Por Gleibys L. Buchanan, publicado no Washington Post.
Bahá'u'lláh, o fundador da Fé Bahá'í, afirmou que, "Mulheres e homens foram e sempre serão iguais aos olhos de Deus", e os Baha'is acreditam que essa igualdade se deve manifestar como uma realidade social Na verdade, trata-se de um factor essencial na criação de um mundo pacífico. Assim, a Fé Bahá'í defende categoricamente o princípio da igualdade entre homens e mulheres e a igualdade de participação das mulheres em todas as áreas da acção humana.
Porque a religião desempenha um papel relevante na formação dos valores sociais, ela encontra-se numa posição única para falar activamente contra a opressão e a discriminação das mulheres. É necessário reconhecer que a perversão da religião tem sido, ao longo dos tempos, uma das principais causas da desintegração social, intolerância, ódio, sexismo, opressão, pobreza e guerra. A religião deve ser livre de preconceito e discriminação, se pretende ser um agente da justiça e uma força positiva para o desenvolvimento social.
Ao trabalhar para erradicar a discriminação de género, os Bahá'ís adoptam uma perspectiva evolutiva do papel da religião na emancipação das mulheres. É claro que nos primeiros anos da sua história, as tradições religiosas do mundo incentivaram o progresso e a participação das mulheres na sociedade. No entanto, em períodos baixos do seu desenvolvimento, as forças do extremismo têm trabalhado para oprimir as mulheres.
Os Baha'is aplicam o princípio da igualdade ao envolverem-se nos esforços para fomentar o progresso das mulheres nas suas comunidades. Nos seus esforços, eles abraçam a imagem das Escrituras Bahá'ís em que a humanidade é vista como um pássaro em uma asa é mulher e outra o homem. A menos que ambas as asas sejam fortes e bem desenvolvidas - prossegue a metáfora - o pássaro não será capaz de voar.
"O desenvolvimento da mulher", escreveu Janet A. Khan em Religion as an Agent for Promoting the Advancement of Women at All Levels, "é considerado vital para o pleno desenvolvimento dos homens e é visto como um pré-requisito para a paz. Desta forma, os membros da comunidade Bahá’í, tanto homens como mulheres, e os seus conselhos administrativos eleitos democraticamente partilham um forte compromisso com a prática do princípio da igualdade na sua vida pessoal, nas suas famílias, e em todos os aspectos da vida social e vida cívica".
A Fé Bahá'í não tem clero. Os assuntos da comunidade são organizados com a plena participação dos seus membros e administrados por organismos de nove membros eleitos democraticamente, a nível local, nacional, regional e global. Mulheres e homens servem juntos em cada nível da administração, excepto na Casa Universal de Justiça, órgão que supervisiona as actividades Bahá’ís a nível global. O serviço nesta instituição é restrito aos homens pelas Escrituras Baha'is. Embora o motivo para essa limitação não seja apresentado, as Escrituras Bahá'ís especificam que se tornará bem claro no futuro, numa fase mais avançada da compreensão social, e que não contradizem a realidade da igualdade de género. Isso é confirmado pelo grande número de mulheres que foram nomeadas para servir como Mãos da Causa de Deus, a condição espiritual mais elevada atingível por indivíduos Bahá’ís. Além disso, a filha de Bahá'u'lláh, Bahíyyih Khanum, dirigido aos assuntos da comunidade Bahá'í mundial entre 1921 e 1924 - a primeira vez na história que uma mulher actuou como dirigente de uma religião mundial.
Os Bahá’ís, ao defender a igualdade de género, olham para o exemplo inspirador de Tahirih, uma das primeiras seguidoras da sua fé. Ela era uma poetisa altamente educada, que rompeu os laços que escravizavam as mulheres no século XIX, na Pérsia. Tahirih foi presa devido às suas crenças religiosas e, posteriormente, estrangulada pelos seus captores. Antes da sua morte, disse aos carrascos: "Vocês podem matar-me quando quiserem, mas não podem parar a emancipação das mulheres".
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