terça-feira, 1 de abril de 2008

Charlie Chaplin e a visão de um mundo novo

Se pudesse eleger o melhor excerto político de todos os filmes de Charlie Chaplin, escolheria este:



O mais espantoso deste excerto são as semelhanças com as as palavras de Shoghi Effendi no livro The World Order of Bahá'u'lláh (pag. 203-204) onde o Guardião da Fé Bahá’í expõe a sua visão sobre o futuro colectivo da Humanidade:

«A unidade do género humano, tal como Bahá'u'lláh anteviu, compreende o estabelecimento de uma comunidade mundial em que todas as nações, raças, crenças e classes estejam estreita e permanentemente unidas, e em que a autonomia dos seus estados membros, e a liberdade e iniciativa pessoal dos seus membros individuais, sejam garantidas de um modo definitivo e completo. Esta comunidade mundial deve, tanto quanto podemos antecipar, incluir uma legislatura mundial, cujos membros na qualidade de representantes de todo a espécie humano, por fim controlarão todos os recursos das respectivas nações componentes e formularão as leis que forem necessárias para regular a vida, satisfazer as necessidades e harmonizarão as relações de todas as raças e povos entre si. Um governo mundial, apoiado por uma força internacional, executará as decisões dessa legislatura mundial, aplicará as leis por ela criadas, e protegerá a unidade orgânica da inteira comunidade mundial. Um tribunal mundial deverá julgar toda e qualquer disputa que surja entre os vários elementos que constituem esse sistema universal, sendo a sua decisão irrevogável e final. Um sistema de intercomunicação mundial será concebido, envolvendo todo o planeta, e, livre de qualquer limitação ou restrição nacional, funcionará com admirável rapidez e perfeita regularidade. Uma metrópole mundial agirá como centro nevrálgico de uma civilização mundial, o foco para o qual convergirão as forças unificadoras da vida e do qual hão de irradiar as suas influências energéticas. Uma língua mundial será criada ou escolhida entre as línguas existentes e será ensinado em todas as escolas de todas as nações federadas como auxiliar à língua nativa. Uma escrita mundial, uma literatura mundial, um sistema uniforme de moeda, de pesos e medidas simplificarão e facilitarão o intercâmbio e entendimento entre as nações e raças da humanidade. Numa tal sociedade mundial, a ciência e a religião, as duas forças mais potentes da vida humana, reconciliar-se-ão, cooperando e desenvolvendo-se harmoniosamente. A imprensa, sob tal sistema, embora venha a ter plena liberdade de expressão das diversificadas opiniões e convicções da humanidade, deixará de ser perniciosamente dominada por interesses, particulares ou públicos; e será liberta da influência de governos e povos em contenda. Os recursos económicos do mundo serão organizados, as suas fontes de matérias primas serão exploradas e completamente utilizadas, os seus mercados serão coordenados e desenvolvidos e a distribuição dos seus produtos será regulada de um modo equitativo.

As rivalidades, os ódios e as intrigas entre as nações cessarão, e os preconceitos e animosidades raciais serão substituídos por amizade, entendimento mútuo e cooperação. Os motivos de conflito religioso serão definitivamente eliminados as barreiras e as restrições económicas serão completamente abolidas e a desmedida distinção entre classes será eliminada. Desaparecerão a pobreza extrema, por um lado e, por outro, a excessiva acumulação de bens. A enorme quantidade de energia que se desperdiça com a guerra, quer económica ou política, será dedicada a fins como a extensão do âmbito das invenções humanas e do desenvolvimento técnico, o aumento da capacidade produtiva da humanidade, o extermínio das epidemias, a ampliação das pesquisas científicas, a adopção dos mais altos padrões de saúde física, a aperfeiçoamento estimulação do cérebro humano, a exploração dos recursos do planeta que ainda não foram utilizados ou descobertos, o prolongamento da vida do homem, a promoção de qualquer outro meio de estimular a vida intelectual, moral e espiritual de toda a humanidade.»

1 comentário:

Anónimo disse...

Num exercício meramente especulativo atrever-me-ia a dizer que este discurso de Chaplin seria resultado da leitura deste texto e conhecimento dos princípios da Fé Bahá'i, dadas as suas semelhanças.
Apesar do filme tão datado, a intemporalidade da mensagem impõe-se.