Para os Bahá'ís, o Festival de Ridvan tem uma enorme importância. Em 1844, o Báb profetizara o surgimento de um grande mensageiro de Deus, o Prometido de todas as religiões. Durante os seis anos do Seu Ministério, que culminaram na Sua execução pública em 09 de Julho de 1850, o Báb instou o povo da Pérsia, a purificar-se, e preparar-se para a chegada de "Aquele que Deus tornará manifesto".
Jardim de Ridvan, Bagdade
Bahá'u'lláh foi preso em 1853 por ser um dos mais proeminentes seguidores do Báb. Quando estava na prisão, teve uma revelação de Deus em que Lhe foi anunciado ser Ele o Prometido profetizado pelo Báb. Depois de libertado não contou a ninguém essa experiência que teve na prisão.
Seguiram-se 10 anos de exílio em Bagdade. Durante esse tempo, o carácter, a sabedoria e o discernimento espiritual de Bahá'u'lláh afectaram todos os que entraram em contacto com Ele. A Sua influência era notória, e muitos dos Babís refugiados e exilados no Iraque Otomano recorriam ao Seu conselho e advertência para divulgar os ensinamentos Babís.
Bagdade era um importante local de passagem para viajantes no Médio Oriente, e as autoridades recearam que a influência de uma nova religião se espalhasse demasiadamente depressa na região. Por esse motivo decidiram exilar Bahá'u'lláh para outro local. Quando as autoridades informaram Bahá'u'lláh que Ele ia ser enviado para Constantinopla, Ele foi residir durante alguns dias num jardim nas margens do rio Tigre. Nesse jardim - que os Bahá’ís designam como “Jardim de Ridvan” - recebeu diversas personalidades conhecidas na cidade, poderosos e humildes, ricos e pobres; todos tinham sido tocados pela Sua presença e lamentavam vê-Lo partir.
Durante esses dias, Bahá'u'lláh anunciou a alguns dos Seus familiares e companheiro de exílio, que Ele era o Prometido profetizado pelo Báb.
Shoghi Effendi, bisneto de Bahá'u'lláh, Guardião da Fé, descreveu com as seguintes palavras alguns dos eventos no Jardim de Ridvan:
Das exactas circunstâncias que rodearam essa Declaração - que marcou uma época – nós, infelizmente, não temos senão parcas informações. As palavras efectivamente proferidas por Bahá'u'lláh nessa ocasião, a forma da Sua Declaração, a reacção produzida pela mesma, o choque causado sobre Mírzá Yahyá [meio-irmão de Bahá'u'lláh que tentou usurpar a Sua posição e várias vezes atentou contra a Sua vida], a identidade daqueles que tiveram o privilégio ouvi-Lo, tudo isso está envolvido em obscuridade em que futuros historiadores terão dificuldade em penetrar. A fragmentada descrição deixada para a posteridade pelo Seu cronista Nabíl, é um dos poucos registos autênticos que possuímos dos dias memoráveis que Ele passou naquele jardim. "Todos os dias" - relata Nabíl - "antes do alvorecer, os jardineiros colhiam as rosas que se alinhavam ao longo das quatro avenidas do jardim, e as depositavam no centro do chão de Sua abençoada tenda. Tão grande era a pilha formada, que, quando os Seus companheiros vinham reunir-se com Ele para tomarem o chá da manhã, era-lhes impossível verem-se entre si. Bahá'u'lláh entregava todas essas rosas com Suas próprias mãos, àqueles que cada manha Ele dispensava de Sua presença, para serem entregues, em Seu nome, aos Seus amigos árabes e persas da cidade." "Certa noite" - continua ele - "a nona noite da lua crescente, calhou de ser eu um dos que, do lado de fora, vigiava a Sua abençoada tenda. Ao aproximar-se a meia-noite, vi-O deixar a Sua tenda, passar pelos lugares onde dormiam alguns dos Seus companheiros, e começar a passear, ao luar, indo e voltando, pelas avenidas ladeadas de flores. Tão intenso era o cantar dos rouxinóis nos quatro cantos do jardim, que somente quem estivesse junto Dele poderia ouvir a Sua voz. Continuou a caminhar até que, parando no meio de uma dessas avenidas, observou: "Considerai estes rouxinóis. Tão grande é o seu amor por estas rosas, que, despertos, do anoitecer até a alvorada, entoam as suas melodias e comungam, ardentemente apaixonados, com o objecto da sua adoração. Como podem, pois, aqueles que pretendem inflamar-se com a rósea beleza do Bem-Amado, preferir o sono?" Por três noites sucessivas vigiei e circulei em torno da Sua abençoada tenda. Cada vez que me aproximava do Seu leito, encontrava-O desperto, e todo o dia, desde a manha até o cair da noite, eu O via, envolvido na incessante conversa que mantinha com a corrente de visitantes, que continuava a fluir de Bagdade. Nem uma só vez vislumbrei nas Suas palavras o menor indício de dissimulação." (A Presença de Deus)
Muitos anos mais tarde, Bahá'u'lláh designaria Festival de Ridván como “o Mais Grandioso Festival” e “o Rei dos Festivais”, indicando que o primeiro, o nono e o último dia seriam feriados no calendário Bahá’í. O ano administrativo Bahá’í também se inicia no primeiro dia de Ridvan, com a eleição das Assembleias Espirituais Locais; as Assembleias Nacionais também são eleitas neste período. A Fé Bahá’í não tem clero e estes são os organismos que administram as actividades da comunidade Bahá’í. Esta coincidência não é fruto do acaso. As eleições que renovam a ordem administrativa fazem parte das festividades.
Feliz Ridvan!
1 comentário:
Excelente apresentação do Festival de Ridván
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