Cristo, mas que os seus
seguidores não possuem as suas escrituras originais. Este problema de
autenticidade afecta muitas religiões, incluindo o Judaísmo, o Cristianismo e
(em menor medida) o Islão. Mas, apesar deste problema e do problema paralelo da
corrupção gradual dos ensinamentos autênticos e originais de cada um dos
Profetas ao longo do tempo, os principais ensinamentos destas grandes religiões
têm uma consistência e congruência notáveis:
O verdadeiro ensinamento de Buda
é o mesmo ensinamento de Jesus Cristo. Os ensinamentos de todos os Profetas são
os mesmos em carácter. Agora os homens mudaram o ensinamento. Se virem a
prática actual da religião Budista, verão resta pouca coisa da Realidade. Há
muita adoração de ídolos, embora os seus ensinamentos o proíbam. (Abdu’l-Baha in London, p. 63)
É claro que
algumas formas de Budismo não estão focadas em ídolos, mas o Budismo, como
todas as religiões, precisa de renovação.
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Texto Original: Buddhism and the Baha’i Faith (www.bahaiteachings.org)
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Tom
Tai-Seale é professor de saúde pública na Texas A&M University e
investigador de religião. É autor de numerosos artigos sobre saúde pública e
também de uma introdução bíblica à Fé Bahai: Thy Kingdom Come, da Kalimat
Press.
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