sábado, 5 de outubro de 2019

A influência do Báb na Vida Bahá’í de hoje

Por Christopher Buck.


O Báb - cujo bicentenário do nascimento será celebrado pelos Bahá’ís no próximo dia 19 de Outubro de 2019 - anunciou o advento de Bahá’u’lláh. E este escreveria mais tarde:
Este Ponto [o Báb] é o centro focal do círculo dos Nomes e marca o apogeu das manifestações das Letras no mundo da criação. Através dele apareceram indícios do Mistério impenetrável, o Símbolo adornado, Aquele que ficou revelado no Mais Grandioso Nome – um Nome que está registado na Epístola luminosa e inscrito no santo e abençoado Pergaminho imaculado… Depois, a eterna Luz de Deus derramou o seu esplendor, irrompeu no próprio coração do firmamento do testemunho e produziu dois Luminares. (Bahá’u’lláh, Tablets of Bahá’u’lláh, pags. 101–102)
Aqui, os “dois Luminares” indicam o Báb e Bahá’u’lláh, que Shoghi Effendi designou como “Luminares gémeos da Revelação Bahá’í” (God Passes By, p. 237).

Uma Religião, Dois Mensageiros

O Báb fez muito mais do que predizer e preparar o caminho para o iminente advento de Bahá’u’lláh. O Báb apresentou leis nos Seus livros Bayan Persa e Bayan Árabe, algumas das quais foram adoptadas e modificadas por Bahá’u’lláh no Seu livro das leis, conhecido como Kitab-i-Adqas, ou Livro Mais Sagrado. Este facto notável, juntamente com a profunda influência doutrinária do Báb – conforme se pode ver no livro “Selecção das Escrituras do Báb” – valida e demonstra plenamente a verdade subjacente à expressão que Shoghi Effendi usou para designar o Báb como co-fundador da Fé Bahá’í: “…Profeta mártir e co-fundador da sua Fé.” (Shoghi Effendi, Unfolding Destiny, p. 234)

Claro que Shoghi Effendi homenageou e aclamou o Báb, não apenas como precursor, arauto e anunciador de Bahá’u’lláh - tal como João Baptista fora para Jesus Cristo - mas também como mensageiro de Deus, cujos textos foram incluídos nas escrituras Bahá’ís, e cujas leis doutrinas e princípios fazem parte da Fé Bahá’í e da vida Bahá’í de hoje.

O facto dos Bahá’ís contemporâneos reconhecerem e seguirem algumas leis originalmente estabelecidas pelo Báb - e posteriormente aprovadas por Bahá’u’lláh - demonstra a herança viva do Báb. Além disso, certas doutrinas, princípios e valores éticos que o Báb definiu servem como guias morais e espirituais para os Bahá’ís; e assim continuarão a servir. Estes princípios e valores morais do Báb ajudam a moldar a vida, a mentes e o carácter dos Bahá’ís em todo o mundo, e consequentemente têm impacto em todos ao seu redor e nas sociedades em que vivem. A herança viva do Báb cria uma dimensão importante na actual experiência Bahá’í.

Assim, por ocasião do Bicentenário do Nascimento do Báb, estes artigos servem para reconhecer e apreciar os contributos do Báb para a vida Bahá’í de hoje. Tão ampla e universal foi a influência do Báb que é difícil saber por onde começar! Aqui fica um breve e resumida visão geral sobre estas influências significativas e marcantes:

As Leis do Báb

Uma das leis mais notáveis do Báb que foi adoptada e adaptada por Bahá’u’lláh consiste no uso do calendário Badi. Badi significa “novo”, “maravilhoso” ou “único”. Este calendário foi instituído pelo Báb no seu Livro dos Nomes, que, em mais de 3000 páginas manuscritas, se presume ser o mais longo texto sagrado único do mundo:
Este trabalho, cujo texto completo tem mais de três mil páginas, é o mais extenso livro revelado na história sagrada. É composto por dezanove unidades e 361 portas (capítulos). Muitas partes do texto ainda não foram localizadas. Alguns dos capítulos foram escritos durante o encarceramento do Báb em Maku, e outras enquanto Ele estava em Chiriq. As datas são indicadas no próprio texto. Este livro descreve várias categorias de seres humanos como reflexos dos nomes e atributos divinos, e discute formas como toda a realidade pode ser espiritualizada através do reconhecimento da Fonte suprema de revelação divina. (Nader Saiedi, Gate of the Heart: Understanding the Writings of the Bab, p. 36)
O falecido estudioso Ahang Rabbani identificou 32 leis do Báb que posteriormente foram incluídas por Bahá’u’lláh no Livro das Leis, o Livro Mais Sagrado. (Ahang Rabbani, Laws of the Bayan reflected in The Kitab-i-Aqdas, 2008).

O Centro Mundial Bahá’í explica:
...Bahá’u’lláh, referindo o facto do Báb ter tornado as leis do Bayan sujeitas à sua aprovação, afirma que Ele colocou algumas leis do Báb em vigor “ao integrá-las no Kitab-i-Aqdas com diferentes palavras”, enquanto outras foram postas de lado. (The Most Holy Book, p. 213)
Os Bahá’ís consideram a revelação do Báb, juntamente com dispensação de Bahá’u’lláh, como constituindo uma única entidade, em que a Fé Babi é uma introdução ao advento da Fé Bahá’í. Este par único de poder profético criou uma Fé global.

Doutrinas, Princípios e Moral

Resumidamente, algumas das doutrinas apresentadas pelo Báb, que estão hoje presentes na crença e experiência Bahá’í, incluem a unicidade de Deus, a continuidade da orientação divina ao longo da história humana (que os Bahá’ís designam como “revelação progressiva”), a universalidade da orientação divina, a noção de que as mensagens proclamadas pelos vários mensageiros de Deus estão em harmonia na sua essência, a necessidade de purificação e aperfeiçoamento espiritual em todas as coisas, etc.

A influência do Báb na vida Bahá’í de hoje é parte da herança viva do Báb; e, no entanto, a extensão das raízes dos ensinamentos do Báb nas leis, doutrinas, princípios e moral Bahá’ís ainda não foi totalmente explorado ou compreendido.

Podemos dizer que o Báb é mais do que o arauto de Bahá’u’lláh. Tanto que muitas das Suas leis, princípios e moral entraram no pensamento e experiência Bahá’í de hoje e por esse motivo podemos verdadeiramente dizer que o Báb é um co-fundador da Fé Bahá’í – não apenas histórico, mas também contemporâneo.

------------------------------------------------------------
Texto original: The Bab’s Influence on Baha’i Life Today (www.bahaiteachings.org)

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Christopher Buck (PhD, JD), advogado e investigador independente, é autor de vários livros, incluindo God & Apple Pie (2015), Religious Myths and Visions of America (2009), Alain Locke: Faith and Philosophy (2005), Paradise e Paradigm (1999), Symbol and Secret (1995/2004), Religious Celebrations (co-autor, 2011), e também contribuíu para diversos capítulos de livros como ‘Abdu’l-Bahá’s Journey West: The Course of Human Solidarity (2013), American Writers (2010 e 2004), The Islamic World (2008), The Blackwell Companion to the Qur’an (2006). Ver christopherbuck.com e bahai-library.com/Buck.

Sem comentários: