sábado, 10 de abril de 2021

A Virgem Celestial: um Símbolo da Divindade das Mulheres

Por Kathy Roman.


Ao longo da história religiosa, Deus conferiu a condição de profeta revelando-Se aos Seus mensageiros divinos através de vários símbolos espirituais.

Moisés recebeu a Sua revelação através da sarça ardente. Mais tarde, Jesus viu o espírito de Deus descendo na forma de uma pomba que pousou n’Ele. Buda recebeu a Sua revelação quando estava em meditação profunda sob a árvore de Bodhi. O anjo Gabriel visitou Muhammad, revelando-Lhe o princípio do que se tornaria o Alcorão. Mais recentemente, Bahá'u'lláh, o profeta e fundador da Fé Bahá'í, recebeu a Sua revelação da "Virgem Celestial" - um símbolo do princípio feminino divino e um símbolo importante da nova era mais feminina da humanidade, prometida pelos ensinamentos Bahá'ís.

Na Sua “Epístola do Templo”, Bahá’u’lláh descreve a Sua visão:

Enquanto submerso em aflições, ouvi a mais maravilhosa, a mais doce voz, chamando acima da Minha cabeça. Ao virar a Minha face, vi uma Virgem - a personificação da lembrança do nome do Meu Senhor – suspensa no ar perante Mim. Ela estava tão feliz na sua alma que o seu semblante brilhava com o adorno da complacência de Deus, e a sua face incandescia com o brilho do Todo-Misericordioso. 

Entre a Terra e o Céu, ela fazia um chamamento que cativava os corações e as mentes dos homens. Ela passou a todo o Meu ser as boas-novas que regozijaram a Minha alma e as almas dos honrados servos de Deus. Apontando para a Minha cabeça, dirigiu-se a todos os que estão no céu e todos os que estão na terra, dizendo: "Por Deus! Este é o mais amado dos mundos, mas ainda não o compreendeis! Ele é a Beleza de Deus entre vós, e o poder da Sua soberania entre vós, se apenas o entendessem.“ (Bahá'u'lláh, Summons of the Lord of Hosts [Tablet of the Temple], ¶6)

Essas revelações espirituais, quando localizadas ao longo do tempo, surgem sequencialmente num padrão claro de ascendência. A sarça ardente referia-se ao reino vegetal, Cristo ao reino animal e Muhammad representava o reino mortal. Finalmente, a Virgem Celestial representa o culminar da condição humana no feminino divino.

Este simbolismo predominante exemplifica a posição exaltada das mulheres na sua forma mais elevada – como intermediária sagrada entre o Criador e o Mensageiro da revelação de Deus. Com esta poderosa afirmação da divindade, entramos numa nova dispensação que eleva e elogia as qualidades femininas em vez de as classificar como secundárias.

Na revelação Bahá’í, as mulheres ocupam o seu lugar de direito ao lado dos homens e também ajudarão a construir uma nova era de esclarecimento, tal como 'Abdu'l-Bahá, filho e sucessor de Bahá'u'lláh, repetidamente disse em várias palestras e textos:

O mundo no passado foi governado pela força e o homem tem dominado a mulher devido às suas qualidades de maior força e agressividade, tanto do corpo como da mente. Mas o equilíbrio já está a mudar; a força está a perder o seu domínio, e o estado de alerta mental, a intuição e as qualidades espirituais de amor e serviço, em que a mulher é forte, estão a ganhar ascendência. Consequentemente, a nova era será uma época menos masculina e mais permeada com os ideais femininos, ou, para falar mais precisamente, será uma época em que os elementos masculinos e femininos da civilização estarão mais equilibrados. 

A mulher é, de facto, de maior importância para a família. Ela tem o maior fardo e mais trabalho. Vejam os mundos vegetal e animal. A palmeira que tem frutos é a árvore mais valorizada pelo criador de tâmaras. O árabe sabe que para uma longa jornada a égua tem o maior fôlego. Devido à sua maior força e ferocidade, o caçador teme mais a leoa do que o leão.

A mulher tem maior coragem moral do que o homem; ela também tem dons especiais que lhe permitem dominar em momentos de perigo e crise.

Aquela Virgem Celestial, também conhecida nas escrituras Bahá'ís como a "donzela de olhos negros", representa uma metáfora feminina que personifica a verdade e realidade espiritual de Bahá’u’lláh - e expressa o início de uma jornada fascinante para entender aquilo que Bahá’u’lláh designou como chamou as mulheres de “brilho radiante” e a posição exaltada das mulheres.

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Texto original: The Maid of Heaven: A Symbol of the Divinity of Women (www.bahaiteachings.org)


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Kathy Roman é educadora reformada, aspirante a escritora, esposa e mãe de dois filhos que vive em Elk Grove, California (EUA), onde serve como responsável de Informação Pública Bahá’í.

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