sábado, 2 de junho de 2018

Quem acredita na intuição feminina?



Alguma vez sentiu um rasgo intuitivo de inspiração e depois perguntou a si próprio: “De onde é que aquilo veio?”

Gerd Gigerenzer, um director do Instituto Max Plank para o Desenvolvimento Humano, afirmou que as pessoas inteligentes ouvem os seus próprios sentimentos. As pessoas mais inteligentes entre nós - aquelas que conseguem dar grandes passos no progresso intelectual - não o conseguem deixar de usar o poder da intuição.

Tanto quanto sabemos hoje, todos os processos no nosso cérebro iniciam-se com axiões e ligações sinápticas. Os neurocientistas acreditam que interacções eléctricas e químicas geram cada uma das letras e palavras em que pensamos, em qualquer língua em que pensemos. Mas juntamente com estes processos físicos que fazem estas ligações, o nosso pensamento inicia-se com duas capacidades humanas fundamentais: imaginação e memória.

A intuição, ou a capacidade para intuir uma coisa - o que significa a suposição de uma verdade ou realidade baseada em pensamentos racionais e emocionais - é uma função tanto da imaginação como da memória. Todos a temos, apesar de algumas pessoas terem faculdades intuitivas altamente desenvolvidas.

Quando dizemos coisas como “Eu sabia que aquele condutor ia virar à esquerda” ou “Penso que a tia Maria vai aparecer sem avisar na festa de aniversário da minha mãe” e isso acontece, vemos a intuição a funcionar.

A intuição é, simultaneamente, uma forma de conhecimento e não-conhecimento Pressupõe ou assume um resultado, que por vezes está certo e outras vezes está errado. Mas existem estudos que mostram que a intuição das mulheres é mais forte que a dos homens.

Albert Einstein afirmou: “A mente intuitiva é uma dádiva sagrada e a mente racional é um servo fiel. Criámos uma sociedade que valoriza o servo e esquece a dádiva.

Sabemos que as crianças têm mais intuição do que os adultos e tendem a perdê-la à medida que vão crescendo. A intuição parece funcionar como um tipo de sensibilidade para a realidade e para aquilo que o futuro nos reserva; a maioria dos adultos desvaloriza o poder da intuição à medida que envelhece, focando-se apenas naquilo que está à nossa frente (em vez daquilo que está ao nosso redor).

Então, porque é que as mulheres, geralmente, têm maior sensibilidade para os seus dotes intuitivos do que os homens? Os ensinamentos Bahá’ís indicam que a intuição está relacionada com as qualidades espirituais da alma de uma pessoa:

De uma forma geral, hoje as mulheres têm um maior sentido de religiosidade do que os homens. A intuição da mulher é mais correcta; ela é mais receptiva e a sua inteligência é mais rápida. Aproxima-se o dia em que ela afirmará a sua superioridade em relação ao homem.
Em toda a parte, a mulher é elogiada pela sua fidelidade. Depois do Cristo Senhor ter sofrido, os discípulos choraram e cederam à dor. Pensavam que as suas esperanças estavam desfeitas e que a Causa estava completamente perdida, até que Maria Madalena veio ter com eles e os fortaleceu dizendo: “Vocês choram o corpo do Nosso Senhor ou o Seu Espírito? Se choram o Seu Espírito, então estão enganados, porque Jesus está vivo!” E assim, através da sua sabedoria e encorajamento, a Causa de Cristo recebeu apoio durante todos os dias que se seguiram. A sua intuição permitiu-lhe compreender um facto espiritual. (‘Abdu’l-Bahá, Abdu’l-Bahá in London, pp. 104-105)

No passado, o mundo foi governado pela força e o homem dominou a mulher devido às suas qualidades violentas e agressivas, tanto no corpo como na mente. Mas o equilíbrio já está a mudar; a força está a perder o seu domínio e a vigilância mental, a intuição, e as qualidades espirituais do amor e do serviço, em que a mulher é forte, estão a ganhar ascendente. (‘Abdu’l-Bahá, Star of the West, Volume 2, p. 4)

É claro que os pressentimentos condicionam as nossas decisões e acções, de uma forma ou de outra; quando há um incêndio, podemos ajudar ou fugir; quando um bebé chora, podemos pegar nele ou deixá-lo chorar até que ele se canse. Os “pressentimentos” como alguém os designou, podem ser a própria intuição a falar para os nossos corações e mentes.

A intuição também funciona quando, por exemplo, alguém fala connosco. Percebemos o tom, a vivacidade, a intensidade e o colorido da linguagem, as mãos, os olhos e as expressões faciais da pessoa que fala e muito mais; com tudo isso as suas palavras podem tocar-nos ou não. É como se tivéssemos um detector de mentiras dentro de nós, um polígrafo ligado para avaliar física, mental, espiritual e emocionalmente a verdade das palavras que nos dizem.

Assim, sabemos que a intuição é uma dádiva e um talento que o Criador nos deu, tal como outros poderes internos e externos, a nossa imaginação e memória, o nosso conhecimento e raciocínio. Todos nós, cada ser humano, necessitamos das dádivas espirituais que surgem com o reconhecimento das forças divinas - aquilo que os ensinamentos Bahá’ís chamam “sopros intuitivos do Espírito Santo”

… o mundo da humanidade está necessitado das confirmações do Espírito Santo. A verdadeira distinção entre a humanidade faz-se através de favores divinos e recebendo as intuições do Espírito Santo. Se o homem não se torna receptor dos favores divinos e das dádivas espirituais, ele fica no plano e no reino animal. Pois a distinção entre o animal e o homem é que o homem está dotado com o potencial da divindade na sua natureza, enquanto que o animal está completamente desprovido dessa dádiva e realização. Por isso, se um homem estiver privado dos sopros intuitivos do Espírito Santo, privado dos favores divinos, sem contacto com o mundo celestial e indiferente às verdades eternas, apesar de ser um homem em imagem e semelhança, na realidade é um animal. (‘Abdu’l-Bahá, The Promulgation ofUniversal Peace, pp. 316-317)

Gostaria de despertar, desenvolver e alargar as suas capacidades e sensibilidades intuitivas? ‘Abdu’l-Bahá desejava que todos nós fizéssemos “grandes progressos” na compreensão intuitiva:

Existem dois tipos de compreensão: objectivo e subjectivo. Para ilustrar: vês este copo, ou esta água, e compreendes de forma objectiva as suas partes constituintes. Por outro lado, não podes ver o amor, o intelecto, o ódio, a raiva, o sofrimento, mas reconhece-os de forma subjectiva através dos seus sinais e manifestações. O primeiro é material, o segundo é espiritual. A primeira é visível; a segunda é intuitiva. Espero que possas fazer o maior progresso no segundo tipo de compreensão. (‘Abdu’l-Bahá, Star of the West, Volume 4, p. 179)

Se desejam desenvolver a vossa percepção intuitiva - e a sabedoria que daí resulta - foquem-se no lado espiritual das vossas vidas; descobrirão que a vossa intuição vos ajudará ao longo desta vida e da próxima.

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Rodney Richards é escritor técnico de profissão e trabalhou durante 39 anos para o Governo Estadual de New Jersey. Reformou-se em 2009 e dedicou-se à escrita (prosa e poesia),tendo publicado o seu primeiro livro de memórias Episodes: A poetic memoir. É casado, orgulha-se dos seus filhos adultos, e permanece um elemento activo na sua comunidade.

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