domingo, 31 de janeiro de 2021

Um Sopro do Espírito de Deus

Por David Langness.


Ó FILHO DA VISÃO MARAVILHOSA!
Insuflei em ti um sopro do Meu próprio Espírito, para que Me pudesses amar. Porque Me abandonaste e procuraste outro bem-amado que não Eu? 

Ó FILHO DO ESPÍRITO!
A Minha exigência sobre ti é grande; não pode ser esquecida. A Minha graça para ti é abundante; não pode ser velada. O Meu amor fez em ti o seu lar; não pode ser ocultado. A Minha luz está manifesta para ti; não se pode obscurecer. 

Ó FILHO DO HOMEM!
Sobre a árvore da glória radiante, coloquei os frutos selectos para ti; porque te afastaste e te contentaste com o que é menos bom? Regressa, pois, ao que é melhor para ti no reino do alto. (Baha’u’lláh, As Palavras Ocultas, do árabe, #19, #20, #21)

O grande cientista Albert Einstein era frequentemente questionado, nas suas palestras públicas, sobre a existência de Deus. Para isso ele tinha uma resposta intrigante: “Se vejo uma torrada, sei que há uma torradeira algures”.

Com esta metáfora caseira, Einstein admitia que não podemos ver o nosso Criador, mas que toda a criação tem em si mesma um testemunho da realidade de Deus. Os Bahá’ís – de forma espiritual e científica - acreditam em Deus como uma Essência incognoscível:

Para todo o coração perspicaz e iluminado, é evidente que Deus, a Essência incognoscível, o Ser Divino, está imensamente exaltado acima todos os atributos humanos, tais como existência corpórea, subida e descida, saída e regresso. Longe esteja da Sua glória que a língua humana celebre adequadamente o Seu louvor, ou que o coração humano compreenda o Seu insondável mistério. Ele está, e sempre esteve, velado na eternidade antiga da Sua Essência, e permanecerá na Sua Realidade eternamente oculto da vista dos homens. (Bahá’u’lláh, O Livro da Certeza, ¶104)

E nestas três místicas Palavras Ocultas de Bahá’u’lláh ficamos a saber que a luz de Deus vive em cada ser humano; que cada um de nós tem, bem dentro de si, o amor, o espírito e a graça do Criador.

Esta maravilhosa declaração transmite uma série de mensagens poderosas. Bahá’u’lláh diz-nos nas Palavra Ocultas que o amor de Deus encheu todos os nossos seres; que Deus “colocou os frutos selectos” “sobre a árvore da glória radiante” para cada um de nós; que a maior exigência do Criador nos nossos corações “não pode ser esquecida”.

Talvez isso explique porque é que os seres humanos enquanto espécie sempre se sentiram atraídos por uma fé constante em algo que estava para lá do reino dos sentidos. Sabemos que a vasta maioria dos povos do mundo acredita num Ser Supremo, e apesar dos seus esforços, os cientistas ainda não perceberam porquê.

Estas três Palavras Ocultas dizem-nos porquê. Quando um artista cria uma escultura, uma pintura, uma canção ou um livro, o artista põe algo de si nessa obra de arte. Na grande arte, a essência do artista reflete-se na sua criação. Da mesma forma, lembra-nos Bahá’u’lláh, cada ser humano é uma obra de arte feita e insuflada com vida pelo Grande Artista:

O propósito de Deus ao criar o homem sempre foi, e sempre será, permitir-lhe conhecer o seu Criador e alcançar a Sua Presença. Deste propósito excelso, deste objectivo supremo, dão testemunho inequívoco todos os livros celestiais e todas as poderosas Escrituras divinamente reveladas. Quem tiver reconhecido a aurora da orientação divina e entrado na Sua santa corte, ter-se-á aproximado de Deus e alcançado a Sua Presença, uma Presença que é o verdadeiro Paraíso, e do qual as mais sublimes mansões celestiais são apenas um símbolo. (Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh, XXIX)

Numa linguagem elevada e profundamente metafórica, Bahá’u’lláh diz-nos que aqueles que reconhecem “a aurora da orientação divina” – o Profeta de Deus – terá alcançado o verdadeiro paraíso da alma que estas três Palavras Ocultas referem. Apesar de sabermos que o Ser Supremo está para lá da nossa compreensão – no fundo, como pode uma pintura compreender o pintor – neste texto Bahá’u’lláh identifica os intermediários de Deus, os Manifestantes e Profetas que fundaram as grandes religiões, e pede-nos que nos voltemos para as Suas mensagens de esperança, fé e amor.

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Texto original: A Breath of God’s Spirit (www.bahaiteachings.org)


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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.

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