sábado, 10 de junho de 2023

Como a Morte me ajudou a descobrir a Fé Bahá’í

Por Kim Mennillo.


No meu artigo anterior, descrevi como recebi três sinais espirituais significativos durante a primeira parte da minha vida - e sem perceber o porquê.

Quantas vezes precisamos de ser beliscados?

Quando me recuperava do cancro, li muito sobre experiências quase morte (EQMs) – já que a minha própria mortalidade estava obviamente na minha mente. E assim descobri a Fé Bahá’í num desses livros.

Era algo novo – o quarto sinal – e chamou-me a atenção!

Avancei na minha investigação lendo o livro Bahá’u’lláh e a Nova Era e outros livros Bahá'ís que existiam na nossa biblioteca pública. Apaixonei-me imediatamente pelos princípios Bahá'ís, mas nem o meu marido nem eu imaginávamos que houvesse Bahá'ís nos Estados Unidos. Estava desanimada.

Pensando bem, eu deveria ter percebido que as histórias de EQM ocorreram nos Estados Unidos; por isso, é claro, deviam existir Bahá'ís neste país. Mas de alguma forma esse pormenor escapou-me.

Também fiquei extremamente incomodada porque o meu curso da faculdade sobre religiões mundiais nunca tinha mencionado a Fé Bahá'í. Li novamente o meu livro, e encontrei uma referência, mas num pequeno parágrafo, erradamente descrita como uma “seita do Islão”. Depois de todas as minhas leituras, percebi imediatamente que não estava correto. Felizmente, aqueles livros da biblioteca esclareceram as coisas, assim como estas palavras das Escrituras do Báb:

Dá graças a Deus, pois Ele ajudou-te graciosamente neste Dia, revelou para ti os versículos claros desta Epístola, e incluiu-te entre aquelas mulheres que acreditaram nos sinais de Deus, tomaram-No como guardião, e são das gratas.

O quinto sinal e, a propósito, o único sinal que não poderia ser ignorado por ninguém, era enorme. (…)

Em 1990, o meu marido e eu comemoramos o Dia da Terra, caminhando pelas festividades no Whetstone Park of Roses em Columbus, Ohio. Ali, no meio daquele perfumado jardim de rosas, havia um expositor com uma enorme faixa vertical que tapava nossa visão, mas quem se importava? Que visão para os olhos sensíveis! Uma faixa vertical em letras grandes dizia: FÉ BAHA'I DE COLUMBUS, OHIO.

Mas conseguia acreditar. Levantei a mão, bati no peito do meu marido, e gritei alegremente: “Eles estão aqui! Eles estão em Columbus!

A minha alma esta surpresa! Foi o melhor e mais feliz momento das nossas vidas. Corremos para aquele expositor para conversar com dois Bahá'ís muito surpreendidos, que responderam amorosamente às nossas perguntas.

Naquele mesmo ano, recebi um xilofone portátil como presente de aniversário e decidi, no início da primavera de 1990, que precisava ter aulas. Em conversa com o professor de música durante uma aula, descobri mais tarde que ele também seria meu professor de anatomia e fisioterapia, quando iniciasse a minha formação em fisioterapia; tínhamos a música e fisioterapia em comum. O mundo é pequeno. O professor costumava levar os seus filhos pequenos com ele para a aula; numa ocasião, levei a minha filha para brincar com os meninos, mas eles não estavam lá. Perguntei-lhe: “Onde estão os seus meninos?” Ele disse: “Ah, eles estão em uma reunião Bahá'í com a mãe.

O que mais me poderia surpreender? Este homem não era apenas meu professor de música e professor de anatomia, mas também era Bahá'í? Incrível! Era o meu sexto sinal! “Isso é outra coisa que me interessa,” disse-lhe animadamente. Ele ficou muito feliz ao ouvir isso e convidou-nos para reuniões introdutórias Bahá'ís informais chamadas fire-sides em Westerville, Ohio.

Participámos em algumas reuniões entre Abril e Junho daquele ano, esclarecemos todas as nossas dúvidas e conhecemos muitos novos amigos que nos aceitaram amorosamente na comunidade de fé e convidaram a participar em actividades.

