A "nossa" Avenida |
Em França, os Baha’is têm vindo a preparar a celebração deste Centenário com diversas iniciativas. A possibilidade de fazer um programa de TV sobre esta visita foi acolhida com grande entusiasmo. Ocorreu-nos também que poderíamos fazer outros programas (de 7 minutos) sobre os livros “Palestras em Paris” (associado à visita de 'Abdu'l-Bahá) e “Respostas a Algumas Perguntas” (elaborado por Laura Clifford Barney, uma das primeiras Bahá’ís de França). Não podemos esquecer que são livros muito populares entre Bahá’ís e pessoas que querem conhecer a Fé Bahá’í.
Em Janeiro passámos à fase de planeamento do projecto: orçamento, deslocações, estadias, estrutura e guião para os programas. Quantas pessoas são necessárias levar a Paris? Que materiais devemos recolher? Poderemos filmar na Residência? Como descrever o ambiente na Europa (e em França) em 1911? Como transmitir a importância do local de uma forma digna, serena e apelativa?
Centro Bahá'í de Paris |
Finalmente, tivemos luz verde de todas as partes. A AEN de Portugal já tinha dado a sua aprovação; a AEN de França concorda. A Artemis (empresa que faz as filmagens) também. Apressámo-nos a marcar viagens e estadias. Em França começaram a avisar algumas pessoas que podiam vir a ser entrevistadas.
O tempo ia passando e as estruturas dos três programas de TV foram assumindo forma. Diversos livros publicados em França e algum material recolhido na Internet inspiraram e orientaram a elaboração dos guiões. O nosso objectivo ficou cada vez mais claro. Decidimos filmar um 4º programa com perguntas genéricas. Dá sempre jeito tem algum material disponível para outros programas.
Chegou o dia da viagem a Paris. Não podia esquecer de nada. Imprimi todos os documentos e emails que troquei. Levei os livros e alguns materiais. Tinha alguma dificuldade em acreditar que isto estava a acontecer. Íamos mesmo filmar uns programas de TV sobre a presença de 'Abdu'l-Bahá em Paris.
Pouco depois de deixarmos bagagens e equipamento no hotel, fomos passear pelas ruas de Paris. A Residência de 'Abdu'l-Bahá ficava ali perto. Encontrámos a "Avenue de Camoens" após alguns minutos de caminhada. Lá estava a estátua (mal-tratada) do poeta português junto à escadaria no topo da avenida. É engraçado pensar que a residência de 'Abdu'l-Bahá em Paris fica numa rua que tem o nome de um poeta Português. É difícil não sorrir perante esta coincidência.
António Malheiro e Pedro Marques |
No dia seguinte iniciamos o trabalho a sério. Encontrámo-nos na residência à hora marcada. Começámos com um briefing; recordámos o nosso plano de trabalhos para este dia e esclarecemos várias dúvidas. Ficámos a saber que há várias pessoas para ser entrevistadas. Lembrámos que as entrevistas seriam faladas em francês e legendadas em português; a perspectiva de programas bilingues animou todos os presentes.
Antes de sair, fizemos orações no quarto privado de 'Abdu'l-Bahá. Começámos com filmagens no exterior; fomos para o Jardim de Trocadero, ali perto; partilhámos a carrega da mochila com baterias e cassetes, do tripé e da câmara. E não esquecemos os apontamentos.
Sucederam-se os "takes". "Aqui tem um bom enquadramento." "Era importante que vocês se movimentassem enquanto falam..." "O B. está despenteado..." "Espera... não ficou bem. Vamos ter que repetir" "Vamos fazer a abertura depois...". Os Bahá’ís franceses observavam-nos atentamente. Alguns estavam curiosos; outros claramente tentavam a tentar aprender connosco.
Filmando na Residência |
As filmagens previstas para hoje estavam quase a acabar. Ao fim da tarde recebemos um recado: "Já não é necessário ir hoje ao Centro Bahá’í. A pessoa que ia ser entrevistada hoje estará lá amanhã". Foi uma alteração de planos que nos agradou; estávamos cansados. Mas não o suficiente para nos impedir de ir passear até ao Arco do Triunfo, depois de jantar.
