quarta-feira, 7 de abril de 2004

Saber estar na Política

Ontem no Telejornal da RTP passou ontem uma reportagem sobre uma sessão da Assembleia Municipal de Lisboa. A dado momento, houve alguns deputados que desataram numa gritaria. Essa gritaria foi aumentando de tom até que a sessão foi suspensa. Todo o ambiente mais parecia uma assembleia geral de clube de futebol falido: gritaria, insultos, gente a esbracejar, ameaças... A notícia está hoje no Público.

A minha conclusão é simples: há ali uns quantos políticos que não se sabem comportar à altura da dignidade do cargo que ocupam. Além disso parece-me estranha a presença da RTP naquele local, exactamente quando há aquela escandaleira toda. Algo me dizia que tudo foi bem orquestrado.

Uma das razões para o descrédito dos políticos é exactamente este tipo de comportamentos. Quando um deputado eleito transforma o órgão de soberania em palco de arruaça, e os seus actos podem ser comparados ao comportamento membros de claques desportivas, deixam de existir muitas dúvidas sobre porque é que o cidadão comum se desinteressa da política. E esse desinteresse é ainda maior quando o cidadão comum se lembra que esses deputados que fazem figuras tristes têm um ordenado pago com o dinheiro dos nossos impostos...

Felizmente nem todas as pessoas envolvidas na política têm esta postura. Alguns há que sabem debater ideias, expor argumentos, rebater acusações e mesmo ironizar sobre os seus adversários políticos sem nunca perderem a educação e o cavalheirismo. Um exemplo disso é bem patente o programa Quadratura do Círculo da SIC-Notícias. Não é necessário estar de acordo com nenhum dos intervenientes nesse programa, ou ter ideias alinhadas com as cores políticas de qualquer um deles, para poder admirar o tom do debate e a postura dos intervenientes.

Até se pode estar em desacordo com todos os intervenientes desse programa. Mas o tom dos diálogos mostra-nos que ainda há pessoas que sabem estar na política.

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