quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Kitáb-i-Iqán (10)

Motivos da Oposição aos Profetas (2ª parte)

O RECEIO DOS PODERES INSTITUÍDOS
Os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um depoimento falso contra Jesus, a fim de O condenarem à morte, mas não o encontraram embora se tivessem apresentado muitas falsas testemunhas. Apresentaram-se por fim, duas, que declararam: «Este homem disse: Posso destruir o Templo de Deus e reedificá-lo em três dias» Ergueu-se, então o sumo sacerdote e disse-Lhe: «Não respondes nada? Que dizes aos que depõem contra Ti?» Mas Jesus continuava calado. O sumo sacerdote disse-Lhe: «Intimo-Te, pelo Deus vivo, que nos digas se és o Cristo, o Filho de Deus» Jesus respondeu-lhe: «tu o disseste. E Eu digo-vos: Vereis um dia o Filho do Homem sentado à direita do Poder e vindo sobre as nuvens do céu» Então o sumo sacerdote rasgou as vestes, dizendo: «Blasfemou! Que necessidade temos ainda de testemunhas? Acabais de ouvir a blasfémia.» (Mt 26:59-65)
Na história das religiões percebemos que a oposição aos Mensageiros de Deus foi fomentada pelos poderes políticos e religiosos do Seu tempo. Nas religiões semitas, isso é muito claro nos textos e tradições religiosas que nos referem Moisés e o faraó, Jesus e os sacerdotes hebreus, Herodes e Pilatos, e Maomé face aos sacerdotes judeus e cristãos e ainda os lideres tribais do Seu tempo.[16]

Podemos identificar alguns motivos para o confronto entre os Profetas e o poder político do tempo e local onde exercem a Sua Missão. Talvez o mais frequente, seja o facto do poder político ser instigado pelo poder religioso a punir o Mensageiro, e a acreditar que Ele é um factor de perturbação social.

No que toca aos dirigentes religiosos[a], percebe-se que a sua oposição ao novo Mensageiro de Deus assenta na sua incapacidade para compreender os significados dos textos sagrados. Nas palavras do novo Profeta vêem uma ameaça à sua posição de poder e prestígio social; curiosamente, esses dirigentes religiosos possuem dúvidas em relação a questões teológicas profundas, mas não hesitam em condenar o novo Mensageiro e afirmar que ainda não se cumpriram os sinais relativos à vinda do prometido.[90]

Sobre este assunto, Bahá'u'lláh escreveu no Kitáb-i-Íqán:

Os lideres da religião, em cada era, têm impedido seu povo de atingir as margens da salvação eterna, na medida em que sustiveram as rédeas da autoridade nas suas poderosas mãos. Alguns pela luxúria da liderança, outros por falta de conhecimento e compreensão, têm sido o motivo da privação do povo. Com a sua aprovação e autoridade, todo o Profeta de Deus bebeu o cálice do sacrifício e alçou voo para os cumes da glória. Que crueldades indescritíveis, eles que ocuparam os tronos da autoridade e do conhecimento infligiram sobre os verdadeiros Monarcas do mundo, aquelas Jóias da virtude divina! Contentaram-se com um domínio transitório, e privaram-se de um soberania eterna.[15]
------------------------------------------
NOTAS

[a] – Os dirigentes religiosos são frequentemente condenados nas escrituras baha’is. Veja-se a
Epístola os Reis.

1 comentário:

João Moutinho disse...

Em todo o caso no respeitante às Religiões semitas há que referenciar que os cristãos foram os únicos que não mataram O Prometido - em oposição aos judeus e muçulmanos.
(consideramos que a responsabilidade da Crucificação de Jesus cabe aos judeus e não aos romanos)
Porque razão terão sido "dispensados" disso?