sábado, 5 de junho de 2021

A Alma da Física, neste mundo e no próximo

Por David Langness.



Ó FILHO DO SUPREMO!
Ao eterno, Eu te chamo, mas tu buscas aquilo que perece. O que te afastou do Nosso desejo e te fez buscar o teu próprio? (Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, do árabe, #23)

A conservação de energia – uma das leis fundamentais da ciência – chegou até nós através do estudo da física.

A lei da conservação da energia afirma simplesmente que a energia total num sistema fechado não se altera. Por outras palavras, a energia conserva-se porque não pode ser destruída ou criada. Podemos mudar a sua forma – convertendo o movimento mecânico em fricção que produz calor; ou usando a gravidade e o fluxo da água para gerar electricidade, por exemplo - mas ninguém conseguiu eliminar energia.

A lei da conservação da energia significa que não existem máquinas de movimento perpétuo – e que nenhuma criatura viva pode viver eternamente. Toda a vida composta deve acabar por se decompor, retornando aos seus átomos elementares.

Esta lei universal da física também se aplica ao mundo do espírito. Nos ensinamentos Bahá’ís, aprendemos que há apenas um elemento humano que não morre: a alma. E porque o nosso espírito individual não é feito de elementos compostos, as escrituras Bahá’ís afirmam que não se pode decompor – é imortal. Bahá’u’lláh afirma que a vida do espírito “não conhece a morte”:

Vê como todo o povo está aprisionado no túmulo do ego, e jaz sepultado nas profundezas do desejo mundano! Se alcançasses apenas uma gota das águas cristalinas do conhecimento divino, perceberias rapidamente que a verdadeira vida não é a vida da carne, mas a vida do espírito. Pois a vida da carne é comum a homens e animais, enquanto a vida do espírito é possuída apenas pelos puros de coração que sorveram do oceano da fé e partilharam o fruto da certeza. Esta vida não conhece morte e esta existência é coroada com a imortalidade. (Bahá'u'lláh, The Kitab-i-Iqan, ¶128)

E na citação acima das Palavras Ocultas, Bahá’u’lláh pede a cada ser humano que se concentre naquilo que torna a sua vida eterna. “Tu buscas aquilo que perece” aplica-se a cada pessoa que já desejou algum objetivo mundano. Os nossos desejos pelas coisas materiais – dizem os ensinamentos Bahá’ís – tendem a subverter e suplantar o nosso desejo pelo espiritual, pelo celestial, pelo eterno.

A verdadeira vida não é a vida da carne, mas a vida do espírito

Bahá’u’lláh escreve, chamando-nos para um caminho mais elevado, místico – um rumo de vida focado no que prevalece e não aquilo definha.

Tudo o que é físico morre. A beleza desvanece-se, a novidade desfaz-se, as riquezas desaparecem e a fama instável transforma-se rapidamente. Nada neste mundo material é duradouro - a composição torna-se inevitavelmente decomposição, e as coisas que agora nos pertencem, mais cedo ou mais tarde, pertencerão a outra pessoa:

Que proveito trazem as coisas que hoje são tuas e que amanhã outros possuirão? Escolhe para ti o que Deus escolheu para os Seus eleitos, e Deus te concederá uma soberania poderosa no Seu Reino. (Baha'u'llah, The Summons of the Lord of Hosts, ¶199)

Assim, considerando a natureza fugaz desta realidade material, a miragem efémera do físico, o que podemos fazer?

Bahá’u’lláh aconselha cada pessoa a voltar-se para si própria, a procurar a sua alma eterna e concentrar-se no seu crescimento e desenvolvimento. Somente esse rumo de acção – dizem os ensinamentos Bahá'ís – acabará por nos beneficiar, por nos dar paz e felicidade eternas, por nos tornar plenamente humanos.

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Texto original: The Soul of Physics, in This World and the Next (www.bahaiteachings.org)


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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.

1 comentário:

Unknown disse...

Essa explicação da energia é sensacional algo que nos faz pensar e dar mais sentido da vida após morte em uma condição estranhamente nova, diferente mas real.