É louvável recuperar antigas memórias portuguesas de santidade, embora, às vezes possa levar a pensar que santos são apenas os canonizados. Repetiu-se que S. Nuno era o oitavo santo português! Há várias figuras exemplares da nossa história recente que devem ser lembradas. Destaco apenas três: o padre Abel Varzim(1902-1964), imagem do catolicismo social português durante o regime de Salazar, que o procurou domesticar e acabou por perseguir, sem encontrar na Igreja a defesa de quem o devia proteger; o Padre Américo (1887-1956), que, como dizia, depois de “uma martelada” espiritual, se tornou padre da rua dos abandonados, dando-lhes voz, no espantoso jornal O Gaiato; Aristides de Sousa Mendes (1885-1954), que salvou, enquanto cônsul em Bordéus, a vida de dezenas de milhares de pessoas do Holocausto, desobedecendo, em nome da sua consciência humana e católica, às ordens de Salazar, que o entregou à miséria, a ele e à família.
Frei Bento Domingues, Público, 03-Maio-2009
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