Por Rodney Richards.
Alguma vez
sentiu um rasgo intuitivo de inspiração e depois perguntou a si próprio: “De
onde é que aquilo veio?”
Gerd Gigerenzer,
um director do Instituto Max Plank para o Desenvolvimento Humano, afirmou que
as pessoas inteligentes ouvem os seus próprios sentimentos. As pessoas mais
inteligentes entre nós - aquelas que conseguem dar grandes passos no progresso
intelectual - não o conseguem deixar de usar o poder da intuição.
Tanto quanto
sabemos hoje, todos os processos no nosso cérebro iniciam-se com axiões e
ligações sinápticas. Os neurocientistas acreditam que interacções eléctricas e
químicas geram cada uma das letras e palavras em que pensamos, em qualquer
língua em que pensemos. Mas juntamente com estes processos físicos que fazem
estas ligações, o nosso pensamento inicia-se com duas capacidades humanas
fundamentais: imaginação e memória.
A intuição,
ou a capacidade para intuir uma coisa - o que significa a suposição de uma
verdade ou realidade baseada em pensamentos racionais e emocionais - é uma
função tanto da imaginação como da memória. Todos a temos, apesar de algumas
pessoas terem faculdades intuitivas altamente desenvolvidas.
Quando
dizemos coisas como “Eu sabia que aquele condutor ia virar à esquerda” ou
“Penso que a tia Maria vai aparecer sem avisar na festa de aniversário da minha
mãe” e isso acontece, vemos a intuição a funcionar.
A intuição
é, simultaneamente, uma forma de conhecimento e não-conhecimento Pressupõe ou
assume um resultado, que por vezes está certo e outras vezes está errado. Mas
existem estudos que mostram que a intuição das mulheres é mais forte que a dos
homens.
Albert
Einstein afirmou: “A mente intuitiva é uma dádiva sagrada e a mente racional é
um servo fiel. Criámos uma sociedade que valoriza o servo e esquece a dádiva.”
Sabemos que
as crianças têm mais intuição do que os adultos e tendem a perdê-la à medida
que vão crescendo. A intuição parece funcionar como um tipo de sensibilidade
para a realidade e para aquilo que o futuro nos reserva; a maioria dos adultos
desvaloriza o poder da intuição à medida que envelhece, focando-se apenas
naquilo que está à nossa frente (em vez daquilo que está ao nosso redor).
Então,
porque é que as mulheres, geralmente, têm maior sensibilidade para os seus
dotes intuitivos do que os homens? Os ensinamentos Bahá’ís indicam que a
intuição está relacionada com as qualidades espirituais da alma de uma pessoa:
De uma forma geral, hoje as
mulheres têm um maior sentido de religiosidade do que os homens. A intuição da
mulher é mais correcta; ela é mais receptiva e a sua inteligência é mais
rápida. Aproxima-se o dia em que ela afirmará a sua superioridade em relação ao
homem.
Em toda a parte, a mulher é
elogiada pela sua fidelidade. Depois do Cristo Senhor ter sofrido, os
discípulos choraram e cederam à dor. Pensavam que as suas esperanças estavam
desfeitas e que a Causa estava completamente perdida, até que Maria Madalena
veio ter com eles e os fortaleceu dizendo: “Vocês choram o corpo do Nosso
Senhor ou o Seu Espírito? Se choram o Seu Espírito, então estão enganados,
porque Jesus está vivo!” E assim, através da sua sabedoria e encorajamento, a
Causa de Cristo recebeu apoio durante todos os dias que se seguiram. A sua
intuição permitiu-lhe compreender um facto espiritual. (‘Abdu’l-Bahá,
Abdu’l-Bahá in London, pp. 104-105)
No passado, o mundo foi governado
pela força e o homem dominou a mulher devido às suas qualidades violentas e
agressivas, tanto no corpo como na mente. Mas o equilíbrio já está a mudar; a
força está a perder o seu domínio e a vigilância mental, a intuição, e as
qualidades espirituais do amor e do serviço, em que a mulher é forte, estão a
ganhar ascendente. (‘Abdu’l-Bahá, Star of the West, Volume 2, p. 4)
É claro que
os pressentimentos condicionam as nossas decisões e acções, de uma forma ou de
outra; quando há um incêndio, podemos ajudar ou fugir; quando um bebé chora,
podemos pegar nele ou deixá-lo chorar até que ele se canse. Os
“pressentimentos” como alguém os designou, podem ser a própria intuição a falar
para os nossos corações e mentes.
