sábado, 2 de novembro de 2019

Como as Leis do Báb afectam a actual vida Bahá’í

Por Christopher Buck.


Os conselhos e as leis apresentados nas Escrituras Bahá’ís moldam a vida Bahá’í. Isto inclui não só as convicções, mas também actos e práticas, especialmente na forma de leis espirituais.

A maioria das leis Bahá’ís foram expostas por Bahá’u’lláh no Seu Livro Mais Sagrado. Mas sabiam que existem várias leis Bahá’ís que já existiam como leis do Báb, sendo anteriores ao advento de Bahá’u’lláh?

Claro que Bahá’u’lláh foi discreto na adopção e adaptação das leis do Báb para os Bahá’ís de hoje, tal como Ele próprio explicou:
O nosso Exaltado arauto [o Báb] – que a vida de todos salvo Ele seja oferecida por Sua causa – revelou certas leis. No entanto, no domínio da Sua Revelação estas leis estavam sujeitas à Nossa sanção, e por isso este Injustiçado colocou algumas em vigor ao incorporá-las [no Livro Mais Sagrado] com palavras diferentes. Outras colocámo-las de parte. Ele tem a autoridade na Sua mão. Ele faz o que deseja e ordena o que Lhe agrada. Ele é o Omnipotente, o Todo-Louvado. Também existem preceitos recém-revelados. Bem-aventurados os que os conseguem. Bem-aventurados os que observam os Seus preceitos. (Tablets of Bahá’u’lláh, p. 132)
Vejamos então alguns exemplos de leis Bahá’ís cujas origens estão no Bayan persa e noutros ensinamentos do Báb. Cada uma das “notas” explicativas abaixo são citações de traduções autorizadas e comentários ao Livro Mais Sagrado, precedidos pela lei original de Bahá’u’lláh em letras maiúsculas.

Calendário Bahá’í
Nota 147. O NÚMERO DE MESES NUM ANO, DETERMINADO NO LIVRO DE DEUS, É DEZANOVE: O ano Bahá’í, de acordo com o calendário Badi [do Báb], consiste em dezanove meses de dezanove dias cada, acrescido de alguns dias intercalares (quatro em anos normais, cinco em anos bissextos) entre o décimo-oitavo e o décimo-nono mês para ajustar o calendário ao ano solar. O Báb deu aos meses nomes de alguns atributos de Deus. O ano novo Bahá’í (o Naw-Ruz) é astronomicamente fixo e coincide com o equinócio da primavera. (The Most Holy Book, p. 228)

Festa de Dezanove Dias
Nota 82. NA VERDADE, É-VOS ORDENADO QUE OFERECEIS UMA FESTA, UMA VEZ EM CADA MÊS: Esta determinação tornou-se a base para a realização das festividades Bahá’ís mensais, e como tal constitui a ordenação da Festa de Dezanove Dias. No Bayan árabe o Báb apela aos Seus seguidores que se reúnam uma vez em cada dezanove dias para mostrar hospitalidade e camaradagem. Aqui Bahá’u’lláh confirma isto e salienta do papel unificador dessas ocasiões. (Ibid., p. 202)

O Jejum de Dezanove Dias
Nota 26. E NO SEU FINAL DESIGNÁMOS O NAW-RUZ COMO UMA FESTA. O Báb introduziu um novo calendário conhecido como Calendário Badi ou calendário Baha’i. Segundo este calendário, o dia é o período de decorre entre o nascer e o pôr-do-sol. No Bayan, o Bab decretou que o Mês de Ala fosse o mês do jejum, ordenando que o dia do Naw-Ruz assinalasse o término desse período, e designando o Naw-Ruz como Dia de Deus. Bahá’u’lláh confirmou o calendário Badi onde o Naw-Ruz é designado como uma festa. O Naw-Ruz é o primeiro dia do ano novo. Coincide com o equinócio de primavera no hemisfério norte, que geralmente ocorre a 21 de Março. (Ibid., p. 177)

Oração Bahá’í pelos Mortos
Nota 11. SEIS EXCERTOS ESPECÍFICOS FORAM ENVIADOS POR DEUS, O REVELADOR DE VERSÍCULOS: As frases que fazem parte da Oração [Bahá’í] pelos Mortos contêm seis repetições da saudação “Alláh’u’Abhá” (Deus é o Todo-Glorioso), cada uma seguida por dezanove repetições de cada um dos versículos especificamente revelados. Estes versículos são idênticos aos revelados pelo Báb na Oração pelos Mortos, no Bayan. Bahá’u’lláh acrescentou súplica que precede estas frases. (Ibid., p. 170)

Proibição do Uso de Púlpitos
Nota 168. É-VOS PROIBIDO FAZER USO DE PÚLPITOS...: Estas disposições têm o seu antecedente no Bayan persa. O Báb proibiu o uso de púlpitos para proferir sermões ou ler o Texto. Em vez disso, Ele especificou que, para permitir que todos ouvissem claramente a palavra de Deus, a cadeira do orador devia ser colocada sobre uma plataforma. (Ibid., p. 237)

A lei Bahá’í que teve origem no Báb, também alude ao facto dos Bahá’ís não terem clero e, portanto, não elevam nenhum crente em particular acima de outro.

Esta lista de leis Bahá’ís baseadas em leis anteriores reveladas pelo Báb não é exaustiva. Sabemos que o falecido Dr. Ahang Rabbani identificou trinta e duas leis do Báb que se reflectem no Livro Mais Sagrado.

Esta pequena lista mostra a influência das leis do Báb nas leis Bahá’ís contemporâneas. Bahá’u’lláh descreveu, com uma metáfora primorosa, o significado espiritual e social de todas as leis que Ele promulgou:
Não penseis que vos revelámos um mero código de leis. Pelo contrário, abrimos o Vinho escolhido com os dedos do poder e do domínio. Disto dá testemunho aquilo que a Pena da Revelação revelou. Meditai nisto, ó homens de discernimento! (Ibid., p. 21)

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Texto original: How the Bab’s Laws Affect Modern Baha’i Life (www.bahaiteachings.org)

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Christopher Buck (PhD, JD), advogado e investigador independente, é autor de vários livros, incluindo God & Apple Pie (2015), Religious Myths and Visions of America (2009), Alain Locke: Faith and Philosophy (2005), Paradise e Paradigm (1999), Symbol and Secret (1995/2004), Religious Celebrations (co-autor, 2011), e também contribuíu para diversos capítulos de livros como ‘Abdu’l-Bahá’s Journey West: The Course of Human Solidarity (2013), American Writers (2010 e 2004), The Islamic World (2008), The Blackwell Companion to the Qur’an (2006). Ver christopherbuck.com e bahai-library.com/Buck.

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