sábado, 8 de outubro de 2022

As Soluções Científicas e Religiosas para o Crescimento Populacional

Por David Langness.


As Nações Unidas estimam que o nosso pequeno planeta, neste século, terá mais três mil milhões de pessoas do que hoje, projectando que chegaremos a 8 mil milhões em 2022 e 11 mil milhões em 2100.

Alimentar, alojar e gerir a utilização de recursos para todas essas pessoas pode exceder a capacidade da Terra. Infelizmente, ninguém conhece os limites externos dessa bio-capacidade, porque nunca os sobrecarregámos tão severamente antes.

Hoje produzimos comida suficiente para alimentar todas as pessoas no planeta – mas poderemos aumentar a produtividade das colheitas em mais de 30% durante este século, com o planeta a ficar mais quente todos os anos? Ainda podemos respirar o ar, beber a água e viver na maioria dos lugares da Terra; mas isso será verdade em 2100? Hoje geramos energia suficiente (na maioria das vezes) para alimentar o planeta, mas com as crescentes necessidades das nações em desenvolvimento e o previsível enorme aumento da população, teremos o suficiente para amanhã?

Nas últimas décadas, a maioria dos especialistas que estudou estes assuntos graves respondeu a estas três perguntas cruciais com um assertivo “Não!”

Esses difíceis desafios continuam a atormentar cientistas, urbanistas e líderes mundiais. Então, sem qualquer manual do utilizador, instruções ou experiência anterior, como pode a humanidade lidar com esta questão de superpopulação? Deveriam todos os países do, como a China, limitar o número de filhos que as famílias podem ter? Devemos fazer esforços gigantescos para aumentar o rendimento das colheitas dos agricultores em todo o mundo para que possamos alimentar esses novos milhares de milhões? Ou não devemos fazer nada, e simplesmente aceitar o crescimento exponencial da espécie humana, acreditando que o nosso planeta e nossa engenhosidade humana podem de alguma forma apoiar todas essas pessoas – e enfrentar o desastre humanitário global que pode ocorrer se estivermos errados?

Religião e Ciência a trabalhar juntas


Na perspectiva Bahá'í, estas questões sobre o aumento de população da Terra envolvem a religião e a ciência - e, na verdade, exigem que as duas trabalhem juntas.

Os ensinamentos Bahá'ís sustentam que temos um manual do utilizador para o nosso planeta e para as pessoas aqui vivem - a revelação contínua e progressiva do Criador para a humanidade através do sistema religião único e em evolução.

Os Bahá'ís acreditam que a humanidade tem apenas uma religião, que nos tem sido dada ao longo do tempo por vários mensageiros e profetas. Essas religiões são designadas com nomes diferentes, embora partilhem princípios espirituais comuns. Todas essas religiões ensinam a Regra de Ouro. Essas religiões aconselham a compaixão, a bondade e o amor. Essas religiões pedem que nos tratemos uns aos outros com respeito. Essas religiões dão-nos a orientação espiritual destinada a fazer evoluir as nossas vidas pessoais e as nossas civilizações. Essas religiões pedem-nos para fazer as pazes uns com os outros e amar uns aos outros.

A nossa Fé única universal, afirmam as Escrituras Bahá'ís, tem tentado transmitir-nos gentil e amorosamente, ao longo da história humana, as melhores e mais espirituais formas de lidarmos uns com os outros. Os ensinamentos Bahá'ís mantêm essa orientação. No livro de 'Abdu'l-Bahá, O Segredo da Civilização Divina, encontramos um apelo à humanidade para que aja de forma a promover a "glória e grandeza do homem", que:

... não consiste em ser ávido de sangue e de garras afiadas, em destruir cidades e espalhar o caos, em massacrar militares armados e civis. O que se entende por um futuro brilhante para ele seria a sua reputação pela justiça, pela sua bondade para com toda a população, seja nobre ou humilde, pela sua construção de países e cidades, vilas e regiões, por tornar fácil, pacífica e feliz a vida dos seus semelhantes, por estabelecer os princípios fundamentais para o progresso, por elevar os padrões e aumentar a riqueza de toda a população.

A sobrevivência, prosperidade e felicidade derradeiras do nosso mundo dependem de uma coisa, dizem os ensinamentos Bahá'ís - da nossa capacidade de nos unirmos. Quando as nações, as raças, os géneros, as classes e as perspectivas políticas encontrarem formas de construir um futuro juntas, teremos a capacidade de construir um mundo onde reinem a paz, a justiça e a equidade. Bahá'u'lláh escreveu:

O bem-estar da humanidade, a sua paz e segurança são inatingíveis a menos que, e até que, a sua unidade seja firmemente estabelecida. A unidade nunca poderá ser alcançada a menos que os conselhos que a Pena do Altíssimo revelou deixem de passar despercebidos.

Através do poder das palavras que Ele proferiu, toda a raça humana pode ser iluminada com a luz da humanidade… (Gleanings from the Writings of Baha’u’llah, CXXXI).

Neste contexto, a frase de Bahá'u'lláh "a Pena do Altíssimo" refere-se aos profetas e mensageiros divinos que fundaram as religiões do mundo. Enquanto rejeitarmos os seus conselhos espirituais, continuando a fazer guerra violenta uns contra os outros, separando-nos segundo a raça, a classe e a nacionalidade, privilegiando os ricos acima dos pobres, oprimindo as mulheres e diminuindo a sua participação plena na sociedade, permitindo que ocorram tremendas injustiças e destruindo o ecossistema do mundo, então ameaçamos e, em última análise, corremos o risco de destruir o futuro colectivo da humanidade.

Se, por outro lado, aceitarmos os conselhos de Bahá'u'lláh aprendendo a amar-nos uns aos outros, renunciando às nossas diferenças, transcendendo as nossas fronteiras e reunindo-nos em unidade, todos nós poderemos antecipar com expectativa um futuro brilhante para a raça humana.

Esta parte da equação ciência-religião não pode ser resolvida por tecnologia, ou novas leis, ou formas mais produtivas de produzir alimentos. Só pode ser resolvida no coração humano, que sabemos ter uma profunda necessidade de espiritualidade, de amor, de ligação com os outros.

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Texto original: The Scientific – and Religious – Solutions to Overpopulation (www.bahaiteachings.org)


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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site BahaiTeachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.

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