Às primeiras horas da manhã do dia 23 de janeiro de 2025, faleceu o sr. Rouhullah Mehrabkhani. Estava a poucas semanas antes do seu 104º aniversário.
O Sr. Mehrabkhani nasceu a 5 de Março de 1921 em Kakin, uma pequena aldeia a sul de Qazvin, no Irão. O seu pai era dono de grande parte da aldeia, e ele, tal como a maioria dos habitantes da aldeia era Bahá'í. A Fé chegou ao local nas décadas de 1860 ou 1870, e a avó do Sr. Mehrabkhani aceitou-a, muito contra a vontade do marido.
Quando tinha cerca de 15 anos, o pai do Sr. Mehrabkhani faleceu, e a sua mãe levou-o para Qazvin. Passado algum tempo, foi convidado para encontros de jovens organizados por um professor viajante, o futuro Mão da Causa de Deus, o Sr. Abu'l-Qásim Faizi. Rapidamente ficou entusiasmado, e quando a Assembleia Espiritual Nacional do Irão pediu aos jovens que ajudassem a estabelecer escolas primárias escolas nas aldeias onde havia muitos Bahá'ís, o jovem Mehrabkhani respondeu a este apelo. Nessa época, ele próprio tinha acabado de concluir o 9º ano. Depois de alguns anos a cuidar das necessidades educativas de crianças da aldeia, foi convidado a tornar-se professor viajante e a visitar lugares remotos em nome da Assembleia Espiritual Nacional. Só com a ajuda de um burro se podia chegar a algumas das áreas montanhosas do noroeste do Irão, onde os Bahá’ís locais não tinham qualquer notícia sobre a Fé há muito tempo. Dedicou-se a esses serviços durante 16 anos.
Em 1957, ele e a sua esposa Nadjmieh, juntamente com a sua filha de um ano de idade, foram como pioneiros Bahá’ís, para Graz, na Áustria, onde tinham familiares. Poucos meses depois de terem ali chegados, um peregrino do Irão disse a Shoghi Effendi que o Sr. Mehrabkhani poderia estar disponível para fazer algumas viagens de ensino na Europa, e o Guardião pediu-lhe que visitasse a Escandinávia. Durante 16 meses viajou pela Dinamarca, Noruega, Suécia e Finlândia, deu aulas e muitas palestras, e encorajou as novas comunidades Bahá’ís ali existentes.
Em 1959, a família mudou-se para Valência, Espanha, onde viveu mais de 60 anos. Durante a maior parte desse tempo, desde que a Assembleia Espiritual Local de Valência foi estabelecida, o Sr. Mehrabkhani serviu como membro desta instituição, e representou frequentemente a comunidade local como delegado na Convenção Nacional. Poucos anos após a sua chegada a Espanha, foi também eleito para a Assembleia Espiritual Nacional Espanhola e permaneceu como seu membro durante 28 anos. Além disso, serviu como administrador do Huqúqu’llah durante décadas, instruindo pacientemente os amigos sobre esta lei, e reconhecendo carinhosamente os seus contributos. Os primeiros anos de pioneirismo não foram tempos fáceis para os Mehrabkhanis, que foram experimentando diversas actividades profissionais, até que o Sr. Mehrabkhani encontrou a sua profissão como professor de inglês, que prosseguiu durante mais de 40 anos com dedicação e entusiasmo, sendo muito apreciado pelos seus alunos.
Desde a juventude desenvolveu uma paixão pela escrita de livros, principalmente sobre a história da Fé que tanto amava. O mais próximo coração foi a sua obra sobre a vida de Mírzá Abu‘l-Fadl-i-Gulpaygani, cuja terceira edição que ele próprio reviu há alguns anos. A sua breve, mas poética homenagem a Anís Zunúzí - aquele que partilhou o martírio com o Báb - foi escrita em pouco tempo, quando serviu durante alguns meses em Haifa. Como um especial serviço à comunidade espanhola, escreveu pequenas biografias do Báb e de Bahá’u’lláh, para permitir que os novos crentes aprofundassem rapidamente os seus conhecimentos sobre a história básica da Fé Bahá'í. Outros livros, escritos maioritariamente em persa, abordavam questões como a Oração Obrigatória, a poesia clássica persa tradicional mencionando o Prometido e a Religião dos Sabeus. Os amigos que dominam o inglês conhecem provavelmente o seu livro sobre Mulla Husayn, que foi o único originalmente escrito em inglês. A sua escrita era sempre acessível e fácil de compreender, sem perder o rigor histórico e doutrinário.
A sua esposa Nadjmieh faleceu em 2009. Dez anos depois, ainda vivia sozinho na sua casa em Espanha, mas depois, devido a problemas de saúde mudou-se para a República Checa, para viver com a sua filha e genro. Foi membro da Assembleia Espiritual Local de České Budějovice durante os últimos quatro anos da sua vida.
Foi, até ao fim, um interlocutor muito interessante e interessado, sempre pronto a repensar a sua própria posição, e a aprender coisas novas. A abertura com que aceitou os desenvolvimentos ao seu redor foram confirmados pelo facto de ter começado a usar um computador quando tinha cerca de 80 anos e um smartphone quando tinha cerca de 90. Usava-os para manter o contacto com os seus muitos amigos em Espanha, que apesar da sua mudança para a República Checa ainda apreciavam o seu conhecimento e sabedoria, e telefonavam a pedir conselhos pessoais ou esclarecimento de questões relativas à Fé. Tanto os amigos espanhóis como os checos sentirão muito a sua falta.
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Traduzido e adaptado da biografia divulgada pela família.
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