Justiça ou vingança?
Julgamento de Nuremberga
Julgamento de Tóquio
Julgamento de Milosevic (pelo Tribunal Penal Internacional)
Ceausescu e Saddam. Alvos da justiça ou de vingança?
------------------------------------------
Acordámos hoje com a notícia da execução de Saddam Hussein. É mais um episódio triste da trágica aventura americana no Iraque. A forma como ele foi julgado e condenado assemelha-se mais a um acto de vingança do que justiça.
Não preciso de voltar a escrever aqui o quanto abomino as ditaduras. Saddam era um ditador que oprimiu os povos do Iraque; ordenou a eliminação de opositores e o massacre de populações civis. Como todos os ditadores, gostaria que ele fosse levado perante a justiça e que o seu julgamento fosse imparcial. A justiça que o condenou pareceu mais a justiça dos vencedores do que um processo claro de averiguação de todas as suas responsabilidades enquanto governante iraquiano. Infelizmente o seu julgamento foi mais parecido foi mais parecido com o de Ceausescu do que aos julgamentos de Nuremberga e de Tóquio.
Num país em escombros, onde a violência e o sectarismo imperam e em que a autoridade do Estado se parece confinar a uma pequena zona da capital, dificilmente poderiam existir condições que garantissem a realização de um julgamento justo e imparcial. Nestas situações, um ditador deve ser entregue a uma organização internacional reconhecida como o Tribunal Penal Internacional (o que julgou Milosevich)
A construção de uma Nova Ordem Internacional, mais justa e equilibrada tem-se feito com avanços e recuos. A invasão do Iraque e a forma como Saddam foi julgado foram recuos. Mas também devem servir como lições para o futuro; a Comunidade Internacional não deve permitir que erros semelhantes se repitam.
4 comentários:
Falta lembrar que outros ditadores como Pol-Pot, Idi Amin e Pinochet não foram julgados.
Que justiça pode aplicar um invasor sobre um povo invadido...? a pax romana está bem patente no discurso do imperador norte-americano.
O julgamento foi mau, a sentença pésima e o modo como decorreu a execução foi tenebrosa. Como é que se une um país assim?
FL,
Não sei como resolver este problema. Mas espero que as pessoas que conduzem a política mundial não voltem a repetir esta enorme asneira.
Só me lembro de uma frase de Kublai Khan: "Posso conquistar o mundo sentado no meu cavalo; mas não posso governar o mundo sentado no meu cavalo."
Não poderiam os governantes americanos assimiliar esta verdade na condução da sua política externa?
Enviar um comentário