segunda-feira, 25 de abril de 2011

Recordar o legado de 'Abdu'l-Bahá ao Egipto

Enquanto uma carta aberta dos Bahá’ís do Egipto, apelando a uma reflexão nacional sobre o futuro do país, desperta grande interesse, os debates semelhantes entre os egípcios de 100 anos atrás foram recuperados num livro intitulado Abbas Effendi e recentemente publicado. Esta obra, de autoria de Suheil Bushrui, Professor da Universidade de Maryland, apresenta a história de 'Abdu'l-Bahá a um público moderno de língua árabe, em grande parte desconhecedor de Seu legado para a sociedade.

O livro está disponível em edição impressa e também para download a partir do blog Baha'i Faith in Egypt.

Durante a Sua estadia em Alexandria, entre Setembro de 1910 e Agosto de 1911, 'Abdu’l-Bahá contactou com os egípcios de todas as áreas da sociedade sobre os princípios fundamentais necessários para a construção de uma sociedade pacífica e próspera.

A praça Mohammed Ali, em Alexandria, num postal da época em que 'Abdu'l-Bahá esteve no Egipto
 
"Pensei que era importante apresentar a 'Abdu’l-Bahá, não necessariamente como um líder religioso", disse o professor Bushrui, "mas mais como uma grande mente, que foi capaz de transmitir uma compreensão da importância da religião num momento em que civilização materialista predominava na Europa e na América, e o mundo muçulmano era subjugado por ambições políticas e outras."

"Devo dizer - mesmo para mim que tenho sido Bahá’í durante toda a minha vida - que ao escrever deste livro me tornei muito mais consciente da personalidade única de 'Abdu’l-Bahá e do Seu enorme sucesso na promoção do diálogo cultural e religioso entre os mundos do Oriente e do Ocidente", acrescentou o professor Bushrui.

O livro já recebeu elogios de pensadores árabes contemporâneos, cuja simpatia por 'Abdu’l-Bahá ecoa a dos seus homólogos de há um século atrás.

Edmund Ghareeb, um especialista em assuntos Oriente Médio reconhecido internacionalmente, descreveu o livro como "um trabalho pioneiro e altamente informativo." Segundo o Dr. Ghareeb , "Abbas Effendi é uma peça sabedoria incrivelmente cuidada e informativa, que faz uma importante contribuição para o conhecimento do Oriente Médio num período crucial da sua história moderna, e aumenta consideravelmente o nosso conhecimento sobre este reformador único..."


Numa crítica publicada no jornal libanês As-Safir, o autor Mahmud Shurayh salientou como 'Abdu'l-Bahá "não via nenhum constrangimento em ensinar as mensagens de Cristo e Maomé nas sinagogas judaicas, a mensagem de Maomé nas igrejas cristãs e a mensagem da religião em encontros ateístas, porque ele viu na união do ocidente e oriente um portal para um mundo novo onde reinariam a unidade, ajustiça e a paz."

O conhecido poeta libanês Henri Zoghaib comentou que 'Abdu'l-Bahá foi o primeiro a iniciar um diálogo sério entre as religiões. E acrescentou: "Com este livro descobri a natureza dos ensinamentos que 'Abdu'l-Bahá divulgou sobre a unidade de oriente e ocidente, e da Sua mensagem apelando à unicidade das religiões."

ADMIRADORES PROEMINENTES

Aos 66 anos de idade - e estando livre para viajar depois de uma vida como prisioneiro e exilado - 'Abdu’l-Bahá chegou ao Egipto para descansar um mês, mas acabou por ficar um ano inteiro por motivos de saúde. No entanto, Ele acreditava que tinha uma missão especial a realizar no Egipto, observa o professor Bushrui. "Primeiramente, revivificar a verdade e pureza da fé religiosa - fosse muçulmano ou cristão. E seguidamente, reunir Oriente e o Ocidente."

Numerosos egípcios proeminentes, incluindo o último Kediva do Egipto e Sudão - Hilmi Abbas Pasha - mostravam uma reverência especial pelo líder da Fé Bahá'í. "O jurista e estudioso Muhammad Abduh também admirava muito 'Abdu'l-Baha e escreveu-Lhe uma carta", conta o professor Bushrui. "Quando a ler, pode ver que é de alguém que reconheceu que 'Abdu'l-Bahá tinha uma luz divina especial no seu coração e mente."


May Rihani - sobrinha de Ameen Rihani, o pai fundador da literatura árabe-americana e outro dos admiradores de 'Abdu'l-Bahá - descreveu o livro Abbas Effendi, como uma "dádiva para a humanidade." "Nós precisamos da voz 'Abdu'l-Bahá mais do que nunca nestes actuais tempos de turbulência, de fanatismo religioso, de incompreensões entre as culturas do mundo, e de fácil disposição para o confronto", comentou a Sra. Rihani.


Um século depois, os ecos da voz de ‘Abdu’l-Baha podem ser ouvidos na carta aberta dos bahá'ís egípcios de hoje aos seus concidadãos. A carta afirma que a aceitação do princípio da unicidade da humanidade "exige uma profunda reavaliação de cada um ou nossas próprias atitudes, valores e relações com os outros - e, por fim, uma transformação no coração do homem".

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