sábado, 30 de novembro de 2019

O Poder e o Propósito da Aliança Bahá’í

Por Maya Bohnhoff.


Costumo dizer que o espírito da Aliança de Bahá'u'lláh entrou no meu coração tal como estas palavras das Escrituras Bahá'ís prometeram:
Ó amado de Deus, sabe que a constância e a firmeza nesta nova e maravilhosa Aliança é, de facto, o espírito que desperta os corações que transbordam com o amor do Senhor Glorioso; em verdade, é o poder que penetra nos corações dos povos do mundo! ('Abdu'l-Bahá, Baha'i World Faith, p. 357)
Que esta pessoa – 'Abdu'l-Bahá – que Bahá'u'lláh referiu como Mestre e Mistério de Deus seja o intérprete nomeado da revelação do seu Pai, é algo que me parece absolutamente espantoso. Durante milénios, o mundo das religiões tem sido dilacerado por cismas; aqui está um antídoto para esse conflito. O carácter da personagem era ainda mais inspirador. Penso que isso pode ficar claro com uma observação e uma nota histórica.

A observação: esta humilde pessoa em cujas mãos o profeta de Deus pôs o governo da sua Fé não se intitulava Mestre. Ele intitulava-se ‘Abdu'l-Bahá – o Servo de Bahá. Ele dizia que existia para servir e ajudar os outros:
O Meu Nome é 'Abdu'l-Bahá. A Minha Realidade é 'Abdu'l-Bahá. E o serviço a toda a raça humana é a minha religião perpétua… (de uma carta enviada aos Bahá'ís de Nova Iorque, 01/Janeiro/1907)
'Abdu'l-Bahá em New Hampshire (1912)
A nota histórica: um dos irmãos de 'Abdu'l-Bahá e a Sua família mais próxima recusaram-se a aceitar o estatuto de ‘Abdu'l-Bahá como Centro da Aliança de Bahá'u'lláh. Durante o tempo em que este grupo de violadores da Aliança possuía a mansão de Bahji - a casa em que Bahá'u'lláh viveu até ao fim da Sua vida – ‘Abdu'l-Bahá ia regularmente com um grupo de crentes até junto dos muros do jardim e orava pelas almas dos que estavam lá dentro. Aquelas pessoas enfrentavam e insultavam ‘Abdu'l-Bahá e os seus companheiros, mas Ele continuava a orar por elas.

Este homem, o Centro da Aliança, foi dado à humanidade – escreveu Bahá'u'lláh – como um exemplo perfeito do que significa ser Bahá'í. Vejamos outro exemplo: quando vivia em Acre, na Palestina, ‘Abdu'l-Bahá visitava diariamente um Muçulmano que padecia de uma doença tão repugnante, que a própria família o abandonara. Ele amaldiçoou ‘Abdu'l-Bahá todos os dias durante vinte e quatro anos, e até cuspia no Mestre quando Ele cuidava das suas necessidades. E passados vinte e quatro anos, este homem percebeu finalmente que ‘Abdu'l-Bahá era seu amigo, e não inimigo. Mesmo com a humanidade a entrar relutantemente na sua idade adulta, poucos de nós conseguimos algo semelhante. Mas temos consciência do objectivo e compreendemos que temos de o alcançar para bem da nossa espécie.

Graças à Aliança e ao seu Centro brilhante, os Bahá'ís têm a orientação para atingir esse objectivo. Se formos fiéis à Aliança, não andaremos à deriva no mundo, usando apenas o nosso ponto de vista pessoal como um modelo para a nossa existência. ‘Abdu'l-Bahá recorda-nos:
Se não fosse o poder protetor da Aliança para defender o forte inexpugnável da Causa de Deus, surgiriam entre os Bahá'ís, num único dia, milhares de diferentes seitas, tal como aconteceu em eras anteriores. Mas nesta Dispensação Abençoada, a bem da estabilidade da Causa de Deus e para evitar a discórdia entre o povo de Deus, a Beleza Abençoada … através da Pena Suprema escreveu a Aliança e o Testamento; Ele nomeou um Centro, o Intérprete do Livro e o anulador das disputas… O propósito explícito desta última Vontade e Testamento é pôr de lado as disputas no mundo. (‘Abdu'l-Bahá, Baha'i World Faith, p. 359)
Esta é uma grande ideia – um grupo diversificado de pessoas de todo o mundo veja um ponto único como guia central da sua fé porque o próprio Profeta assim o decretou. Também isto é único na história. Mas o propósito da Aliança de Bahá'u'lláh é muito mais do que unir os membros de uma religião. ‘Abdu'l-Bahá afirmou: “… que o eixo da unicidade da humanidade não é senão o poder da Aliança.” (citado por Shoghi Effendi em The World Order of Baha'u'llah, p. 239.)

As palavras de ‘Abdu'l-Bahá sobre a Aliança dificilmente fariam sentido se esta não persistisse. Tal como o Seu Pai antes dele, ‘Abdu'l-Bahá, no Seu Testamento, nomeou um sucessor – o seu neto Shoghi Effendi, como Guardião da Fé. Esta sucessão atribuiu-lhe um conjunto de prioridades e prerrogativas consistentes com as necessidades da recém-nascida comunidade Bahá'í, e tornou-o intérprete autorizado dos ensinamentos Bahá'ís. ‘Abdu'l-Bahá deu a Shoghi Effendi a tarefa gigantesca de construir as fundações da ordem administrativa concebida por Bahá'u'lláh.

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Texto original: The Power and Purpose of the Baha'i Covenant (www.bahaiteachings.org)

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Maya Bohnhoff é Baha'i e autora de sucesso do New York Times nas áreas de ficção científica, fantasia e história alternativa. É também compositora/cantora (juntamente com seu marido Jeff). É um dos membros fundadores do Book View Café, onde escreve um blog bi-mensal, e ela tem um blog semanal na www.commongroundgroup.net.

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