domingo, 28 de junho de 2020

A Divina Santidade Feminina

Por Peter C. Lyon.


Um dos pilares da Fé Bahá’í é a igualdade entre homens e mulheres. ‘Abdu’l-Bahá explicou:
O mundo no passado foi governado pela força e o homem tem dominado a mulher devido às suas qualidades de maior força e agressividade, tanto do corpo como da mente. Mas o equilíbrio já está a mudar; a força está a perder o seu domínio, e o estado de alerta mental, a intuição e as qualidades espirituais de amor e serviço, em que a mulher é forte, estão a ganhar ascendência. Consequentemente, a nova era será uma época menos masculina e mais permeada com os ideais femininos, ou, para falar mais precisamente, será uma época em que os elementos masculinos e femininos da civilização estarão mais equilibrados. ('Abdu'l-Bahá, citado em A Compilation on Women)
Numa impressionante afirmação deste princípio, na sua mística Epístola do Santo Marinheiro, Bahá’u’lláh descreve como um ser celestial feminino se torna um juiz simbólico da santidade.

Este processo inicia-se quando uma Virgem Celestial, talvez numa condição de autoridade, chama energicamente outra donzela:
Após isso, a virgem celestial olhou do seu aposento excelso,
E com a testa acenou à Assembleia Celestial,
Inundando o céu e a terra com a luz do seu semblante,
E quando o esplendor da sua beleza brilhou sobre o povo do pó,
Todos os seres estremeceram nos seus túmulos mortais.
Então ergueu o chamamento que nenhum ouvido alguma vez escutou durante toda a eternidade,
E assim proclamou: “Pelo Senhor! Aquele cujo coração não tem a fragrância do amor do excelso e glorioso Jovem Árabe,
Não poderá de forma alguma ascender à glória do mais alto céu!”
(Bahá’u’lláh, The Tablet of the Holy Mariner, Baha’i Prayers, p. 323)
Esta emissária divina recebe uma missão de descobrir a verdadeira santidade entre os crentes:
E [a Virgem Celestial] ordenou-lhe:
“Desce das mansões da eternidade até ao espaço,
E volve-te para aquilo que ocultam no íntimo dos seus corações.
Se inalares o perfume da túnica do Jovem que se ocultou no tabernáculo da luz devido àquilo que as mãos dos ímpios forjaram,
Ergue um brado dentro de ti, para que todos os habitantes dos aposentos do paraíso, que são as personificações da riqueza eterna,
possam escutar e compreender;
Que todos desçam dos seus aposentos eternos e tremam
E beijem as suas mãos e pés por terem voado até aos cumes da fidelidade; Porventura, poderão encontrar nas suas túnicas a fragrância do Bem-Amado.”
(Idem, p. 323-324)
Esta Virgem embarca depois na sua missão:
Então o semblante da donzela preferida brilhou sobre os aposentos celestiais precisamente quando a luz irradiava da face do Jovem sobre o Seu templo mortal;
Depois ela desceu tamanha beleza que se iluminaram os céus e tudo o que neles existe.
Moveu-se e perfumou todas as coisas nas terras da santidade e da grandeza,
E quando chegou naquele lugar, ergueu-se na sua plenitude no meio do coração da criação,
E procurou inalar a sua fragrância num momento que não conhece princípio ou fim.
Depois ela testemunha a falta de fé de alguns crentes e a opressão que Bahá’u’lláh (o Jovem) enfrenta, avisa a assembleia divina e morre de desgosto:
Não encontrou neles aquilo que desejava, e isto, em verdade, é apenas uma das Suas narrativas maravilhosas!
Ela então gritou em alta voz, chorou, e retomou a sua própria condição na sua mansão mais sublime,
Seguidamente pronunciou uma palavra mística, murmurada em segredo pela sua língua doce,
E ergueu o chamamento entre a Assembleia Celestial e as imortais virgens celestiais:
“Pelo Senhor! Não encontrei nesses pretendentes inúteis a brisa da Fidelidade!”
“Pelo Senhor! O Jovem ficou só e desamparado na terra do exílio, nas mãos dos ímpios.”
Então, proferiu dentro de si um tamanho pranto que a Assembleia Celestial gritou e estremeceu,
E caiu sobre o pó e entregou o espírito. Parecia ter sido chamada e despertada para Aquele que a convocou ao Reino do Alto...
(Idem, p. 324-326)
Para realçar o poder e a percepção dessa feminilidade, Bahá’u’lláh menciona as numerosas donzelas e virgens que na assembleia celestial lamentam esta tragédia:
Então as virgens celestiais, cujo semblante nenhum habitante do altíssimo paraíso alguma vez contemplara, apressaram-se a sair dos seus aposentos.
Todas se reuniram ao seu redor, e encontraram o seu corpo caído no pó;
E quando contemplavam o seu estado e compreendiam a palavra da narrativa feita pelo Jovem, destaparam a sua cabeça, rasgaram as suas vestes, feriram os seus rostos, esqueceram a sua alegria, derramaram lágrimas, bateram nas faces, e esta, em verdade, é uma das misteriosas e penosas aflições
(Idem, p. 326-327)
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Texto original: The Divine Sanctity of the Feminine (www.bahaiteachings.org)


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Peter C. Lyon é um especialista em comunicações, residente em Washington, DC. É graduado em História e Espanhol pela Universidade do Texas. É escritor e leitor ávido de livros de história. Aceitou a Fé Bahá’í em 2001.

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