No sábado de manhã, tínhamos filmagens no Centro Bahá’í de Paris. Alguns amigos aguardavam-nos. Tínhamos previsto filmar entrevistas sobre os dois livros. Começou o Frederic a falar sobre o livro "Palestras em Paris"; despejou datas, nomes, locais... "Sou um rato de biblioteca", confessou-me mais tarde. Entendi-o e fiquei a pensar em fotos antigas para ilustrar a sua intervenção. Este vai dar trabalho quando fizermos a montagem.
A explicar uns pormenores... |
Chegaram mais pessoas para serem entrevistadas. Responderam a questões de carácter genérico. Algumas tiveram um desempenho muito bom para quem é entrevistado pela primeira vez; parecia que não se intimidavam com a presença da câmara.
Entrevistando a Natalia |
Comecei os meus comentários: "Alguns pareceram intimidados com a presença da câmara..." "Gostei da maneira de falar da G. Era muito segura." "L. falou demasiado depressa… parecia um apresentador de televendas..." "A. foi magnífica..." "T. era demasiado sexy..." "Foi pena o M. ter aquela roupa. Parecia mal-amanhado..." "O Júnior foi muito bom. Temos poucas pessoas como ele em Portugal".
Sophie tomava nota das minhas observações. "Podemos de avançar para um workshop de Técnicas de Apresentação. A maior parte das pessoas não tem consciência destes problemas. E isto pode-se corrigir com algum treino", concluo.
À porta da Residência |
"Temos de aprender uns com os outros. Em Portugal, temos dificuldade em encontrar pessoas disponíveis para os programas. Aqui vocês mobilizaram dez, ou doze, pessoas. Isso é muito bom."
"A vossa presença foi uma bênção..."
"Não gosto de pensar assim. Eu diria que o resultado neste momento é francamente positivo. O nosso objectivo era filmar 4 programas e devemos ter recolhido material para 6 ou 7. É claro que ainda não vimos o resultado final; falta o trabalho da montagem. Mas neste momento estamos muito satisfeitos".
Sophie sorri.
Ficámos com a sensação que este pode ser o início de uma bela colaboração entre Bahá’ís de França e de Portugal.
6 comentários:
Quando se vive em Portugal, pensamos que a Comunidade é pequena, fraca, e com grandes necessidades a vários níveis. Quando se vive noutro lado, apercebemo-nos que, por comparação, em vários casos Portugal está na vanguarda, pelo menos na Europa. E isso faz-nos sorrir. Bom trabalho! Gostaria de poder ver os programas quando estiverem produzidos.
Margarida Miguel
Adorei ler o teu artigo...pude viajar convosco, observar pelos vossos olhos, sorrir de orelha a orelha com algumas passagens e até fui jantar convosco e dar a tal voltinha pelo Arco do Triunfo. Bom trabalho! Estou ansiosa por ver os programas!
Beijos para ti e para o Pedro e a minha gratidão por este serviço!
Stella
Stella,
A sensação dos pés doridos também esteve presente.
:-)
A ideia foi fantástica!
Aguardamos a reportagem pois será certamente um grande momento.
Thank you for sharing this wonderful project! I wish you the best in this endeavor.
Marco, o que a Margarida disse é oq ue sinto. Nós em Portugal ou seja voces, tem muitas oportunidades e parecem "normais" e logicas, mas nao é assim. Tem avançado imenso no tema do desenvolviemntos audio-visual e isso é quase unico. Os estados unidos tem essa experiencia mas toda suportada pelos fundos da fe...
Quando é que vamos poder (as comunidades nacionais dos outros paises) ter aceeso a alguns masters? A fe está quase a sair a luz aqui no Chile e bem precisamos de bons programas e boas tomas.
Obrigada pela descriçao, senti-me com voces, e até com os nervos no estomago ao estar a frente da camara (e isso que já treinei mil vezes)....beijos e abraços a todos, demasiadas saudades!!!
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