quinta-feira, 29 de março de 2007

O Desafio Ético

O texto seguinte apresenta as ideias expostas pelo Pastor Dimas de Almeida no debate tema “A Religião no Século XXI: Motivo de Conflitos e Construtora de Paz”. Lembro que se tratam de apontamentos pessoais que podem não representar fielmente tudo o que foi dito por este teólogo presbiteriano, e professor da Universidade Lusófona.
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Podem dizer que pertencemos todos a religiões diferentes, mas não é bem assim. Eu e o Padre Peter Stilwell pertencemos à mesma religião, mas a igrejas diferentes.

Não sei se é boa ideia procurar respostas; talvez seja melhor formular perguntas.

  • O que faz de um judeu um judeu?
  • O que faz de um cristão um cristão?
  • O que faz de um muçulmano um muçulmano?
Parece que estamos confrontados com uma questão de identidade. Se identidade é como se estivéssemos com amnésia, ou sem lar. Todos nós habitamos um mundo, um espaço, uma religião.
  • O que pode legitimar o meu discurso?
  • Que fundamento tem aquilo que eu digo?
  • Falo em nome de quê?
  • O que é a verdade?
Todas as religiões defendem a sua verdade. A minha verdade é sempre maior que a verdade dos outros. Dividimos o mundo numa simplicidade dicotómica. Mas a verdade é maior do que nós. Nenhuma religião tem o monopólio da verdade. Como podemos iniciar um diálogo se partimos do princípio que nós temos a verdade?

Fundamentalismo
Mais importante do que aquilo que o fundamentalismo diz, é a forma como ele diz. Quando se agita um livro sagrado numa manifestação de índole ideológica como se fosse uma arma de arremesso, torna-se claro que é mais importante a forma do que o conteúdo. O fundamentalismo reduz a transcendência à materialidade de um texto.

Eu amo os livros, mas tenho medo do livro que o fundamentalista agita nas suas mãos.

O Desafio Ético
As religiões enfrentam um relativismo ético. Como enfrentar o relativismo sem uma atitude totalitário ou absolutista? Não há espaço entre os dois?

Pode haver um discurso de relatividade (algo diferente de relativismo). O desafio ético de cada um de nós é encontrar a relatividade nas nossas religiões.

Temos de pôr em pé uma ética do futuro; este é o desafio das religiões. A credibilidade e a legitimidade das religiões, assim como das convicções agnósticas e ateístas, ver-se-á na sua capacidade de construir essa ética do futuro.

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