sábado, 3 de agosto de 2024

Abrir os Nossos Olhos Espirituais

Por David Langness.


Ó FILHO DO TRONO!
Os teus ouvidos são os Meus ouvidos; escuta com eles. Os teus olhos são os Meus olhos; vê com eles, para que no mais íntimo da tua alma possas testemunhar a Minha exaltada santidade, e Eu dentro de Mim mesmo possa testemunhar uma posição elevada para ti. (Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, #44)
O pequeno, mas poderosamente convincente, livro de Bahá’u’lláh, As Palavras Ocultas, dirige-se ao “mais íntimo da alma” de cada pessoa. Os aforismos místicos e as breves advertências na compilação transcendente de sabedoria de Bahá'u'lláh, disse 'Abdu'l-Bahá, representam a quintessência dos ensinamentos religiosos que nos falam novamente a partir da sua fonte:

Bahá’u’lláh reafirmou e restabeleceu a quinta-essência dos ensinamentos de todos os Profetas, pondo de lado aquilo que é acessório, e purificando a religião da interpretação humana. Ele escreveu um livro intitulado As Palavras Ocultas. O prefácio anuncia que o livro contém a essência das palavras dos Profetas do passado, vestidas com o traje da brevidade, para o ensino e orientação espiritual dos povos do mundo. Leiam-no para compreender os verdadeiros fundamentos da religião e reflectir sobre a inspiração dos Mensageiros de Deus. É luz sobre luz. (‘Abdu’l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 86)

Se este pequeno livro dá voz à religião, então o que significa a passagem acima? Quando Bahá’u’lláh diz “Os teus ouvidos são os Meus ouvidos; escuta com eles” e “Os teus olhos são os Meus olhos; vê com eles”, como podemos compreender a que se referem estas palavras místicas?

Cada um dos cento e cinquenta e três versículos das Palavras Ocultas tem muitas interpretações diferentes, e um pequeno texto apenas pode abordar uma ou duas – mas esta passagem em particular contém um conjunto muito poderoso de significados que vão ao verdadeiro âmago da fé.

Quando Bahá’u’lláh escreveu “Os teus olhos são os Meus olhos; vê com eles”, a colocação da palavra “Meus” em maiúscula dá-nos a primeira pista. Nesta passagem, Bahá’u’lláh fala, como fazem todos os Profetas, do ponto de vista do Criador. A palavra “Meu” em maiúsculas significa Deus neste contexto – e Deus, diz-nos Bahá’u’lláh, deseja que cada ser humano transcenda os cinco sentidos e olhe mais profundamente.

Aqui ele pede a cada ser humano que veja para além da simples visão física – as coisas materiais que podemos ver com os nossos olhos exteriores – e que olhe para dentro. Deus envia-nos um pedido através do Seu Mensageiro, e reafirma novamente o pedido que Deus sempre fez às Suas criaturas: olhem para além do mundo físico e considerem a vossa realidade espiritual. Pensem profundamente, sugere gentilmente Bahá’u’lláh, sobre como reconhecer o seu verdadeiro eu.

Esta mensagem profunda, eterna no passado e eterna no futuro, representa a nossa mais elevada vocação humana. Pede-nos que nos relacionemos com a nossa origem; encontrar uma forma de comunicar com a essência espiritual eterna da vida, para construir uma relação verdadeira e duradoura com a realidade que só a nossa visão e audição interiores podem perceber. Ela chama-nos, como todas as religiões sempre fizeram, a procurar e a encontrar o que está para além das condições temporais e materiais desta vida passageira, e a prepararmo-nos para a próxima fase da nossa evolução espiritual. Pede-nos que consideremos a nossa própria imortalidade e que vivamos nela.

De uma forma simples e clara, Bahá’u’lláh escreve aqui que Deus pede o nosso reconhecimento e o nosso amor.

Que mais poderia ser tão profundamente cativante?

Só por vontade própria progredirmos para esta condição espiritual, e esta frase das Palavras Ocultas parece sugerir que Deus irá “testemunhar uma posição elevada” para cada um de nós.

Esta oração Bahá’í de ‘Abdu’l-Bahá, que pede a Deus que nos dê olhos, nos dê ouvidos, que nos familiarize com os mistérios da vida, fala diretamente ao anseio de cada alma pelo reconhecimento, pelo amor, por uma ligação duradoura e permanente com a origem do nosso ser:

Ó Deus! Somos como as plantas, e a Tua generosidade é como a chuva; refresca e faz com que essas plantas cresçam através da Tua dádiva. Somos os Teus servos; liberta-nos dos grilhões da existência material. Somos ignorantes; torna-nos sábios. Estamos mortos; dá-nos vida. Somos materiais; dota-nos de espírito. Estamos carenciados; torna-nos íntimos dos Teus mistérios. Estamos necessitados; enriquece-nos e abençoa-nos com o Teu tesouro ilimitado. Ó Deus! Ressuscita-nos; dá-nos olhos; dá-nos ouvidos; familiariza-nos com os mistérios da vida, para que os segredos do Teu Reino nos sejam revelados neste mundo da existência, e possamos confessar a Tua unidade. Toda a dádiva emana de Ti; toda a bênção é Tua. Tu és forte. Tu és poderoso. Tu és o Doador e Tu és o Sempre Generoso. (‘Abdu’l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 91)

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Texto original: Opening Our Spiritual Eyes (www.bahaiteachings.org)


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David Langness é jornalista e crítico de literatura na revista Paste. É também editor e autor do site www.bahaiteachings.org. Vive em Sierra Foothills, California, EUA.

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