quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Perito da ONU preocupado com "clima de medo" no Irão


O perito das Nações Unidas para os direitos humanos no Irão, declarou à Assembleia Geral que está "profundamente preocupado" com a situação no país, descrevendo um "clima de medo", onde jornalistas, defensores dos direitos humanos e das minorias, enfrentam detenções injustificadas e prisões, sem esperança de conseguirem o devido processo legal.

Ahmed Shaheed reiterou o seu apelo para a libertação imediata de todos os "presos de consciência" no Irão, destacando o encarceramento atual de mais de 40 jornalistas e cerca de 30 defensores dos direitos humanos.

No seu relatório, o Dr. Shaheed também expressou o alarme para a ausência generalizada do direito de defesa, no Irão. Dos cerca de 99 ex-detidos que ele entrevistou, "cerca de 60% relataram a prática de isolamento prolongado, 80% afirmaram que foram espancados, e mais de 60% alegaram que não conseguiram ter acesso a um advogado."

Em discussões interativas, realizadas em 24 de outubro, diversas delegações nacionais levantaram especificamente a situação dos Bahá'ís, expressando a preocupação sobre a perseguição de minorias religiosas, no Irão. O Dr. Shaheed respondeu, os Bahá'ís, em particular, enfrentam perseguições, porque eles não são reconhecidos pelo governo iraniano como uma religião, o que leva à discriminação nomeadamente na educação.

Num seminário realizado dois dias antes, no Instituto Internacional da Paz de Nova Iorque, o Dr. Shaheed descreveu os Bahá'ís como "a minoria religiosa mais perseguida no Irão", observando que eles enfrentam uma série de discriminações - desde não poderem praticar a sua fé até à negação de acesso a serviços básicos.

DEBATE PARLAMENTAR NO REINO UNIDO

Em Londres, também na quarta-feira 24 de outubro, os membros do Parlamento do Reino Unido, de todas as tendências políticas, realizaram um debate em Westminster Hall, focando a perseguição sistemática, do governo iraniano, contra os Bahá'ís e outras minorias religiosas.

Alistair Burt, Subsecretário de Estado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, disse que "nenhum Estado pode tratar as suas minorias religiosas desta forma. É ainda mais chocante, dado a base religiosa do actual regime e a sua reivindicação, tantas vezes afirmada, de respeitar os direitos humanos”, e disse que o Reino Unido continuará a apoiar o Dr. Shaheed "no seu papel crucial de investigar as violações dos direitos humanos e de obter um compromisso genuíno do Irão para resolver as preocupações internacionais".

Naomi Long, MP para Belfast Leste, disse que a perseguição aos Bahá'ís reflete uma "perseguição mais ampla dcontra outras minorias religiosas e culturais na sociedade iraniana."
"A situação é claramente grave", disse ela, "e o tratamento que é dado à comunidade Bahá'í é um indicador de até onde as autoridades iranianas estão dispostas a ir na perseguição a essas minorias."

Nas suas observações finais, o Sr. Burt apelou ao governo iraniano para abraçar valores como respeito mútuo e a tolerância. "O Irão tem um histórico vergonhoso de detenções de defensores dos direitos humanos, jornalistas e blogguers, e parece insensivelmente pronto para usar instrumentos, como a pena de morte, a fim de intimidar". "A determinação tranquila dos Bahá'ís de coexistir pacificamente com os seus compatriotas, como parte de uma sociedade iraniana diversificada, deve ser abraçada pelo governo do Irão”.

Tradução: Ivone Correia

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