quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O Restauro do Jardim de Ridvan

Após mais de três anos de trabalhos de restauro e conservação, um local sagrado Bahá'í está a revelar um vislumbre do património histórico e espiritual desta parte da Terra Santa.

Desde o tempo do Império Romano até ao início do século 20, os moinhos de água deste local – a cerca de dois quilómetros da cidade velha de Acre – produziam a farinha de trigo para alimentar a população da área.

"Esta foi uma zona agrícola muito importante para a cidade", salientou Albert Lincoln, secretário-geral da Comunidade Internacional Bahá'í. "Os moinhos de água eram parte do que foi provavelmente um dos maiores complexos industriais da região. Eles foram registados em 1799 pela delegação francesa que fez um levantamento da área em resposta às pretensões de conquista de Napoleão."

Mas para os bahá'ís, este lugar tem um significado espiritual, acrescenta o Sr. Lincoln.
"É um dos lugares sagrados mais bonitos associado à presença de Bahá'u'lláh aqui durante o século XIX."

O Trabalho de Restauro

Usando fotografias e descrições históricas, uma equipa internacional de arquitectos e engenheiros devolveu ao jardim de Ridvan ao seu carácter original, assistida pelo Autoridade Israelita de Antiguidades que forneceu um levantamento do terreno e realizou parte do trabalho.

"A nossa missão foi recriar a ilha tal como tinha sido na época de Bahá'u'lláh", disse Khosrow Rezai, um representante da equipa de design que supervisionou o projecto. "Portanto, a nossa tarefa foi investigar e descobrir o maior número possível de evidências históricas sobre o aspecto da área, para que pudéssemos trazer a ilha de volta à vida."

Os dois canais de água foram reconstruídos nos dois lados do jardim nos percursos originais, seguindo em direcção aos moinhos, alguns dos quais também foram restaurados. "Encontramos um aquífero subterrâneo a 40 metros e estão a usá-lo para alimentar os canais", diz Rezai. "Mas a configuração dos canais dá a impressão de que a água está a novamente a fluir das montanhas e corre em direcção ao oceano."

Com a recriação do aspecto original do jardim, os peregrinos podem agora experimentar a sensação de um retiro espiritual. "Tentamos transmitir, na medida do possível, a tranquilidade do jardim preparado por 'Abdu'l-Bahá como um lugar onde Bahá'u'lláh podia descansar", diz Rezai. "Poder ver a água dá uma sensação incrível. Atravessamo-la, cheiramo-la, sentimo-la. Esperemos que transmita a sensação de felicidade e alegria que Bahá'u'lláh sentiu."

Esta semana, cerca de 280 bahá'ís – vindos de lugares tão distantes como a Mongólia, Ruanda e El Salvador - tornaram-se os primeiros peregrinos desde 2007 a visitar este lugar sagrado.



A Ilha Verdejante

Em 1875 - oito anos após a prisão de Bahá'u'lláh na cidade-prisão de Acre - o Seu filho ‘Abdu’l-Bahá alugou uma ilha existente entre dois canais de água, desviados do rio Na'mayn para alimentar os moinhos. Nesta ilha, 'Abdu'l-Baha criou um requintado jardim para o Seu pai que, até então, tinha estado preso e exilado mais de duas décadas. Bahá'u'lláh chamou "Ridvan" (em português, "paraíso") ao jardim.

Quando Bahá'u'lláh conseguiu alguma liberdade de movimentos na Palestina, teve finalmente a oportunidade de visitar frequentemente o jardim; por vezes dormia numa pequena casa ali existente.

Depois de 'Abdu'l-Bahá ter comprado a ilha, os peregrinos do Irão e dos países vizinhos trouxeram arbustos, árvores, plantas e flores para colocar nos canteiros.

Bahá'u'lláh referiu-Se a este local como "A Nossa Ilha Verdejante " e escreveu algumas coisas bonitas em que descreve como Ele estava sentado no jardim e a água fluía ao Seu redor.

Um sistema de drenagem de pântanos para conter a malária e aumentar as terras aráveis na década de 1930 e 1940, privou o jardim das suas características originais. Mas agora, com a recuperação dos canais de água, o Jardim de Ridvan é novamente uma ilha.

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FONTE: Holy place restoration sheds light on region's heritage (BWNS)

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