sexta-feira, 10 de maio de 2019

Bahá’ís mobilizam-se em Moçambique após passagem do ciclone

Mapa da província de Sofala, em Moçambique.
As casas de barro desfizeram-se, os campos de cultivo ficaram inundados, as ligações telefónicas e as linhas eléctricas foram cortadas. O ciclone Idai devastou enormes extensões na província de Sofala, em Moçambique, no passado dia 15 de Março. Dias após o dilúvio, a Comunidade Bahá’í no Dondo reuniu-se para preparar uma resposta às necessidades da comunidade. Realizar a reunião foi um desafio: não havia ligações telefónicas e só conseguiram estabelecer contactos indo directamente a casa de cada um.

O ciclone foi um dos piores alguma vez registados no hemisfério sul. Atingiu a costa perto da cidade da Beira com ventos de 165 km/h e depois avançou 30 km para o interior, atingindo a cidade do Dondo. Quando o ciclone se dissipou, houve chuvas torrenciais durante dias, que fizeram transbordar os rios e criaram um enorme “mar interior”, conforme descrito por um funcionário da ONU. Mais de 1000 pessoas morreram devido a esta gigantesca tempestade. E muitos milhares ficaram desalojados em Moçambique, Zimbabwe e Malawi.

No Dondo, a comunidade Bahá’í usou a sua experiência em organização de actividades comunitárias para contribuir para a recuperação da região. Encontros devocionais e ênfase na educação moral e espiritual fomentaram um sentimento de solidariedade que se alargou a todos os grupos sociais. E por fim, o espírito de serviço e a acção colectiva estimularam o desejo crescente esquecer os problemas pessoais e ajudar os outros.

Imediatamente após a tempestade, e antes de começar a chegar ajuda do exterior, a Assembleia do Dondo agiu de acordo com duas prioridades: garantir que as pessoas tinham um tecto e combater as especulações com preços dos alimentos. “Percebemos que tínhamos uma equipa de jovens que podiam ajudar”, explicou Erick Mhiriri, um Bahá’í residente no Dondo e membro da Assembleia Nacional dos Bahá’ís de Moçambique.

Os jovens adultos que participavam em diversas actividades educativas, ajudaram na reparação e reconstrução de casas danificadas pelo ciclone. “Trabalharam juntos. Comiam juntos. Oravam juntos. E depois do trabalho reflectiam e planeavam as tarefas do dia seguinte”, afirmou o Sr. Mhiriri, acrescentando que estes jovens consideravam o seu trabalho como um serviço à comunidade.

Membros da Comunidade Baha'i do Dondo trabalham na reconstrução de uma casa.
Antecipando a especulação de preços que se seguiria após a tempestade, a Comunidade Bahá’í do Dondo usou os seus recursos e comprou alimentos e artigos de limpeza a baixo preços, e preparou pequenos pacotes de alimentos e artigos de limpeza para famílias necessitadas. Seguidamente, identificaram cuidadosamente as famílias mais vulneráveis – tipicamente as que tinham crianças pequenas ou idosos – e forneceu-lhes estes pacotes de auxílio.

“As pessoas consideram que é um privilégio ajudar os outros que perderam mais do que nós”, afirmou Arild Drivdal, o secretário da AEN dos Bahá’ís de Moçambique, que visitou o Dondo pouco depois do ciclone. “A Assembleia do Dondo teve um papel importante. Não usaram uma fórmula genérica. Ajudaram as famílias caso a caso, consoante as suas necessidades.”

A Comunidade Internacional Bahá’í forneceu apoio financeiro, logístico e orientação à AEN dos Baha’is de Moçambique para actuar nas zonas afectadas. Este apoio baseia-se na experiência de outras comunidades que recuperam em zonas afectadas por calamidades naturais.

Um mês após a passagem do ciclone, as pessoas no Dondo mostram-se resilientes, retomando as suas actividades diárias. Mas ainda há perigos a superar, nomeadamente a disseminação de doenças infecciosas, nomeadamente a cólera.

O governo moçambicano e várias organizações internacionais têm respondido às necessidades das regiões afectadas pelo ciclone, incluindo o Dondo. As Nações Unidas atribuíram 20 milhões de dólares em fundos de emergência poucos dias após a tragédia; a Cruz Vermelha Moçambicana e os seus parceiros distribuíram pacotes de apoio a pessoas necessitadas e várias organizações lançaram campanhas de vacinação contra a cólera. A organização Médicos Sem Fronteiras informou em 15 de Abril que a epidemia de cólera estava contida e que os números de novos casos estavam a diminuir.

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FONTE: In Mozambique, Community Mobilizes after Cyclone (BWNS)

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