A intuição
também funciona quando, por exemplo, alguém fala connosco. Percebemos o tom, a
vivacidade, a intensidade e o colorido da linguagem, as mãos, os olhos e as
expressões faciais da pessoa que fala e muito mais; com tudo isso as suas
palavras podem tocar-nos ou não. É como se tivéssemos um detector de mentiras
dentro de nós, um polígrafo ligado para avaliar física, mental, espiritual e
emocionalmente a verdade das palavras que nos dizem.
Assim,
sabemos que a intuição é uma dádiva e um talento que o Criador nos deu, tal
como outros poderes internos e externos, a nossa imaginação e memória, o nosso
conhecimento e raciocínio. Todos nós, cada ser humano, necessitamos das dádivas
espirituais que surgem com o reconhecimento das forças divinas - aquilo que os
ensinamentos Bahá’ís chamam “sopros intuitivos do Espírito Santo”
… o mundo da humanidade está
necessitado das confirmações do Espírito Santo. A verdadeira distinção entre a
humanidade faz-se através de favores divinos e recebendo as intuições do
Espírito Santo. Se o homem não se torna receptor dos favores divinos e das dádivas
espirituais, ele fica no plano e no reino animal. Pois a distinção entre o
animal e o homem é que o homem está dotado com o potencial da divindade na sua
natureza, enquanto que o animal está completamente desprovido dessa dádiva e
realização. Por isso, se um homem estiver privado dos sopros intuitivos do
Espírito Santo, privado dos favores divinos, sem contacto com o mundo celestial
e indiferente às verdades eternas, apesar de ser um homem em imagem e
semelhança, na realidade é um animal. (‘Abdu’l-Bahá, The Promulgation ofUniversal Peace, pp. 316-317)
Gostaria de
despertar, desenvolver e alargar as suas capacidades e sensibilidades
intuitivas? ‘Abdu’l-Bahá desejava que todos nós fizéssemos “grandes progressos”
na compreensão intuitiva:
Existem dois tipos de compreensão:
objectivo e subjectivo. Para ilustrar: vês este copo, ou esta água, e
compreendes de forma objectiva as suas partes constituintes. Por outro lado,
não podes ver o amor, o intelecto, o ódio, a raiva, o sofrimento, mas
reconhece-os de forma subjectiva através dos seus sinais e manifestações. O
primeiro é material, o segundo é espiritual. A primeira é visível; a segunda é
intuitiva. Espero que possas fazer o maior progresso no segundo tipo de
compreensão. (‘Abdu’l-Bahá, Star of the West, Volume 4, p. 179)
Se desejam
desenvolver a vossa percepção intuitiva - e a sabedoria que daí resulta -
foquem-se no lado espiritual das vossas vidas; descobrirão que a vossa intuição
vos ajudará ao longo desta vida e da próxima.
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Texto original: Women’s Intuition:Do You Believe in it? (www.bahaiteachings.org)
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Rodney
Richards é escritor técnico de profissão e trabalhou durante 39 anos para o
Governo Estadual de New Jersey. Reformou-se em 2009 e dedicou-se à escrita
(prosa e poesia),tendo publicado o seu primeiro livro de memórias Episodes: A
poetic memoir. É casado, orgulha-se dos seus filhos adultos, e permanece um
elemento activo na sua comunidade.
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