sábado, 28 de outubro de 2023

Mamografias de rotina: um exemplo do nosso progresso espiritual colectivo

Por Michelle Goering.


No passado dia, 20 de Outubro, os EUA assinalaram-se o Dia Nacional da Mamografia. Ah, mamografias! As batas engraçadas e de tamanho único. As poses estranhas. A compressão! Quem gosta de fazer uma mamografia?

Ninguém gosta.

Mas quem está satisfeito por elas existirem, e estarem disponíveis para cada vez mais mulheres?

Eu sou uma dessas pessoas. Foi-me diagnosticado um cancro da mama (na fase 1) no dia 1 de Junho de 2020. Graças a uma mamografia anual de rotina foi encontrado um caroço de 0,6 cm. Eu não tinha histórico familiar de cancro da mama, não conseguia detectar esse pequeno nódulo no autoexame e sentia-me perfeitamente bem. O diagnóstico foi chocante e assustador; os procedimentos médicos intimidam e desgastam. Mas o meu tratamento foi excelente e minimamente invasivo devido à detecção precoce através da mamografia. Agora o cancro desapareceu e o meu prognóstico é excelente.

Ao recordar o meu diagnóstico e o tratamento, vejo-o como um exemplo do milagre da época em que vivemos, um milagre que creio ter sido provocado pelo poder libertado pelo aparecimento de Bahá'u'lláh, o profeta e fundador da Fé Bahá'í. As Escrituras Bahá'ís proclamam que nos encontramos num momento especial na história da humanidade, e afirmam que as forças da revelação de Bahá'u'lláh “incutiram na humanidade a capacidade de atingir... [a] fase final do seu crescimento orgânico e evolução colectiva.

“...lançamos o sopro de uma nova vida em cada estrutura humana e incutimos em cada palavra um novo poder. Todas as coisas criadas proclamam as evidências desta regeneração mundial”, escreveu Bahá’u’lláh.

A libertação deste poder tem efeitos reais. 'Abdu'l-Bahá, filho e sucessor de Bahá'u'lláh, explicou:

Vede como, neste dia, o âmbito das ciências e das artes se alargou, e que maravilhosos avanços técnicos foram feitos, e a que grau os poderes da mente aumentaram, e que estupendas invenções surgiram. Esta era equivale, de facto, a uma centena de outras eras: se reunirem os resultados de cem eras e compararem isso com o resultado acumulado dos nossos tempos, o resultado desta era provará ser maior do que o de cem de eras anteriores. (Selections from the Writings of ‘Abdu’l‑Bahá, #73)

O meu entusiasmo talvez não seja uma reação comum nesta época. Podemos facilmente ficar desiludidos com as disfunções do mundo quando vemos os meios de comunicação de todos os lados e o seu foco incansável naquilo que está claramente debilitado e obsoleto. Como resultado do que vemos e ouvimos, podemos sentir que os humanos têm objectivos contrários, que somos horríveis uns para com os outros, egoístas por natureza e mais interessados nas nossas próprias vantagens.

E ainda assim, veja-se o que conseguimos fazer! Fazemos descobertas científicas para o bem de todos. Desenvolvemos instrumentos e protocolos baseados em informações partilhadas, e melhoramos os testes e os resultados.

Todos os homens foram criados para levar avante uma civilização em constante progresso”, escreveu Bahá’u’lláh. Aqui está uma definição de civilização: “a fase de desenvolvimento e organização social e cultural humano que é considerado mais avançado”. Outra definição menciona “um nível relativamente elevado de desenvolvimento cultural e tecnológico”. Estamos, nesta fase do desenvolvimento humano, mais avançados do que nunca, mas o nosso trabalho não está concluído. O próprio objectivo da nossa criação, disse Bahá’u’lláh, é fazer a nossa parte para levar todos nós para um mundo melhor:

O Todo-Poderoso dá-Me testemunho: agir como os animais do campo é indigno do homem. As virtudes adequadas à sua dignidade são a paciência, a misericórdia, a compaixão e a benevolência para com todos os povos e raças da terra.

