sábado, 22 de junho de 2019

Porque é que já não há Milagres?

Por Alan Dworak.


Sempre gostei de um bom truque de magia – daqueles ilusionismos que não podem ser realidade, mas cujos efeitos são tão convincentes que ficamos a abanar a cabeça e a perguntar “como é que ele fez aquilo?”

Fico fascinado, não porque acredite na magia, mas porque um mágico hábil consegue sempre fazer o impossível.

Por vezes, a nossa existência quotidiana não nos permite perceber a verdadeira magia e os milagres que ocorrem ao nosso redor, nas nossas vidas. Muitas vezes, estamos tão ocupados a “ganhar a vida” que nos tornamos insensíveis à maravilha que é estar vivo!
Há apenas duas maneiras de viver a vida: como se nada fosse um milagre, ou como se tudo fosse um milagre. (Albert Einstein)
Como Bahá’í - e à medida que envelheço - sinto-me cada vez mais inclinado a ver tudo como milagroso. Todas as manhãs me parecem mais um grande dia para estar vivo! Sei que quando passo os meus dias atento e a apreciar as interacções e eventos ao meu redor, tenho uma existência mais feliz e rica. Se observar com cuidado e reflectir, talvez eu aprenda verdadeiramente alguma coisa - algo realmente importante! Os ensinamentos de Bahá’ís enfatizam essa realidade:
De facto, ó Irmão, se reflectirmos sobre cada coisa criada, testemunharemos uma miríade de sabedorias perfeitas e aprenderemos uma miríade de novas e maravilhosas verdades (Baha’u’llah, The Seven Valleys, newly translated edition, in The Call of the Divine Beloved, p. 42)
Para mim, esta sensação de fascínio infantil torna-se especialmente intenso quando jejuamos, oramos ou meditamos. Ultimamente, nessas condições espirituais, passei a apreciar o conceito de que o mundo em que vivemos funciona como um livro cósmico. Os ensinamentos Bahá'ís dizem que cada coisa criada abre uma porta que leva a uma compreensão mais próxima e mais surpreendente sobre o nosso Criador:
... [ver-se-á] dotado de novos olhos, novos ouvidos, novo coração e uma nova mente. Ele contemplará os sinais manifestos do universo e penetrará nos mistérios ocultos da alma. Vendo com os olhos de Deus, distinguirá em cada átomo uma porta que o conduz às condições da certeza absoluta. Descobrirá em todas as coisas, os mistérios da Revelação divina e evidências de uma manifestação eterna. (Baha’u’llah, Kitab-i-Iqan, ¶216)

Em cada momento, ele contempla um mundo maravilhoso e uma nova criação, e vai de espanto em espanto, e perdido em reverência perante a nova obra d’Aquele Que Senhor soberano de tudo. (Baha’u’llah, The Seven Valleys, newly translated edition, in The Call of the Divine Beloved, pp. 41-42)
Einstein percebeu isto. No nosso mundo incrível, acontecem milagres ao nosso redor e em cada momento. Mas eu ainda estou a tentar dar voltas à cabeça para compreender o seguinte: por muito espantosos que o nosso mundo e o universo sejam, os ensinamentos Bahá’ís dizem-nos que o nível físico da existência é – em última análise – uma ilusão, uma mera sombra de uma realidade espiritual superior:
Sabe que o Reino é o mundo real, e que este mundo inferior é apenas a sua sombra que se estende. Uma sombra não tem vida própria; a sua existência é apenas uma fantasia, e nada mais; são apenas imagens que se reflectem na água e parecem imagens aos olhos. (‘Abdu’l-Baha, Selections from the Writings of Abdu’l-Baha, nº 150)
Isto parece fixe? Como disse anteriormente, gosto de um bom truque de magia! Para mim, isto são respostas a uma questão que vi uma vez num fórum na internet: “Porque é que hoje há tão poucos milagres? Porque é que parece que havia mais milagres no Antigo Testamento, nos dias de Elias ou nos dias de Moisés?

E que tal fazer uma pausa para reconhecer que todos os dias, milagres normais acontecem ao nosso redor? Saber aquilo que queremos procurar pode, na verdade, ser um sinal de crescimento pessoal e desenvolvimento espiritual.
Testemunhai as evidências maravilhosas da obra de Deus e reflecti sobre a sua extensão e natureza. (Baha’u’llah, Gleanings from the Writings of Baha’u’llah, LXXXII)

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Texto original: Why Aren’t There Any Miracles Anymore? (www.bahaiteachings.org)

Alan é um Baha’i que vive na Malásia. É formado em Engenharia de Polímeros e tem um mestrado em gestão internacional. Já visitou mais de 30 países.

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