Voltei novamente a programar!
Perceber os algoritmos em torno dos quais os programas estão construídos, assim como as particularidades da linguagem de programação, é algo que exige um esforço intelectual pouco comum noutras actividades profissionais. Com alguma frequência, os programadores deparam-se com problemas aparentemente insolúveis; nessas ocasiões, costumam optar por duas soluções: pedem ajuda ou sugestões de algum colega (quem está fora de um problema tem alguma facilidade em sugerir uma ideia inovadora) ou tentam "arrefecer a cabeça" (i.e., deixam de pensar no problema durante algum tempo e esperam por um momento em que podem abordar novamente o problema com a "cabeça fresca").
Convém lembrar que nem todos os manuais e livros técnicos de informática tem uma resposta imediata para os problemas técnicos que por vezes temos de resolver.
Após a resolução do problema é possível ouvir os programadores a dizer coisas como "Era tão óbvio... Como é que não pensei nisso?!..." ou "Uma coisa tão simples, mesmo à minha frente e eu não vi!". Também há os que reconhecem: "Sozinho não teria sido capaz!” e ainda "Não sabia que se podia resolver as coisas desta maneira!"
Pedir opiniões externas ou afastarmo-nos temporariamente são, no fundo, técnicas usadas por muitas pessoas quando procuram intensamente a solução para um problema e chegam ao que sentem ser num beco sem saída.
Pergunto-me se muitos dos problemas que hoje vivemos enquanto família humana não exigem o mesmo tipo de atitude. Quem se envolve na resolução de problemas ambientais não necessita de se abstrair dos mesmos para procurar soluções inovadoras? E quem tenta amenizar conflitos sociais, políticos ou económicos não tem, por vezes, de se afastar destes para encontrar a resposta para problemas aparentemente irresolúveis?
Alguém acredita que existam livros ou teorias com respostas imediatas para todos os problemas que a humanidade enfrenta hoje?
Se pretendemos deixar um planeta mais tranquilo às gerações futuras, esse esforço de abstracção e distanciamento em relação aos problemas que enfrentamos parecem-me ser um passo necessário na resolução das diversas vertentes da crise global que vivemos.
6 comentários:
Não me parece ser muito fácil sair do Planeta Azul por uns tempos para depois voltar.
Marco, eu até acho que no nosso país essa técnica do distanciamente e abstracção funciona muito bem, tão bem que as mais das vezes não se volta ao problema e ele lá há de morrer por si!
Eh,eh,eh!
O João está inspirado.
Esta história do distanciamento em relação aos problemas também se põe com alguns ex-presidentes americanos. O Jimmy Carter, por exemplo, sempre foi muito atacado por ser um frágil e hesitante. Mas desde que deixou de ser presidente tem feito um trabalho humanitário elogiado por muita gente. Provavelmente quando era Presidente não conseguia (ou não podia) resolver coisa nenhuma.
A técnica de não mexer nos problemas e deixar que eles se resolvam por si próprios também é usada por muita gente. Nesse aspecto concordo com o João.
Grande amigo Marco,
Tens toda a razão. Chover no molhado só enrola mais o novelo de lã e torna mas difícil a sua solução.
E fico muito feliz por saber que voltaste ao trabalho.
Abraço,
p
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