Por David Langness.
Quem nasceu e cresceu numa família unida e
amorosa? E quem sabe como é crescer numa família onde a violência é uma
realidade permanente? Os Bahá’ís acreditam firmemente na unidade familiar; mas
também sabem que ela não existe em todas as famílias:
A primeira e mais importante ligação é a ligação familiar, mas esta nem
sempre prevalece, pois quantas vezes acontece haver divergências e diferenças nas
famílias. (‘Abdu’l-Bahá, Baha’i Scriptures, p. 279)
A violência doméstica está no topo da
lista dos crimes violentos na maioria dos países do mundo. A violência
doméstica contra adultos ou crianças - dizem os especialistas - prejudica as
economias nacionais, porque funciona como base para praticamente todos os
problemas sociais: crime violento, pessoas a viver nas ruas, e uma geração
futura de alcoólicos e viciados em drogas.
Os ensinamentos Bahá’ís abominam e proíbem
todas as formas de violência familiar, e insistem na protecção dos direitos
humanos, na santidade e protecção de todos os membros da família:
Segundo os ensinamentos de Bahá’u’lláh, a família, sendo uma unidade
humana, deve ser educada segundo as regras da santidade. Todas as virtudes
devem ser ensinadas na família. A integridade da ligação familiar deve ser
constantemente considerada, e os direitos dos membros individuais não devem ser
violados. Os direitos do filho, do pai, da mãe – nenhum destes deve ser
restringido, nenhum deve ser irrestrito. (‘Abdu’l-Bahá, The Promulgation of
Universal Peace, p. 168)
Os Bahá’ís consideram a violência na
família como um assunto de direitos humanos, e acreditam que cada elemento da
família tem direito absoluto a uma existência pacífica e não-violenta.
No entanto, algumas sociedades patriarcais
apoiam (e aceitam) há muito tempo a violência doméstica, o que por vezes dá
origem a sistemas sociais e legais que permitem aos homens controlar
completamente as mulheres e as crianças, atribuindo aos homens um poder
ilimitado para dominar, oprimir e até “ser proprietário” dos outros. Nessas
culturas, a violência na família tornou-se parte integrante da vivência diária,
e é aceite por todos como algo “normal” ou “aceitável”.
Muitos países ignoram ou desculpam a
violência na família, em nome da religião ou da cultura, e insistem que a
soberania absoluta dos homens que controlam a família é mais importante que a
segurança ou sanidade dos seus membros individuais. E quando se elabora
legislação, algumas culturas consideram a violência na família como um assunto
privado e nunca uma ofensa punível. Em alguns países, a lei proíbe que um
membro da família acuse ou denuncie outro, mesmo no caso dos actos mais graves
e violentos. E nos países onde existem leis que proíbem a violência na família,
é frequente ver autoridades que pouco fazem para aplicar essas leis; na
verdade, a lei serve como último recurso para a vítima de abusos.
Os Bahá’ís - a nível individual e
institucional – trabalham há muito tempo para construir um modelo eficiente de
direitos humanos que permita criar famílias livres de violência. Trata-se de
tentar conseguir uma grande mudança cultural e exigir a aplicação de convenções
internacionais como a Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra Mulheres e a Convenção dos Direitos da Criança.
Isto também exigirá intervenções dos Estados para proteger mulheres e crianças
contra abusos e impedir que esses crimes aconteçam. Dirigentes políticos e
religiosos, educadores e agentes da lei devem ser sensibilizados e mobilizados
para apoiar novos valores culturais de respeito mútuo em vez do domínio de um
género sobre o outro.
Mas esta enorme crise global requer mais
do que novas leis e a sua aplicação - requer o desenvolvimento de paz e unidade
no mundo. Sabemos que uma sociedade violenta produz famílias violentas. Tal
como uma família violenta afecta a sociedade em geral, uma sociedade violenta
reforça e consolida o ambiente de violência familiar:
Considerai os efeitos nefastos da discórdia e dissensão numa família;
depois pensem nos favores e bênçãos que descem sobre uma família quando existe
unidade entre os seus vários membros. Que benefícios e bênçãos incalculáveis
descerão sobre a grande família humana se a unidade e a fraternidade forem
estabelecidas! Neste século em que os benefícios resultantes da unidade e os
efeitos nefastos da discórdia são tão visíveis, os meios para contruir e
alcançar a comunhão humana surgiram no mundo. Bahá’u’lláh proclamou e
proporcionou a forma pela qual a hostilidade e a agressividade podem ser
eliminadas do mundo humano. (‘Abdu’l-Bahá,
The Promulgation of Universal Peace, p. 229)
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Texto original: Baha’isCall for Violence-Free Families
(www.bahaiteachings.org)
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