É evidente que nós, os seres humanos, podemos agir e agimos como os animais – por vezes, até pior. Mas uma ética de trabalhar para o bem comum é um valor que vem do âmago daquilo que somos como seres espirituais, a nossa verdadeira realidade. Como Bahá'í há mais de 30 anos, tento olhar para todos os aspectos da minha vida através da Fé Bahá'í e dos seus ensinamentos, que se focam na unidade humana e no nosso papel como indivíduos para servir o bem comum.

Portanto, vejo os rápidos avanços médicos e científicos do mundo como exemplos do espírito altruísta da época, e como evidência das poderosas energias libertadas pela revelação de Bahá’u’lláh. Olhando para a cronologia das descobertas do cancro da Sociedade Americana do Cancro, vemos o seu primeiro registo na década de 1770, depois nada até meados de 1800, no início da revelação de Bahá’u’lláh. A partir daí, há uma rápida sucessão descobertas incríveis até à actualidade.

'Abdu'l-Bahá aconselhou-nos: “Regozijai-vos e alegrai-vos por este dia ter amanhecido, tentem perceber o seu poder, pois é realmente maravilhoso!” O poder e a velocidade dos nossos avanços são surpreendentes. A minha avó teve cancro da mama na década de 1950. As mamografias não eram rotina, e por isso ela só recebeu o diagnóstico quando já estava muito doente. O seu tratamento foi mostarda nitrogenada, que prolongou a sua vida durante alguns anos. Ela morreu aos 51 anos. Em 1976, as mamografias foram recomendadas pela Sociedade Americana do Cancro. Agora são uma ferramenta importante ao nosso dispor. Os tratamentos continuam a ser melhorados à medida que aprendemos mais.

O nosso sistema de saúde funciona na perfeição? Claro que não. Fico frustrada e desiludida com a falta de acesso a um bom tratamento que muitas de nós enfrentamos, e com a forma como o nosso sistema muitas vezes coloca o lucro antes das pessoas. Sei também que ainda temos muito a aprender sobre saúde e cura. Dentro de uma ou duas décadas, iremos, sem dúvida, olhar para trás, para os nossos actuais tratamentos contra o cancro, e ficar surpreendidas com o quão pouco sabíamos! Esperamos ter feito grandes progressos na prevenção do cancro, e abordemos os factores ambientais que estão a levar à sua proliferação. Há muito trabalho a fazer.

No entanto, podemos estar gratas, porém, pelos avanços contínuos na nossa compreensão colectiva. Fiquei encorajada com minha colaboração com a minha actual oncologista, e com o espírito de serviço demonstrado pela cirurgiã que realizou a minha mastectomia. Ela olhou-me nos olhos, e disse que cuidaria de mim como se eu fosse a sua própria irmã. Estas experiências reforçam a minha fé na bondade inerente da humanidade, no nosso desejo de nos vermos uns aos outros a prosperar, e na nossa capacidade de trabalharmos juntos para a melhoria da humanidade e do mundo.

Assim, a propósito deste Dia Nacional da Mamografia, encorajo-a a si, que é uma mulher para quem a mamografia é indicada, a aproveitar a opção do exame de rotina. O CDC (Centers for Disease Control and Prevention) recomenda que as mulheres com risco médio façam uma mamografia a cada dois anos, entre os 50 e os 75 anos. As mulheres com antecedente familiar de cancro da mama ou mulheres que possuem certos genes associados ao cancro da mama podem trocar ideias sobre uma estratégia de exames com os seus médicos, talvez começando a realizar exames mais cedo ou com mais frequência.

E depois? Vá comer um gelado ou passear no parque. Façam isso! Faça uma oração de agradecimento por vivermos nesta era maravilhosa, uma época em que os segredos do universo estão a ser descobertos, uma época em que podemos ver o nosso progresso colectivo.

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Texto original: Routine Mammograms: One Example of Our Collective Spiritual Progress (www.bahaiteachings.org)


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Michelle Goering cresceu numa quinta no Kansas (EUA). É poeta, ensaísta, cantora e violonista, com formação profissional no mercado editorial, é casada e mãe de filhos gêmeos em idade universitária.

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