Os observadores internacionais não hesitaram em fazer comparações entre a Sra. Rahnavard e outras primeiras damas em países ocidentais, nomeadamente, Michele Obama. Nos comícios em que participou as suas intervenções dirigiram-se essencialmente ao eleitorado jovem e feminino, apelando ao fim da discriminação das mulheres no acesso ao emprego e à política, e criticando as perseguições aos dissidentes, nas universidades e na imprensa.
Durante a campanha eleitoral, a Sra. Rahnavard não hesitou em questionar porque é que os estudantes são presos por expressar as suas opiniões e porque é que os professores liberais são obrigados a reformar-se antecipadamente. Repetidamente, os seus discursos fizeram as audiências entoar palavras de ordem apelando à libertação de presos políticos.
O ponto forte das palavras da Sra. Rahnavard é a questão da igualdade de direitos entre homens e mulheres. E num comício em Tabriz, a esposa do candidato apresentou a questão da igualdade de direitos da seguinte forma: "O homem e a mulher são como duas asas. Um pássaro não pode voar apenas com uma asa ou com um asa partida".
"Porque é que não foi aprovada nenhuma candidatura feminina à presidência? Porque é que não existem mulheres no Governo? Porque é que as donas de casa não têm direito a seguro? Isto tem que mudar! Libertarmo-nos da discriminação e exigir direitos iguais deve ser a prioridade numero um para as mulheres no Irão."
Ver a Sra. Rahnavard comparar a igualdade de direitos entre homens e mulheres com as asas de um pássaro é surpreendente para um bahá’í. Na verdade, esta analogia foi usada por 'Abdu'l-Bahá durante a Sua visita aos EUA em 1912. Nessa ocasião, o filho de Bahá'u'lláh afirmou:
O mundo da humanidade possui duas asas: o homem e a mulher. Enquanto estas asas não forem igualmente fortes, o pássaro não poderá voar. Enquanto a mulher não atingir a mesma condição que o homem, enquanto ela não usufruir das mesmas áreas de actividade, não haverá realizações maravilhosas para a humanidade... Quando as duas asas se tornarem equivalentes em força, gozando dos mesmos direitos, o voo da humanidade será sublime e extraordinário.Este é um dos mais citados excertos das Escrituras Bahá'ís. Ciclicamente os bahá’ís recorrem a este pequeno texto para descrever um dos princípios fundamentais da sua religião. Por este motivo, não deixa de ser curioso que esta analogia tenha sido usada pela esposa de um candidato à presidência do Irão.
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Sobre este assunto:
'Michelle Obama' do Irã sacode o palanque (estadão.com.br)
A silenciosa revolução feminina no Irã (O Globo)
A prova de Ahmadinejad (JN)
Iranian election could be test for women's rights (CNN)
Reform candidate's wife new political star in Iran (NewsTimes.com)
Power of women in Iran's election (BBC)
The Woman Ahmadinejad Should Fear (Spiegel)
Iranian presidential candidate's wife takes the spotlight (LA Times)
4 comentários:
Gostei de saber que esta mulher utilizou esta analogia, tão cara aos Bahá'is.
Mostra uma coragem extraordinária. Deus a proteja porque corre o risco de ter os dias contados!
Quem acompanha a política sabe que os políticos têm mais tendência em dizer aquilo que é conveniente do que aquilo que é verdade.
Desconheço a sinceridade desta senhora, e admito que por detrás disto pode estar uma jogada de oportunismo.
Que loucura !!!
Até aqui caíram nas garras das "boas intenções" dela?
É pura política, e vejam que mesmo com a gigante onda contra AN. ele vence a eleição com 68% dos votos! Pois curiosamente, desde inicio das contagem dos votos, ele saiu das urnas com 68% dos votos !!!
Amigos o povo está furioso, assustado e escondido de tanto medo do futuro, não só do país mas sim das vidas daqueles que manifestaram abertamente contra AN.
Que Deus que ajude este povo
Marco,
Concordo e há sempre essa possibilidade. "Não há almoços grátis", não é!?
Esperemos para ver no que isto tudo dá (ou não). E percebermos que figura é esta, de onde surgiu.
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