sábado, 22 de maio de 2021

O Nascimento de uma Religião Revolucionária - A Declaração do Báb


No passado mês de Abril, a comunidade Bahá’í celebrou o Ridvan, assinalando a declaração de Bahá’u’lláh. E agora, em Maio, os Bahá’ís celebram a declaração do Báb.

O primeiro momento das grandes religiões mundiais acontece quando uma pessoa – a que chamamos Profeta, Mensageiro ou Manifestante de Deus – recebe uma revelação, uma transferência de inspiração, conhecimento e energia espiritual vindas de Deus. O crescimento dessa religião acontece quando outras pessoas começam a ouvir essa mensagem e a responder com coração e alma.

Foi assim que aconteceu com Buda, com Abraão, com Jesus, com Muhammad. A Fé Bahá’í também teve um primeiro momento semelhante. Designada “a alvorada da Manhã da Guia” nas escrituras Bahá’ís, representa o começo de uma era espiritual totalmente nova na história da humanidade.

Quando o Báb, o jovem fundador da Fé Babi (precursora da Fé Bahá’í) anunciou a Sua missão em 23 de Maio de 1844, iniciou-se um processo espiritual revolucionário. Hoje milhões de Bahá’ís acreditam que o Báb (um título que significa “A Porta”) trouxe uma mensagem destinada a estabelecer a paz e a unidade da humanidade.

O Báb, cujo nome próprio era Siyyid Ali Muhammad, era da cidade de Shiraz, na Pérsia. Nascido em 1819, numa família de comerciantes e educado por um tio materno após a morte prematura do pai, em 1826, o Báb esteve na origem de uma poderosa convulsão provocada por um movimento religioso sem paralelo na história.

Foi assim que aconteceu: na noite de 22 para 23 de Maio de 1844, Siyyid Ali Muhammad anunciou a sua missão como Báb a um fervoroso pesquisador espiritual chamado Mulla Husayn. Nesse dia, com a declaração da Sua missão, o Báb deu início a uma nova era religiosa, renovando a eterna Aliança de Deus. Rapidamente, milhares de pessoas aceitaram a nova Fé e tornaram-se Seus seguidores, suscitando:

...uma comoção que abalou todo o país. O fogo que a declaração da Sua [do Báb] missão acendera espalhava-se como chamas, com a dispersão e as actividades dos Seus discípulos nomeados. Num período tempo inferior a dois anos, já tinha ateado as paixões tanto de amigos como de inimigos. (Shoghi Effendi, God Passes By)

Os novos ensinamentos do Báb e os milhares de pessoas que os adoptaram, fizeram cair as práticas corruptas do clero persa; as tradições religiosas e culturais de toda a nação foram desafiadas com a revogação das leis do passado, como a Sharia. O Báb declarou publicamente que tinha vindo - como João Batista antes da declaração de Jesus Cristo - como o arauto de outro mensageiro prometido por Deus que iria aparecer mais tarde; seria "o Prometido de Todos os Tempos", o fundador de uma religião mundial universal e unificadora.

Bahá’u’lláh - o profeta fundador da Fé Bahá’í que declarou a Sua missão 19 anos mais tarde, em 1863 – cumpriu essa promessa.

Por esse motivo, todos os anos, duas horas e onze minutos após o pôr-do-sol no dia 22 de Maio, os Bahá’ís celebram a Declaração do Báb, descrita pela Sua única testemunha:

A cena de abertura do primeiro acto deste grande drama desenrolou-se no quarto superior da modesta residência do filho de um comerciante de Shiraz, num recanto obscuro daquela cidade. Faltava uma hora para o pôr-do-sol no dia 22 de maio de 1844. As personagens foram o Báb - um siyyid de vinte e cinco anos, de linhagem pura e sagrada - e o jovem Mullá Husayn, o primeiro a acreditar Nele. O encontro entre os dois, nos momentos que antecipam essa conversa, pareceu ser meramente ocasional… Nenhum registo dessa noite única ficou para a posteridade, salvo o relato fragmentário, mas altamente ilustrativo, vindo dos lábios de Mullá Husayn. 

"Sentei-me, encantado pela Sua palavra, esquecido do tempo e daqueles que me esperavam", ele próprio testemunhou, depois de descrever a natureza das perguntas que fizera ao Seu Anfitrião e as respostas convincentes que recebeu Dele, respostas estas que demonstraram para lá da menor sombra de dúvida a validade da Sua pretensão de ser o prometido do Qa'im [Messias]. "De repente, o chamamento do muezim, convocando os fiéis para a oração matinal, despertou-me do estado de êxtase em que eu parecia ter caído. Todas as delícias, todas as inefáveis glórias que o Omnipotente narrou no Seu Livro como as riquezas inestimáveis dos habitantes do Paraíso - tudo isso penso ter experimentado nessa noite. Penso ter estado num lugar do qual se poderia verdadeiramente dizer: "Aqui nenhum trabalho nos incomodará, aqui nenhuma fadiga nos atingirá; aqui nenhuma palavra vã será ouvida, nem qualquer falsidade, mas apenas o clamor de “Paz! Paz!”; ali o seu grito será: "Glória a Ti, ó Deus!" e ali a sua saudação será "Paz!", e o término dos seus clamores: "Louvado seja Deus, o Senhor de Todas as criaturas!"
 

"Esta Revelação" - testemunhou ainda Mullá Husayn - "que tão súbita e impetuosamente me atingiu, veio como um raio que, durante algum tempo, parecia ter entorpecido as minhas faculdades. Fiquei cego com o seu esplendor deslumbrante e esmagado pela sua força demolidora. Entusiasmo, alegria, reverência e surpresa agitaram as profundezas da minha alma. Predominante entre essas emoções estava uma sensação de satisfação e força que pareciam ter-me transfigurado. (Shoghi Effendi, God Passes By)

Hoje, os Bahá’ís celebram a Declaração do Báb. É um momento festivo em que se recorda o dia e a hora em que o Báb lançou o Seu primeiro chamamento à unidade de todos os povos, culturas, nações e religiões.

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Traduzido e adaptado de: The Beginnings of a Revolutionary Religion: The Declaration of the Bab (www.bahaiteachings.org)

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