Acabei mesmo por perceber todos os sinais! O meu marido e eu tornamo-nos Bahá’ís no dia do Pai e juntámo-nos à comunidade Bahá’í de Columbus.

E todos aqueles sinais! Deus definitivamente estava a tentar chamar a minha atenção através de 1) a minha “noção inicial” de revelação progressiva; 2) o meu impedimento matinal para fazer o meu mestrado em educação cristã; 3) o semblante de 'Abdu'l-Bahá a aparecer numa meditação guiada; 4) a Fé Bahá'í foi-me apresentada num livro sobre experiências de quase morte; 5) um sinal real; e 6) um professor de música que também era Bahá'í.

Algumas pessoas só precisam de evidências concretas, acho eu. Tal como 'Abdu'l-Bahá disse numa palestra em Nova York, em 1912:

Louvado seja Deus! Vós ouvistes o chamamento do Reino. Os vossos olhos estão abertos; voltastes as vossas faces para Deus. O vosso propósito é a complacência de Deus, a compreensão dos mistérios do coração e a investigação das realidades. Dia e noite deveis esforçar-vos para alcançar os significados do Reino celestial, perceber os sinais da Divindade, adquirir a certeza de compreender e perceber que este mundo tem um Criador, um Vivificador, um Sustentador, um Arquitecto - sabendo isto através de provas e evidências e não por meio de gostos pessoais; pelo contrário, através de argumentos categóricos e verdadeira visão - ou seja, visualizando isto tão claramente como os olhos exteriores vêem o sol. Que possais desta forma contemplar a presença de Deus e alcançar o conhecimento dos Manifestantes divinos.

Deveis adquirir o conhecimento dos Manifestantes divinos e dos Seus ensinamentos através de provas e evidências. Deveis expor os mistérios do Reino supremo e tornar-vos capazes de descobrir as realidades interiores das coisas. Então sereis as manifestações da misericórdia de Deus e verdadeiros crentes, firmes e constantes na Causa de Deus. (The Promulgation of Universal Peace, 6 de Julho de 1912)

Mas há mais! Mais tarde, quando trabalhei para o Baha’i Book Distribution Service (Serviço de Distribuição de Livros Bahá’ís), encontrei um livro com uma cronologia de eventos Bahá'ís significativos por dia, mês e ano. Curiosa para saber se algo significativo aconteceu no dia em que nasci, verifiquei e… encontrei! Em 28 de julho de 1955, sete Bahá'ís foram martirizados na vila de Hurmuzak, no Irão. Uma pessoa sobreviveu, contou a história a outras, e o livro Sete Mártires de Hurmuzak foi escrito sobre aquele dia devastador.

No fundo da minha memória, lembrei-me de alguém me ter dito que o nome de Bahá’u’lláh deveria ser a primeira coisa sussurrada ao ouvido de um recém-nascido - e isso fez-me pensar. O sétimo sinal foi, de facto, simples. A minha mente divagava enquanto eu me perguntava se era possível que, enquanto aquelas sete almas voavam para o outro mundo e eu estava chegando a este, que pelo menos uma delas tivesse sussurrado o nome de Bahá’u’lláh ao meu ouvido?

Esse pensamento sóbrio faz-me acreditar que talvez eu seja Bahá'í desde o primeiro dia da minha vida - levei apenas 35 anos para perceber isso. Agora que penso nisso, talvez, como 'Abdu'l-Bahá sugere aqui, esse foi o primeiro sinal:

Entre toda a humanidade Ele escolheu-vos a vós, e os vossos olhos abriram-se para a luz da orientação e os vossos ouvidos escutaram a música da Assembleia no alto; e abençoados pela graça abundante, os vossos corações e almas nasceram para uma nova vida. (Selections from the Writings of ‘Abdu’l‑Bahá, #17)

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Texto original: How Death Helped Me Discover the Baha’i Faith (www.bahaiteachings.org)


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Kim é Bahá'í e reside em Newington, Connecticut, EUA. Ela e o marido, Tom, aceitaram a Fé Bahá’í em 1990. Kim foi fisioterapeuta durante 28 anos e agora está reformada. Tem trabalhado em várias agências da comunidade e Bahá’í e hoje tem uma pequena empresa (www.dandysreflections.net).

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