Por David Langness.
Ao longo da história humana, quando os períodos de descrença, separação e degeneração religiosa atingiam o seu apogeu, surgiu sempre uma nova Fé.
Tal como
numa floresta saudável, quando as árvores antigas caem e morrem, as novas
árvores tomam o seu lugar.
Este ciclo constante
de declínio e renovação sempre esteve presente no nascimento de cada uma das
grandes religiões.
Por exemplo:
os fundadores do Judaísmo, do Budismo, do Islão e do Cristianismo, surgiram em
momentos em que os destinos da sociedade se encontravam no ponto mais baixo do
seu declínio e a anterior dispensação religiosa tinha perdido o seu poder
espiritual inicial. Nesses momentos as religiões existentes definhavam no
sectarismo, conflito e hostilidade aberta. As civilizações tinham enfraquecido.
A espiritualidade colectiva de toda uma cultura tinha-se deteriorado. A luz da
lâmpada de Deus quase se extinguira.
E depois,
metaforicamente, surgia um novo dia:
… o Sol da Realidade, quando ilumina
o horizonte do mundo interior, anima, vivifica e desperta com um poder divino
maravilhoso. As árvores das mentes humanas adornam-se com túnicas novas e
verdejantes, mostrado folhas e rebentos, e gerando frutos celestiais de boas
novas celestiais. Depois, flores de significados interiores surgem no solo das
almas humanas, e todo o ser humano desperta para uma nova actividade divina.
Este é o crescimento e o desenvolvimento do mundo interior feito através da luz
esplendorosa da orientação divina e do calor do fogo do amor de Deus.
O sol físico ergue-se e põe-se. O
mundo terrestre tem o seu dia e a sua noite. Após cada ocaso do sol, segue-se
uma alvorada e o nascimento de um novo dia. De igual modo, o Sol da Realidade,
tem o seu ocaso e a sua madrugada. Existe dia e noite no mundo da
espiritualidade. Após cada partida, existe um regresso, e surge a luz de um
novo dia. (‘Abdu’l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 271)
Hoje, vemos
a dinâmica deste processo cíclico em acção no mundo, com as pessoas
decepcionadas com as religiões dos seus pais, questionando-as e abandonando em
números cada vez maiores aquelas tradições antiquadas. No fundo, se todas
aquelas tradições perderam o seu significado interior, o seu sentido, a sua
vitalidade, então porque continuariam as pessoas a segui-las?
Esta energia
inquisitiva e incansável leva as pessoas a embarcar numa busca espiritual, a
procurar algo que dê às suas vidas, sentido, propósito e clareza. Essa energia
espalhou-se pelo nosso mundo contemporâneo. Buscadores de antigas tradições e
fés seguiram o seu próprio percurso individual, tentando encontrar um novo
caminho para compreender a realidade e saciar a sua fome espiritual.
Os
ensinamentos Bahá’ís encorajam esta busca:
Sabei em verdade que o buscador deve,
no início da sua busca por Deus, entrar no Jardim da Busca. Nesta viagem
compete ao caminhante desprender-se de tudo salvo de Deus e fechar os seus
olhos para tudo o que está nos céus e na terra. Não deve demorar o seu coração no
amor ou no ódio por qualquer alma, pois isso pode impedi-lo de alcançar a
morada da Beleza celestial. Deve santificar a sua alma dos véus da glória e
abster-se de se vangloriar de vaidades mundanas, conhecimento exterior e outras
dádivas que Deus lhe possa ter concedido. Deve procurar a verdade com a maior
destreza e empenho, para que Deus o guie nos caminhos do Seu favor e nos
caminhos da Sua misericórdia. (Bahá’u’lláh, Gems of Divine Mysteries, p. 18)
Mas porque é
que entrámos neste tempo de procura e questionamento? Porque é que, mais do que
nunca, existem pessoas que se descrevem como buscadores sem nenhuma religião em
particular e sem qualquer sistema de crença formal?
Na
perspectiva Bahá’í, este espírito inquisitivo é um desenvolvimento saudável,
uma resposta adequada e compreensiva à necessidade de renovação da religião, e
um novo sentido de possibilidades espirituais.
Os
ensinamentos Bahá’ís dizem que a religião é um sistema orgânico único que
necessita de renovação periódica – o que oferece uma enorme esperança a todos
os que, de forma independente, procuram a verdade:
Assim é que, através do aparecimento
destes Luminares de Deus o mundo é renovado, as águas da vida eterna jorram, as
ondas da amorosa generosidade elevam-se, as nuvens da graça acumulam-se, e as
brisas das dádivas sopram sobre todas as coisas criadas. (Bahá’u’lláh, The Bookof Certitude, ¶31)
Os
ensinamentos Bahá’ís pedem-nos que compreendamos todas as religiões e o seu
ciclo de renovação como um único processo evolutivo em vez de acontecimentos
fixos e dogmáticos que aconteceram uma vez no passado. Despertam-nos suavemente
e pedem-nos que vejamos o amanhecer do novo dia.
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Texto original: When Religion Degenerates, a New Faith Appears (www.bahaiteachings.org)
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David
Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor
e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California,
EUA.
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