(...)Não percebo como é que um cristão pode reduzir Jesus Cristo a um mero "pregador apocalíptico" que nunca teve pretensões a fundar uma religião. Se assim fosse, o Cristianismo seria um incrível equívoco histórico.
O facto de ter sido vastamente ignorado no seu tempo de pregador não impediu Jesus Cristo de se tornar numa das mais importantes personalidades de todos os tempos. Não que Jesus se tenha afirmado fundador de um movimento religioso diferente do judaísmo. Mas a sua vida inspirou o maior movimento religioso da história da humanidade, aquele que ainda hoje mais fiéis congrega no mundo.
(...)
Antes da morte e ressurreição, foi um pregador judaico apocalíptico, como tantos outros que existiam na Palestina.
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Luciano Amaral, O Mistério (Diário de Notícias), 22-Dez-2005
quinta-feira, 22 de dezembro de 2005
Luciano Amaral
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2 comentários:
A ideia é explicar a improbabilidade do sucesso de Cristo, à luz dos processos humanos e, em consequência, apontar para a Sua divindade. E eu concordo, passe algum exagero do autor. Na verdade, Jesus não veio estabelecer uma religião, no sentido de uma organização social que se ocupa das questões espirituais das pessoas. Ele apresentou-se como intermediário entre Deus e os homens, e é na Sua pessoa, na Sua obra redentora*, que foca toda a atenção. Para os seus contemporâneos poderia ter sido apenas mais um "pregador apocalípico". Para Deus era o prometido desde o tempo de Adão. É por esta razão que não se trata de um equívoco, pois veio cumprir a promessa de Deus.
* O autor, católico, diz que "a sua vida (de Cristo) inspirou o maior movimento religioso da história". Neste ponto discordo. Todos os fundadores de religiões inspiraram os seus seguidores. Se fosse apenas inspiração Cristo seria um entre muitos. A singularidade de Cristo é que Ele fez o que nenhum outro conseguiu fazer: através da Sua morte e ressurreição permitiu-nos chegar a Deus.
Anonymous #2
Anonymous #2,
Como sabes, eu acredito que houve vários intermediários entre Deus e a humanidade. Quando Eles surgem, são homens desprovidos de poder ou prestígio entre os Seus contemporâneos; por vezes a Sua situação social ainda rebaixa mais a Sua condição aos olhos dos que Os conheceram.
Moisés era um assassino e proveniente de um povo que estava no fundo da hierarquia social do Seu tempo.
Jesus também era desconsiderado. Creio que há na Bíblia uma frase atribuída a um romano que diz qualquer coisa do género "O que pode vir de bom de Nazaré?". Bahá’u’lláh refere que aos olhos dos Seus contemporâneos, Ele era "uma criança sem pai".
Maomé era analfabeto, filho de uma família de comerciantes e só por si impotente perante as aguerridas tribos de idólatras que viviam na Península Arábica.
No entanto, o poder divino das palavras destes Mensageiros permitiu-Lhes enfrentar as adversidades, transformar os corações e as mentalidades e deixar um conjunto de ensinamentos espirituais, éticos e sociais que nos permitiram evoluir, e criar novas civilizações. Tudo isto não é um acaso na história da humanidade.
As palavras de "profetas apocalípticos" podem ser uma curiosidade histórica. As palavras de Mensageiros Divinos geram frutos de valor extraordinário.
Por isso, parece-me o Luciano Amaral, quando descreveu Jesus Cristo como "profeta apocalíptico" lhe escapou a percepção da soberania espiritual de Cristo.
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